Segunda, 20 Mai 2024

Três estados brasileiros estão em A terra quieta a terra inquieta

Três estados brasileiros estão em A terra quieta a terra inquieta
 
Para criar as 12 imagens que compõem a exposição A terra quieta a terra inquieta, Bruno Zorzal se concentrou no pronome meu, do título da exposição Meu país tropical, de Heidi Liebermann. A partir disso, ele criou um imaginário particular do seu país tropical. O fotógrafo foi convidado em outubro de 2013 para criar um trabalho que dialogasse com as pinturas de Heidi Liebermann. As duas exposições encontram-se abertas para visitação até o dia 13 de julho, no Maes Museu.
 
Antes de iniciar seu processo de criação, Bruno procurou conversar com os curadores e com a artista para se inteirar da temática. “Foi difícil no começo porque, pelo fato de ser brasileiro, nunca me interessei diretamente pelo tropical. Não é algo que me chama a atenção. E nem mesmo a ideia de país me chama muita atenção. Ao mesmo tempo, fiquei pensando no 'meu', do título da Heidi”, conta.
 
Para criar seu próprio país tropical, Zorzal se debruçou sobre imagens que já havia feito desde 2011 em vários lugares do Brasil. Esse modo de criação faz parte do seu projeto de doutorado, que cursa em uma universidade em Paris, no qual ele pesquisa sobre produção fotográfica a partir de fotografias já existentes. “Estudo fotógrafos e artistas que, cada um a sua maneira, se apropriam de imagens que já existem e nos propõem novas obras. Às vezes encontro isso, a maior parte das vezes de maneira indireta, na minha produção artística”, revela o artista. 
 
Apesar das duas exposições trabalharem a mesma temática, as obras apresentam um contraste estético muito interessante. Enquanto Heidi explora cores vivas que transmitem calor e alegria, o trabalho de Zorzal é mais sóbrio, com cores mais frias. O fotógrafo, entretanto, conta que o contraste não foi proposital e que ele achava que estava trabalhando com cores vivas.
 
 
“Quando mostrei as obras para os curadores, eles falaram que as cores não estavam assim tão vivas. A Heidi mesmo olhou pras imagens na galeria, reparou as cores, e disse que aquele era sim o país tropical, mas o do Bruno”, conta. O trabalho de Zorzal também vai de encontro à ideia de tropical que a maioria das pessoas têm. Mas diante de uma ideia preconcebida, ele optou pela ruptura, “decidi explorar a dicotomia da terra, que seria quieta e inquieta, ao mesmo tempo”. 
 
Com títulos provocativos como Terreiro e a serrapillheira amortece o passo (flechas) ou Cena de uma estrada ideal para caminhante contemplativo, percebe-se que Zorzal também explorou os nomes das obras como espaço criativo. Segundo o artista, os títulos servem como um complemento da obra e também para incitarem a imaginação.
 
A exposição de Heidi Liebermann trata das memórias que a artista alemã tem do Brasil. Já  Bruno Zorzal, além do Estado, fez algumas fotografias no interior do Rio Grande do Sul e no agreste de Pernambuco, lugares que ele não possui uma relação afetiva anterior ao trabalho. “Pode soar estranho, mas com as imagens eu me embrenho em um território novo, com tudo ainda por construir, pra que talvez a gente possa ter lembranças e memória, mas a partir do que as imagens vão significar depois, não antes”, explica Zorzal.
 
A exposição A terra quieta a terra inquieta, ao mesmo tempo em que apresenta um equilíbrio, revela um contraste entre as imagens e as cores das próprias obras. Elas mostram um conceito de tropical que não se limita geograficamente e que prova a diversidade que existe no Brasil. Segundo o próprio artista, “as obras talvez representem uma falsa leveza entorno do que parece simples na vida cotidiana, mas que, quando vira fotografia, deveria ser pensado enquanto quieto e inquieto, mesmo que pareça contraditório. O contraditório está presente o tempo todo”, afirma.
 
Serviço
 
As exposições Meu País Tropical e A terra Quieta e a terra inquieta podem ser visitadas até o dia 13 de julho, no Maes Museu. Horários: terça á sexta, das 10h às 18, sábados, domingos e feriado, das 10h às 17h.

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