Segunda, 20 Mai 2024

Ufes completa 60 anos e inicia nova fase cultural

Ufes completa 60 anos e inicia nova fase cultural
A universidade pública é um importante espaço para a criação e experimentação, principalmente para aqueles que estudam e trabalham nela, mas também tem o dever de se aproximar da comunidade. Nesse sentido, os aparelhos culturais de uma instituição de ensino pública são importantes para a divulgação das obras artístico-culturais desenvolvidas na universidade. A Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) é privilegiada por possuir galerias, um teatro, um cinema, uma editora e ainda contar com uma televisão e uma rádio própria.  
 
Nesta segunda-feira (5), a Ufes irá completar 60 anos e tem muitos planos em desenvolvimento. A Secretaria de Cultura foi recentemente reformulada e o músico Rogério Borges assumiu como secretário de Cultura da universidade. Essa nova fase cultural visa uma maior aproximação com a comunidade e transformar, de fato, seus aparelhos culturais em instrumentos de ensino para todos os cursos do campus. 
 
A superintendente de Cultura e Comunicação da Ufes, Ruth Reis, contou que o primeiro grande projeto é criar um museu dentro da universidade para expor o acervo das duas galerias da Ufes, com registros desde a década de 70. “Temos um acervo muito rico de fotografias, pinturas e esculturas. A preocupação agora é dar um passo adiante e construir um espaço condizente com a qualidade desse acervo, colocando-o à disposição do público e transformando-o num ativo de conhecimento, pesquisa e educação”, informou.
 
Na semana especial de comemoração de aniversário da universidade, que começa nesta segunda (5) e vai até o sábado (10), haverá uma exposição com as obras desse acervo. Na sexta-feira (9), às 19h, será aberta a exposição Cúando tú for mi leva, que tem curadoria do historiador de arte e editor, Júlio Martins, e que trabalha com a memória artística da universidade.
 
O Teatro Universitário é outro espaço importante dentro da Ufes e que passa por uma reforma. A fachada está sendo recuperada e todos os equipamentos de som e de palco do teatro foram substituídos. Em breve, a parte externa também será reformada. Entretanto, uma das demandas da classe artística de Vitória em relação ao espaço é a falta de uma política exclusiva para os espetáculos locais. 
 
 
“O Teatro Universitário é um dos maiores do Estado e é muito importante dentro do circuito comercial, porque recebe peças de todo o Brasil, além de acomodar atividades científicas, eventos institucionais e formaturas. Às vezes recebemos críticas que se espera um conteúdo mais experimental nos palcos, mas o nosso teatro é âncora de Vitória dentro do circuito dos grande espetáculos nacionais, temos essa responsabilidade”, explica Ruth, garantindo que a Secretaria de Cultura da Ufes está aberta a propostas de parceria.
 
Desde 2012, foi implantado um edital público  como meio de seleção mais democrátics e transparente dos espetáculos culturais. O edital é aberto a todos os que quiserem apresentar propostas,  além da possibilidade de parcerias com companhias artisticas locais. Ruth diz que está sendo construindo um novo auditório no Centro de Artes e que também contará com uma estrutura profissional e em breve estará aberto para espetáculo teatrais, de dança e de música.
 
Já o Cine Metrópolis, apesar de já estar há algum tempo fora do circuito comercial, dialoga muito bem com o curso de Cinema e Audiovisual da universidade. “O cinema é uma referência para o movimento cineclubista, que começou dentro da Ufes nos anos 70. Até hoje, ele cumpre um papel muito importante para os estudantes e a comunidade, mas o grande desafio do cinema são as mudanças tecnológicas. Precisamos de um projetor digital e uma série de melhorias para o espaço atingir um padrão de qualidade competitivo”, diz. 
 
Esse padrão de qualidade também é exigido para que o cinema seja aprovado em algumas redes de distribuição de filmes. Recentemente, o Cine Metrópolis foi um dos cinemas universitários convidados para integrar a Rede de Cinemas do Mercosul (Recam), um órgão consultor do Mercosul, na temática cinematográfica e audiovisual, para a distribuição de circulação do cinema produzido nos países parceiros. Os cinemas vinculados ao Recam vão receber equipamentos e filmes. 
 
Além disso, há a intenção de retomar a programação comercial que exibia filmes de arte e do circuito alternativo, o próximo passo é resolver as formalidades para pode voltar a alugar filmes. “A burocracia da universidade não consegue acompanhar a velocidade do cinema”, lamenta. 
 
O Cine Metrópolis preparou uma programação especial para a semana de aniversário da Ufes. A mostra Seis décadas de aventuras, risos e sonhos faz um apanhado dos filmes brasileiros e capixabas que marcaram as últimas seis décadas e sintetizam a história do cinema nacional. Os filmes serão exibidos em sessões gratuitas, de terça-feira (6) a domingo (11), sempre às 12 e às 18 horas, no Cine Metrópolis.
 
A Edufes, editora da Ufes, é outro órgão que segue com um cronograma bem intenso de publicações. “Estamos em um momento de grande produção na universidade”, diz Ruth. A equipe de editoração e revisão foi aumentada para que a publicação não seja interrompida. Há também, o prêmio Ufes de literatura, que é bienal. O edital foi lançado ano passado e os livros serão lançados neste primeiro semestre. Ano que vem o edital estará aberto novamente. Para facilitar o acesso, a editora está trabalhando com a digitalização dos livros e disponibilização das obras para download na internet com licença Creative Commons.
 
A editora da Ufes também participa das comemorações do 60 anos Ufes, com o lançamento de mais sete livros impressos e seis livros digitais. Todas as obras são resultantes de teses de mestrado e doutorado, “o foco maior da editora é a pesquisa, porque precisamos fazer o conhecimento circular”, diz Ruth. O lançamento dos livros acontecerá na quarta-feira (7), na tenda Multicultural, às 19 horas.
 
Além dos aparelhos culturais, a Ufes sempre contou com um espaço livre no campus para festas e apresentações de bandas independentes, mas, em 2012, devido a alguns casos de violência, o reitor proibiu esses eventos dentro do campus. “Essa sempre foi uma situação controversa, principalmente por se tratar de um local público. Além de algumas produtoras se aproveitarem do espaço da universidade para ganharem dinheiro, apenas”, comenta Ruth. 
 
A superintendente concorda que deve haver movimentos culturais dentro da universidade, “mas é muito difícil encontrar o equilíbrio entre a superfesta e o espaço cultural”. Entretanto, a universidade tem se mostrado aberta a experimentar novos formatos para incentivar a ocupação cultural do campus. Eventos promovidos pela secretaria de Cultura como o Sabadufes e o próprio evento de comemoração de 60 anos contaram com total apoio dos artistas locais, principalmente das bandas que se apresentaram. 
 
Ruth revela que o desafio é atender a grande diversidade de pessoas que a universidade atrai, alunos, professores e comunidade em geral, e oferecer oportunidades para todos usufruírem dos aparelhos culturais. “Ainda enfrentamos muita burocracia para pedir investimentos nesses setores, as exposições, os festivais e outros eventos que produzimos na universidade são todos feitos a partir de muita colaboração e parceria, porque não podemos ficar parados esperando a verba chegar”, revela. 
 
Ruth acredita que os aparelhos culturais são cada vez mais essenciais no processo de formação dos jovens, tanto aquele que está dentro da universidade quanto fora. “São esses equipamentos, inclusive, que atraem a comunidade para dentro da Ufes”.  
 
Serviço
 
A programação de aniversário da Ufes começa nesta segunda-feira (5) e segue até o sábado (10), com lançamentos, debates e apresentações musicais. Confira a programação aqui

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