Segunda, 20 Mai 2024

Após manobra, Câmara dos Deputados aprova redução da maioridade penal

Após manobra, Câmara dos Deputados aprova redução da maioridade penal
Em uma sessão classificada como “pedalada regimental”, encerrada pouco antes da 1 hora desta quinta-feira (2), o Plenário da Câmara dos Deputados aprovou, em primeiro turno, a emenda à Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 171/1993, que reduz a maioridade penal de 18 para 16 anos para crimes graves.  No total, foram 323 votos a favor, 155 contra e duas abstenções.



A emenda levada à votação em Plenário, de autoria dos deputados Rogério Rosso (PSD-DF) e André Moura (PSC-SE), foi apresentada depois de a Câmara ter rejeitado a matéria na madrugada desta quarta-feira. Segundo a emenda, a redução, de 18 para 16 anos, será aplicada para crimes hediondos (estupro, sequestro, latrocínio, homicídio qualificado e outros), homicídio doloso e lesão corporal seguida de morte.



Os deputados contrários à proposta acusaram a manobra, sob o argumento que matéria constante de emenda rejeitada ou havida por prejudicada não pode ser objeto de nova proposta na mesma sessão legislativa.



O deputado Chico Alencar (PSOL-RJ) afirmou que a sessão era uma farsa, já que, ao arrepio do regimento interno, retornou à votação proposta já rejeitada.



O líder do governo na Câmara, deputado Orlando Silva (PCdoB), na orientação da bancada, afirmou que a matéria fere o artigo 228 da Constituição Federal e acordos e compromissos internacionais firmados pelo País ao longo de décadas e de diversos governos. “Queremos medidas que tenham eficácia no combate à violência”, disse ele.



A sessão desta quarta-feira foi tão movimentada quanto a de terça-feira (30), que resultou na rejeição da PEC por 303 votos a favor, 184 contra e três abstenções. Neste caso, seriam necessários, no mínimo, 308 votos para a aprovação, o que corresponde a 3/5 do número total de deputados.



Na sessão iniciada na quarta-feira, e que terminou na madrugada de quinta-feira, as galerias da Câmara permaneceram fechadas. No entanto, centenas de jovens se concentraram no Salão Verde da Casa em mobilização contra a redução da maioridade penal. Além de estudantes, participaram da mobilização movimentos sociais e coletivos.



A proposta segue para votação em segundo turno que deve ocorrer em um período máximo de cinco sessões. Se aprovada, a proposta segue para o Senado, onde também terá de ser aprovada em dois turnos.
 
Protestos

 
A decisão de votar uma emenda com conteúdo semelhante ao texto derrotado na madrugada de quarta-feira gerou polêmica em Plenário. PT, PDT, PSOL, PSB e PCdoB lançaram mão de instrumentos de obstrução para impedir a votação da proposta e criticaram a nova votação. Os deputados estão dispostos a ir à Justiça contra a emenda. Os quatro deputados do PSOL, por exemplo, mantiveram a decisão de recorrer ao instrumento de obstrução da sessão.
 
Muitas críticas foram voltadas ao presidente da Câmara, Eduardo Cunha. O deputado Glauber Braga (PSB-RJ) disse que o presidente estava tentando mudar o resultado de ontem. “Temos uma decisão proferida pela Casa que, se não agrada, vossa excelência coloca em votação até a vontade de vossa excelência prevalecer”, afirmou.
 
O presidente reagiu. “A Presidência não admite a falta de respeito que está sendo dirigida à Mesa. O deputado tem todo o direito de questionar, se contrapor às decisões da Presidência, recorrer e até ir ao STF, como alguns de vocês têm ido sem êxito. Agora, não se dá o direito de desrespeitar a Presidência”, disse.
 
Bancada capixaba
 
Toda a controvérsia em torno da votação foi motivada pelo fato de o projeto rejeitado na quarta ser praticamente o mesmo aprovado nesta quinta. Apesar da semelhança, houve deputado que mudou de ideia em menos de 24 horas. Na sessão da quarta, dos dez deputados da bancada capixaba, apenas dois - Manato (SD) e Marcus Vicente (PP) -  disseram "sim" para a redução. Nesta quinta Paulo Foletto (PSB), Evair de Melo (PV) e Jorge Silva (PROS), contrariando a orientação do partido, passaram a apoiar a proposta.



Max Filho (PSDB), que já havia votado pela rejeição na quarta, foi coerente à sua decisão. O tucano voltou a contrariar a orientação do partido e votou "não". Sérgio Vidigal (PDT), os petistas Givaldo Vieira e Helder Salomão, Lelo Coimbra (PMDB) mantiveram a decisão pela rejeição da proposta de redução da maioriadde penal.

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