Pastoral vai potencializar ações já existentes e cobrar políticas públicas no município

A Diocese de Cachoeiro de Itapemirim, no sul do Espírito Santo, ganhou uma nova pastoral: a Pastoral do Povo de Rua. Inicialmente, a atuação será em paróquias de Cachoeiro, mas a ideia é expandir para outros municípios que fazem parte da Diocese, de acordo com as demandas apresentadas. Das 27 cidades que a compõem, além de Cachoeiro, paróquias de Marataízes, Castelo e Iúna já demonstraram interesse na atuação da pastoral em seu território.
Na primeira reunião de formação dos agentes de pastoral, realizada na semana passada, foi feita uma análise de conjuntura com base em dados do Ministério Público do Espírito Santo (MPES) e do Instituto de Gestão e Análise (Iga). Os números apontam que, no Estado, há 327,9 mil pessoas em situação de rua, sendo 161 em Cachoeiro de Itapemirim.
Contudo, a realidade pode ser mais grave. Segundo a gerente de Projetos da Cáritas Diocesa, Rayane Spolador de Almeida, a Casa de Passagem, mantida pela entidade, recebe entre 300 e 400 pessoas em situação de rua por ano. No local, são encaminhadas pelo Centro Pop e encontram abrigo temporário enquanto procura-se atender sua demanda, que pode ser encaminhamento para o mercado de trabalho ou tratamento de saúde.
A pastoral recém-criada, de acordo com Rayane, vai potencializar ações já existentes, como a Casa de Passagem. Ela relata que, nas paróquias, há pessoas que se organizam para distribuir alimento para as pessoas em situação de rua. Entretanto, esse trabalho deve ser aperfeiçoado no sentido de fazer a escuta das pessoas atendidas e conhecer suas demandas para, em mobilização da sociedade civil, cobrar políticas públicas.
Outra ação da pastoral será a participação em uma comissão formada em fevereiro último, que conta com representantes do poder público e da sociedade civil, como o Ministério Público, Câmara Municipal, Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) Subseção Cachoeiro, Comissão de Justiça e Paz (CJP), Cáritas Diocesana, além de secretarias municipais, como as de Desenvolvimento Social (Semdes), Saúde (Semus) e Cidadania, Trabalho e Direitos Humanos (Semcit).
A comissão se reúne mensalmente, e uma das tratativas que têm sido feitas é a discussão sobre a efetivação de um comitê previsto em um decreto municipal, para discutir políticas com foco nas pessoas em situação de rua, mas que não está em funcionamento. A reativação do comitê, aponta Rayane, possibilitará a formulação do Plano Municipal de Atenção às Pessoas em Situação de Rua.