Domingo, 19 Mai 2024

Audiência pública vai debater problemas da população em situação de rua de Vitória

Audiência pública vai debater problemas da população em situação de rua de Vitória

Os problemas da população em situação de rua serão tema de uma audiência pública que acontece no próximo dia 15 na Câmara de Vitória. O propositor do debate é o vereador Wanderson Marinho (PRP), que vem puxando a discussão na Casa. 

 
Segundo Marinho, há muitas questões que precisam ser esclarecidas à população, às autoridades e à imprensa, principalmente as referentes à visão estereotipada cuja parte da sociedade tem encarado o problema . A audiência contará com a presença da coordenadora do Movimento Nacional de População em Situação de Rua no Espírito Santo (MNPR/ES), Rosângela Cândido Nascimento, que já viveu nas ruas, foi usuária de drogas, e hoje milita no movimento.
 
Em recente reportagem de Século Diário, Rosângela fez críticas aos métodos de abordagem usados pelas equipes da Prefeitura de Vitória. “Estão exigindo que o prefeito retire [as pessoas das ruas]. Só que essas pessoas têm de ser acolhidas, porque o que tem que ser retirado é o lixo. Nós somos uma parcela que está vivendo uma situação de extrema vulnerabilidade. Mas se o prefeito não admite, não aceita, é omissão do município, do Estado”, advertiu Rosângela à ocasião da entrevista.
 
Ainda na mesma entrevista, a militante lembrou que não há política de saúde, trabalho, habitação, lazer para os moradores de rua. “Tem que ter um olhar diferenciado porque o que está acontecendo é isso mesmo, higienização”, criticou. 
 
Na audiência, o vereador disse que pretende apresentar dados para aprofundar o debate. A ideia, segundo Marinho, é propor medidas para solucionar ou minimizar o problema da população em situação de rua em Vitória.
 
Modelo de sucesso
 
Em meio às controvérsias em torno das abordagens a usuários de drogas que estão sendo feitas no Rio de Janeiro e em São Paulo, que propõem a internação compulsória - modelo que começa a ser replicado nos municípios da Grande Vitória -, outro vereador de Vitória, Vinícius Simões (PPS), que também está envolvido no debate, defende para a Capiatal um modelo inspirado no trabalho que vem sendo desenvolvido em São Bernardo do Campo. Projeto que se tornou referência mundial, mas que curiosamente vem sendo ignorado pelos municípios que estão desenvolvendo medidas para enfrentar o problema. 



Simões tem feito uma série de reuniões com os moradores de rua e também com secretários para adquirir informações e propor soluções. O vereador, inclusive, se mostra contrário à internação compulsória dessas pessoas para resolver a questão. Em recente discurso na Câmra, ele afirmou que a internação compulsória feita em São Bernardo é tomada apenas em casos extremos, quando não há mais a possibilidade de ajudar essas pessoas por meio de outros processos. “Não sou a favor da internação compulsória, exceto no absoluto extremo”, ponderou.




“A cidade [São Bernardo] é referência no trabalho com moradores de rua no Brasil. É considerada espelho para tratar a questão, pois eles conseguiram reduzir quase a zero o número de moradores de rua dependentes do álcool, das drogas e do crack”, declarou Vinicius Simões.
 
 
Como disse o vereador do PPS, o município da região metropolitana de São Paulo vem conseguindo resultados positivos na abordagem de usuários de drogas, sem recorrer à internação compulsória. A coordenadora de Saúde Mental da prefeitura de São Bernardo, Stellamaris Pinheiro, em recente entrevista a Século Diário, afirmou que há vários tipos de resultado na política de inclusão dos usuários, mas o foco é sempre no indivíduo e em como ele vai retomar ao convívio em sociedade. “É preciso pensar o problema na relação da pessoa com a droga”, disse a especialista, ressaltando que a abordagem precisa ser diferente em determinados contextos.
 
Stellamaris acrescentou que o impacto na população jovem é ainda maior, principalmente quando não há rede hospitalar, escolas e outros espaços de convivência. “O contrário da dependência é a autonomia. Interessa-nos garantir a vida sempre, mas a vida é da pessoa, por isso o usuário tem de caminhar ao nosso lado”, conta ela, e continua: “se o usuário voltou para casa, já é uma vitória; se mudou a droga de preferência, é outra; se, ainda em situação de rua, ele reconhece que é dependente e que pode vir a aceitar tratamento, também. Assim como também é uma vitória quando o usuário aceita a água de coco oferecida pela equipe dos Consultórios de Rua”, contou a especialista na mesma entrevista.

Veja mais notícias sobre Direitos.

Veja também:

 

Comentários:

Nenhum comentário feito ainda. Seja o primeiro a enviar um comentário
Visitante
Domingo, 19 Mai 2024

Ao aceitar, você acessará um serviço fornecido por terceiros externos a https://www.seculodiario.com.br/