Domingo, 28 Abril 2024

Delegado usa e-mail da polícia para 'bisbilhotar' vida de advogado

Delegado usa e-mail da polícia para 'bisbilhotar' vida de advogado
A cada novo episódio, fica mais tensa a relação entre o superintendente de Polícia do Interior, delegado Danilo Bahiense, e o advogado Gustavo Bassini. No último lance dessa queda de braços, o advogado ficou sabendo que o delegado está investigando informalmente sua vida privada. 
 
Na última terça-feira (12), Bahiense enviou e-mail para Joel Jorge Filho, presidente do G15 – um grupo de network sediado em Brasília. Na mensagem, via e-mail corporativo da Polícia Civil (), o delegado pede informações sobre a participação do advogado em um almoço promovido pelo grupo. “No dia 28.10.2013 ocorreu o almoço de negócios desse conceituado Grupo, no Restaurante Le Jardin du Golf, localizado no Setor de Clubes Sul - Trecho 2 - Lote 17 - Clube de Golfe – Brasilia/DF, restaurante oficial desse Grupo, onde certamente compareceram muitas pessoas de destaque da sociedade nacional, razão pela qual solicitamos a Vossa Excelência que nos informe se o Dr. Gustavo Bassini Schwartz compareceu ao evento e se seu nome consta na lista dos presentes”, pergunta o delegado. 
 
Estranhando o teor da mensagem, Joel Jorge reenviou a solicitação de Bahiense para o escritório de advocacia Aquino Neiva, cuja advogada é conhecida de Bassini. 
 
A colega de Bassini estranhou a mensagem. O advogado julgou inadequado o recurso usado por Bahiense para investigá-lo. “Se ele queria investigar, que recorresse, via ofício, à polícia do DF. Mas ele não tem nada a ver com isso”. 
 
Bassini acrescentou ainda que o delegado está na condição de testemunha no processo que resultou em sua prisão, no dia 28 de junho último. Portanto, ele deveria permanecer neutro.
 
Na ocasião, o delegado comandou o cumprimento de um mandado de busca e apreensão de um veículo de propriedade de Bassini, que estaria em Vila Velha, na casa do pai do advogado. Além do veículo, o mandado se estendia à casa, que também foi revistada pelo delegado, que apreendeu um computador, pen drives, documentos de trabalho, além de uma arma sem registro, portanto, ilegal. 
 
A ação de Bahiense foi considerada truculenta e arbitrária pelo advogado, desde a abordagem até o flagrante na delegacia. Bassini, que permaneceu 35 dias detidos, conseguiu gravar um vídeo na delegacia, que confirma o destempero do delegado no momento de sua prisão.
 
 
Ainda no dia da prisão, na delegacia, no ápice do entrevero, o delegado Bahiense disparou: “(...) Que quando o sujeito quer arrumar problema comigo, é assim. Prepara o cofre que vou botar esse cidadão [Bassini] na viatura e dar uma volta com ele em Viana [Complexo Penitenciário de Viana]”. Mais à frente ele esclarece: “(...) Eu que prendi esse cidadão, eu que algemei esse cidadão... Eu respeito aqui bandido, assaltante de banco, estuprador... Tô lidando com sujeito homem. Mas você não [referindo-se a Bassini]. Você é um advogado moleque. E moleque eu trato como moleque. É assim que funciona! (...)”.
 
De agressor à vítima
 
Danilo Bahiense, embora tenha adotado um comportamento incompatível com a conduta que se espera de um delgado de polícia, sentiu-se no direito de inverter a situação, passando de agressor à vítima do imbróglio com o advogado. 
 
O delegado, que é testemunha no processo contra Bassini, alega que está sendo caluniado, difamado e injuriado pelo advogado. Ele cita o vídeo postado no Youtube pelo advogado e a tentativa de Bassini de confrontar se o veículo estacionado no pátio da Polícia Civil, na Reta da Penha, em Vitória, que fora apreendido por Bahiense, era o de sua propriedade.
 
A denúncia do delegado, que está na Vara de Inquérito de Vitória, pede novamente a prisão do advogado. O pedido de prisão acabou não sendo deferido pelo juízo, mas Gustavo Bassini ficou submetido a sanções: deve se apresentar bimestralmente na vara; está proibido de sair da Grande Vitória sem autorização judicial; além de ser obrigado a guardar distância de 500 metros do delegado. 
 
Curiosamente, no inquérito aberto para apurar os excessos do delegado, Bassini e seu pai, Brasiliano, pediam exatamente o oposto. Temendo pelas suas vidas, pai e filho queriam que a Justiça mantivesse o delegado afastado, mas ocorreu o inverso. 

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