Dois trabalhadores faleceram no ambiente das empresas apenas nesta semana

O Espírito Santo já registrou seis mortes no setor de rocha ornamentais em 2025, de acordo com o Sindicato dos Trabalhadores do Mármore e Granito do Estado (Sindimármore). Apenas nesta semana, dois acidentes fatais ocorreram, vitimando Reginaldo Alves Pereira Zanotti, de 26 anos, de Colatina (centro-oeste do Estado); e Eguino Costa Ribeiro, de 46 anos, de Barra de São Francisco (noroeste).
O acidente com Egino Costa ocorreu nessa quarta-feira (30). Segundo o Sindimármore, ele estava descendo de moto um morro de uma pedreira, dentro da empresa Mineração Internacional, onde trabalhava, quando perdeu o freio. Para não bater em outro veículo que trafegava no caminho estreito, tentou um desvio, mas acabou se chocando com um bloco e morreu na hora.
“O Eguino usava a moto como instrumento de trabalho. A empresa tem que fornecer transporte, mas, muitas vezes para economizar, deixa os trabalhadores utilizando seus próprios veículos. O deslocamento dentro das empresas é muito longo para fazer à pé”, afirma Reginaldo Celia, secretário de Saúde e Meio Ambiente do Trabalho do Sindimármore.
Já o acidente que vitimou Reginaldo, que era funcionário da empresa Mineração Rio Baunilha, aconteceu segunda-feira (28). De acordo com as informações coletadas pelo Sindimármore, ele operava uma máquina de fio diamantado, utilizado para extração de grandes rochas. Enquanto tentava tirar a “parte ruim” de um bloco, como se diz no setor, abriu-se uma trinca e a rocha acabou por esmagá-lo, provocando graves ferimentos no tórax e na cabeça. Ele chegou a ser socorrido para um hospital, mas chegou sem vida.
O sindicato aponta que outro trabalhador de Colatina, na faixa dos 50 anos, também faleceu há cerca de 60 dias, após um acidente muito parecido com uma máquina de fio diamantado. “Todo acidente pode ser evitado. Nesses casos, o bloco precisa estar totalmente seguro, tomando cuidado para que essa parte da rocha que ‘não presta’ se descole e esmague o trabalhador”, afirma Reginaldo Celia.
Além desses três funcionários, no primeiro semestre do ano, um trabalhador de Água Doce do Norte, no noroeste capixaba, faleceu após seu estado de saúde se agravar em decorrência da silicose – uma doença pulmonar causada pela inalação de pó da extração de rochas, muito comum em trabalhadores do setor.
Em Vargem Alta, outro trabalhador do setor de rochas morreu após cair de um pórtico, equipamento utilizado nessas atividades. E um funcionário de outra empresa do sul do Estado foi a óbito após um acidente de carro, enquanto voltada do trabalho, de madrugada. Apesar de esse último caso não ter envolvido diretamente atividades laborais, o Sindimármore considera que a jornada de trabalho exaustiva foi um fator crucial.
Durante todo o ano de 2024, foram registradas dez mortes de trabalhadores no setor de rochas ornamentais do Espírito Santo, como informa o Sindimármore. Empresas do ramo acumulam lucros bilionários, ao mesmo tempo em que têm deixado muitas mortes e acidentes pelo caminho, além de impactos ambientais.
O setor entraria no “tarifaço” proposto pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, sobretaxando produtos do Brasil em 50%, mas acabou recebendo isenção da medida.