Quinta, 25 Abril 2024

Velhos e bons tempos

Velhos e bons tempos

 

 
Mickey não gosta criança latina / Mickey rejeita criança brasileira. Os versos irônicos sobre o camundongo americano resumem o hardcore explosivo do Mukeka di Rato. “Nessa época, estávamos muito ligados à cultura da América do Sul e ao discurso social. Usamos um chavão indígena para cantar, cortando as preposições. A bateria é bem irregular, a gente nunca acertava nos ensaios, mas no estúdio a música passou de primeira”, conta Fábio Mozine, baixista e um dos fundadores da banda.
 
Mickey é a primeira faixa do segundo álbum do grupo de Vila Velha, o aclamado Gaiola (1999), que será apresentado na íntegra nesta quinta-feira (16), na Estação Porto. Mais pesado e intenso, o álbum representa uma nítida evolução da banda em relação ao primeiro disco, Pasqualin na Terra do Xupa-Kabra (1997). A experiência e os erros da primeira gravação fizeram com que o grupo aprendesse a trabalhar em estúdio, a regular melhor os instrumentos e descobrir o melhor jeito de gravar a bateria e a voz.  
 
“Diferente da ansiedade para gravar o CD de estreia, que possui 24 faixas, as músicas para o Gaiola foram mais bem discutidas e passaram por uma seleção. Só entraram as melhores”, explica Mozine. A paciência rendeu um disco mais elaborado, com 16 músicas que somam um pouco mais de 20 minutos e que já vendeu mais de 11 mil cópias pela Laja Records, gravadora independente capitaneada por Mozine.
 
Apesar das mudanças, o sarcasmo e o vocal acelerado do primeiro disco ainda estão presentes nas faixas Perda, Cobra Criada, Vitória Poluída e Maçã. Além da regravação de Heróis da Nação Falida, do Ponvéi, banda dos primórdios do hardcore capixaba, que juntava membros do Mukeka di Rato e do Gritos de Ódio. “Nós demos uma repaginada nela, era uma gravação bem simples de uma demo tape e o Fabrício, do Ponvei, cantou com a gente”, lembra Mozine.
 
 
Em meio a tanta raiva e críticas violentas, sobressai-se uma das poucas músicas de amor do Mukeka, Nossos Filhos, com a participação de Gazú, do Sandina. “Na verdade essa música surgiu quando eu e Sandro estávamos voltando de um show de Brasília e tinha umas garotas olhando pra gente. A partir desse fato banal, a letra foi escrita”. 
 
A intenção era mostrar que a banda, ao mesmo tempo em que escrevia letras politizadas, também podia fazer uma canção sobre fatos simples e pessoais. 
 
Outro destaque fica para a canção Homem-Borracha, com participação de Rodrigo Lima, vocalista do Dead Fish. “Já tinham uma amizade forte com o Dead Fish, rolava um respeito entre as duas bandas e uma empatia, porque os dois grupos queriam fazer hardcore dentro do Espírito Santo”, conta. 
 
Rodrigo também faz um pequena participação na faixa Guri e o vocalista do Mukeka, Sandro Juliati, por sua vez participou do álbum Sonho Médio, do Dead Fish, também de 1999 e também um clássico, na angustiada Fragmentos de um Conflito Iminente.
 
Como as melhores canções do disco, Mozine elege, além de Mickey, Nazi Tolices e Pressão Total. “São músicas com bastantes detalhes tem paradinhas na bateria, o prato de ataque aparece em vários momentos diferentes. Pasqualin na Terra do Xupa-Kabra também é legal porque tem um riff de guitarra diferente, com mais notas do que a gente geralmente usa”.
 
O Mukeka nasceu em 1995, em Vila Velha, com o intuito de fazer hardcore rápido e em português. Sua formação atual conta com Sandro (vocal), Mozine (baixo e vocais), Paulista (guitarra) e Brek (bateria), que exclusivamente no show em questão, será substituído por Marcelo Buteri.
 
Serviço
O Mukeka di Rato toca o álbum Gaiola na íntegra nesta quinta-feira (16), às 20h, na Estação Porto, Armazém 5 da Codesa. Av. Getúlio Vargas, s/n, Centro, Vitória. Entrada franca.

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