Sábado, 18 Mai 2024

Coordenador do Fejunes propõe debate profundo sobre a desmilitarização das polícias militares

Coordenador do Fejunes propõe debate profundo sobre a desmilitarização das polícias militares
O coordenador do Fórum Estadual da Juventude Negra (Fejunes), Luiz Inácio Silva da Rocha, o Lula, propôs um debate profundo sobre a desmilitarização das polícias militares no Brasil, em audiência pública para que debateu os homicídios de jovens negros no País, realizada nessa quinta-feira (10) no Senado.


“Precisamos ampliar essa discussão. Não podemos admitir que as polícias militares permaneçam como força auxiliares das Forças Armadas, formada numa lógica de guerra, e veja a juventude negra como inimiga interna”, reforçou Lula. O pleito de Lula faz coro às demandas dos protestos que ganharam as ruas no país e que resultaram em graves conflitos, em decorrência das ações truculentas da polícia contra manifestantes. Inúmeros episódios foram registrados no Espírito Santo, resultando inclusive em prisões arbitrárias e aleatórias.


A senadora Lídice da Mata (PSB-BA), que presidiu a sessão, se comprometeu a realizar uma nova audiência pública para debater especificamente essa questão, com intuito de subsidiar a discussão da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 51, que já tramita na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado sobre o tema.
 
O sociólogo Júlio Jacobo Waiselfisz, coordenador da área de Estudos da Violência da Faculdade Latino-Americana de Ciências Sociais (Flacso) e coordenador do Mapa da Violência, esteve presente no debate e salientou que  há uma escalada da violência homicida no Brasil que atinge barbaramente a juventude negra, o que ele considerou inaceitável para uma sociedade democrática. 
 
A senadora Ana Rita (PT), propositora da audiências, apresentou uma pesquisa inédita de opinião pública do Data Senado sobre a violência contra a juventude negra. Ana Rita destacou, entre os inúmeros dados apresentados, a percepção de mais da metade dos entrevistados, de que a sociedade se choca menos como a morte violenta de um jovem negro do que em relação à morte de um jovem branco. 
 
Segundo o Mapa da Violência 2013 – Homicídios e Juventude no Brasil, o Espírito Santo está no topo do ranking de mortes de jovens negros no País. Em 2011, ano usado como base de pesquisa, a taxa no Estado ficou em 144,6 mortes violentas de jovens negros por grupo de 100 mil, enquanto a taxa entre jovens brancos ficou em 37,3. Nos dois casos, o Espírito Santo é o segundo do País. No caso de homicídios de jovens brancos, fica apenas atrás do Paraná, e de jovens negros é o segundo. Alagoas lidera.
 
O próprio estudo caracteriza a taxa do Estado como inaceitável e deixa claro a seletividade de jovens negros como vítimas preferenciais de homicídios. O Mapa também aponta que, se os índices de homicídio do País estagnaram em uma década, ou mudaram pouco, “foi devido a essa associação inaceitável e crescente entre homicídios e cor da pele das vítimas, pela concentração progressiva da violência acima da população negra e, de forma muito especial, nos jovens negros. E o que alarma mais ainda é a tendência crescente dessa mortalidade seletiva”.
 
 

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