Fejunes pede apuração imediata da morte de adolescente em Vila Velha
A revolta dos moradores do bairro Jardim Marilândia, em Vila Velha, após a morte do adolescente Ramon Ribeiro Barbosa, de 15 anos, por infecção generalizada, representa a recorrência desses casos no Estado, principalmente na Grande Vitória. O adolescente foi internado com um ferimento no ombro e uma costela quebrada, que acabou por perfurar o pulmão, levando-o à morte.
Os familiares, disseram que o menino havia dito, para justificar os ferimentos, que havia caído de bicicleta. No entanto, segundo os moradores do bairro, Ramon fora agredido por um policial militar durante uma abordagem e que estaria acompanhado de dois colegas no momento da agressão. O tombo de bicicleta seria uma desculpa para esconder as reais causas dos ferimentos. Segundo os moradores, o jovem temia sofrer represálias de policiais, caso revelasse o autor das agressões.
O Fórum Estadual da Juventude Negra (Fejunes) emitiu nota pública nesta quarta-feira (23) exigindo a apuração imediata dos fatos que ensejaram a morte de Ramon. A entidade ressalta que, caso a denúncia se confirme, “coloca o Estado mais uma vez, através de suas forças repressoras, como um dos principais violadores dos direitos humanos, atentando seletivamente contra a vida daqueles que prioritariamente deveria proteger”.
Segundo o coordenador do Fejunes, Luiz Inácio Silva da Rocha, o Lula, a revolta dos moradores mostra cada vez mais a insatisfação das comunidades e que estes não são caos isolados. “Com o Ramon foi mais grave, já que ele morreu. Existem casos em que além da agressão há ainda o terror psicológico”, conta Lula.
Ele também salienta que o governo alega não ter dados oficiais sobre as denúncias de violência policial, por isso, a entidade considera urgente a criação de uma Ouvidoria de Polícia independente, sem a influencia de policiais, para o recebimento dessas denúncias. “Já protocolamos a solicitação na Sesp [Secretaria de Estado de Segurança Pública], mas não tivemos retorno oficial”, diz Lula.
Protesto
Moradores do bairro Marilândia foram às ruas nessa terça-feira (22) em protesto à morte de Ramon Ribeiro Barbosa. Eles criticavam a ação da polícia e pediam a apuração do caso. A versão da comunidade é de que o adolescente não se feriu ao cair da bicicleta, e sim após ter sido agredido por um policial militar.
O Batalhão de Missões Especiais (BME) foi acionado para dispersar o protesto e, mais uma vez, recorreu à violência. Usou bombas e gás lacrimogêneo para dispersar os manifestantes, que tentavam impedir a ação da polícia com barricadas.
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