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Fejunes repudia resultado de inquérito que apurou conduta de PMs em shopping

O Fórum Estadual da Juventude Negra (Fejunes) divulgou nota de repúdio à Corregedoria da Polícia Militar pela publicação do inquérito policial que apurou o episódio ocorrido no Shopping Vitória, em 30 de dezembro de 2013, quando dezenas de jovens se abrigaram no centro comercial depois de um baile funk ao ar livre ter sido encerrado pela Polícia Militar, no “Encontro DozAmigo”. A investigação concluiu que não teve racismo nem abuso dos policiais durante a operação.
 
O inquérito foi instaurado depois de representação da Ouvidoria da Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial da Presidência da República (Seppir), que recebeu diversas denúncias de organizações do Movimento Negro. 
 
A entidade salienta que, durante todo o procedimento, só foram ouvidos policiais militares, lojistas e representantes do shopping. Os jovens abordados na ocorrência não foram ouvidos e não puderam relatar como foi a abordagem. Também não foram levadas em consideração, no inquérito, as imagens registradas durante o incidente por clientes e pelo próprio sistema de videomonitoramento do estabelecimento. 
 
A nota de repúdio do Fejunes ressalta que a Corregedoria da Polícia Militar “mais uma vez revela o seu corporativismo e a falta de transparência nas investigações. Infelizmente, este caso se soma a outros tantos como, por exemplo, a desapropriação em Barra do Riacho [ocorrida em 2011] e a atuação durante as manifestações de rua, que apesar dos flagrantes abusos e repúdio da sociedade, nenhum policial foi responsabilizado”. 
 
O Fejunes pede ao Ministério Público Estadual (MPES) que rejeite o parecer da Corregedoria  e retome a investigação do caso com a oitiva dos jovens envolvidos e análise das imagens registradas no sistema de videomonitoramento do Shopping Vitória. “Reforçamos também a reivindicação da instalação imediata de uma Ouvidoria de Polícia autônoma e independente para receber e acompanhar denúncias de crimes e outras infrações cometidas por policiais”, diz a nota.
 
Repercussão
 
O caso foi destaque no blog Negro Belchior, da Carta Capital, que ressaltou a truculência com a qual a abordagem foi conduzida. O blog, com base em relatos de pessoas que presenciaram o episódio, apontou que nenhum tiro foi disparado, nada foi roubado e não houve depredação das lojas, ou um suposto arrastão, como a polícia classificara a entrada dos jovens no shopping. 
 
Nada foi roubado e nenhuma loja depredada, o que descarta a tese de arrastão. As pessoas que eram julgadas suspeitas – a maioria negros – foram perfiladas, sem camisa, na Praça de Alimentação do shopping, e depois conduzidas em fila indiana para fora do estabelecimento. Após a chegada à delegacia, todos foram liberados, já que não havia nenhuma evidência que apontasse à prática de crime.

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