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Greve do funcionalismo amplia mobilização em todo o Estado

Movimento pediu interlocução do presidente da Assembleia para diálogo direto com Casagrande

A segunda semana da greve dos servidores públicos foi marcada pelo aumento da adesão ao movimento em todo o Espírito Santo, com atos na Capital e no interior, e pressão crescente sobre a gestão de Renato Casagrande (PSB) para apresentar uma proposta ao pleito da campanha salarial deste ano, que defende a reestruturação das carreiras.

Leonardo Sá

O panorama é informado pela presidente do Sindicato dos Trabalhadores e Servidores Públicos do Estado (Sindipúblicos), Renata Setúbal, que também conversou com o presidente da Assembleia Legislativa, Marcelo Santos (União), para que interceda na situação, garantindo uma conversa direta com Casagrande. Representantes da entidade foram recebido por outros parlamentares, após ato realizado na Casa de Leis na última terça-feira (14).

“Fizemos pedido de intermediação e esperamos que até a próxima semana haja uma comunicação efetiva do governo. A Assembleia Legislativa compreendeu nossa proposta e nos dá apoio. Agora falta o governo avançar com uma contraproposta concreta”, cobrou Renata.

Embora ainda sem esse retorno da gestão Casagrande, ela avalia a segunda semana de greve como positiva em termos de visibilidade e mobilização, com presença significativa de servidores do interior e diversidade de órgãos representados. “Nós aumentamos o número de participantes do movimento. Estamos focados e com participação crescente”, enfatizou.

Além da Assembleia, foram realizados atos na quarta-feira (15), em Cachoeiro de Itapemirim, no sul do Estado; e na quinta (16), em órgãos como o Instituto de Defesa Agropecuária e Florestal (Idaf) e a Agência Estadual de Recursos Hídricos (Agerh), terminando na sede do Instituto de Atendimento Socioeducativo do Espírito Santo (Iases), próximo ao Palácio Anchieta, no Centro de Vitória.

Durante os trajetos, cartazes, palavras de ordem e discursos denunciaram o silêncio do governo estadual com as categorias, a defasagem salarial apontada como superior a 50%, e a disparidade no tratamento entre diferentes setores do funcionalismo em órgãos públicos. “O Estado com a melhor nota fiscal do país é o que menos investe no servidor. Casagrande, queremos a nossa fatia do bolo. Queremos respeito e dignidade!”, declarou Renata em um dos atos de rua.

Deputados Iriny Lopes, Marcelo Santos e João Coser com a presidente do Sindipublicos, Renata Setúbal, e o assessor André Carvalho

A base representada pelo sindicato inclui servidores de ensino médio, técnico e superior e, historicamente, com salários mais baixos dentro do Estado. Os servidores criticam a forma desigual como o governo tem conduzido as políticas salariais, concedendo reajustes a delegados e auditores fiscais, enquanto outras categorias seguem com salários defasados.

Renata destaca que a intenção da greve não é prejudicar a população, mas garantir condições dignas de trabalho e salários justos. “Para o governo, a questão já está clara, mas é importante que a sociedade também compreenda: a intenção do servidor público não é uma greve por greve, mas conquistar dignidade e valorização”, afirmou. Nessa sexta-feira (17), servidores participaram de assembleia para avaliar a segunda semana de greve, planejar os próximos passos e definir estratégias de mobilização.

O sindicato considera que a discrepância entre remunerações de servidores com o mesmo nível e a mesma graduação, mas lotados em órgãos diferentes, tem agravado o sentimento de desvalorização. A proposta apresentada pelo sindicato à Casa Civil prevê equiparação proporcional entre os salários dos servidores do Executivo e do Judiciário.

No Judiciário, a remuneração básica para 30 horas semanais é de cerca de R$ 7 mil, enquanto no Executivo, servidores com a mesma formação ganham R$ 6,9 mil para 40 horas. Para corrigir essa desigualdade, a equiparação proporcional em negociação prevê que os vencimentos do nível superior no Executivo passem para R$ 9,3 mil, um reajuste de aproximadamente 35%. Para o nível técnico, a proposta é de 70% desse valor, e para o nível médio, 50%, seguindo parâmetros semelhantes aos adotados na lei do piso da enfermagem.

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