Celebração marca memória de Padre Gabriel Maire nos 32 anos de seu assassinato
O dia 23 de dezembro de 1989 foi marcado pelo assassinato de uma grande liderança popular do Espírito Santo: o padre francês Gabriel Maire, o Gaby, como também era conhecido. Desde então, a cada antevéspera de Natal, sua memória é celebrada em Cobi de Cima, Vila Velha, onde seu corpo foi encontrado. Este ano, não vai ser diferente. Às 19h começará, nesse mesmo lugar, a celebração "Silêncio, Memória, Luzes", realizada pelo grupo Ecos de Gaby, que busca preservar a memória do sacerdote.
Rogério Vago, um dos integrantes do Ecos de Gaby, explica que será feito um momento de silêncio pela situação do país, marcada pelo desemprego, pela má gestão federal na condução da pandemia da Covid-19, pela fome e outros problemas sociais. "Também vamos denunciar o silêncio das igrejas, da sociedade civil organizada, que muitas vezes não se pronunciam como deveriam, os silêncios que causam violências, morte, dor", ressalta.
A memória, afirma Rogério, é em virtude da recordação não somente dos 32 anos de assassinato do padre Gabriel, mas também de outras pessoas "que deram a vida por causa da vida". No local onde anualmente é feita a celebração há, inclusive, um painel feito pelo artista plástico Luiz Quintanilha, que além do rosto do sacerdote, conta ainda com os do juiz Alexandre Martins de Castro Filho, do ambientalista Paulo Vinha, da Irmã Cleusa e da vereadora do Rio de Janeiro Marielle Franco.Como consequência de seu ativismo, recebeu várias ameaças de morte, sendo assassinado em 23 de dezembro de 1989. O crime prescreveu em 2017, sem que os mandantes fossem identificados e punidos. Chegou a ser ventilada a tese de latrocínio. Os defensores dela alegavam que, ao passar na avenida Carlos Lindemberg, em Vila Velha, o carro de padre Gabriel foi atingido por uma pedra jogada pelos criminosos, o que o fez parar, sendo abordado por eles e assassinado.
Entretanto, nada foi levado. O próprio presidente do Tribunal de Justiça (TJES) na época, desembargador Pedro Valls Feu Rosa, na carta que divulgou para informar a sociedade capixaba sobre a prescrição, questionou a tese de latrocínio. "Como pode, meu Deus, ter sido um reles assalto? A propósito, como morre gente assaltada em processos relacionados ao crime organizado! Como explicar-se, insisto, a repetição de procedimentos e nomes? A eliminação de testemunhas? Aliás, que assalto foi esse no qual os ladrões não levaram do relógio ao carro da vítima, o tão popular – e de fácil comercialização – fusca? Que assalto foi esse no qual os ladrões sequer reviraram os bolsos da vítima?", indagou.Seu nome também batizou ruas, escolas, equipamentos de saúde e outros espaços no município onde morou durante nove anos. No edital de 2021 da Lei Municipal de Incentivo à Cultura de Cariacica João Bananeira, a produtora cultural Thays Ferreira teve um projeto aprovado que busca criar um memorial, por meio de intervenção urbana com grafitti, sobre padre Gabriel, com o objetivo de resgatar a história do sacerdote, a ser iniciado em 2022.
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Comentários: 2
Não o conheci, mas ouvi muito das suas historias de lutas!!! Mais um que deu a vida para ver pelo povo explorado!
Fiz primeira comunhão com o padre foi muito triste