Sindicato patronal fez contraproposta de R$ 1,2 mil no tíquete-alimentação
Os trabalhadores do asseio e conservação do setor industrial deram fim, nesta quinta-feira (31), à greve iniciada no último dia 21. Eles voltam ao trabalho nesta sexta-feira (1), após o Sindicato das Empresas de Asseio e Conservação do Espírito Santo (Seaces) se reunir com o Sindilimpe-ES, sindicato que representa a categoria, e fazer a contraproposta de um valor de R$ 1,2 mil no tíquete-alimentação a partir de janeiro de 2026.

Os trabalhadores são de empresas terceirizadas que prestam serviço para o Portocel e a Suzano Papel e Celulose (Ex-Fibria e ex-Aracruz Celulose), em Aracruz, norte do Estado; ArcelorMittal Tubarão, na Serra; e Samarco Mineração, em Anchieta, no sul. Contudo, a proposta feita pelo sindicato patronal contempla somente os trabalhadores da Arcelor e Samarco.
O aumento no tíquete era a principal reivindicação. Os trabalhadores buscavam igualar os benefícios, pois há disparidade entre as empresas. Depois da pandemia da Covid-19, relata a presidente do Sindilimpe, Evani dos Santos, os trabalhadores da Vale fizeram várias manifestações, o que ocasionou na conquista de alguns direitos, como aumento do vale-alimentação para R$ 1,2 mil, desconto de R$ 5,00 no vale-transporte, PLR de um salário-mínimo (R$ 1.518,00) no dia do aniversário, e cesta natalina.
Algumas dessas conquistas já foram alcançadas em outras empresas, como na Suzano, onde os trabalhadores recebem a cesta natalina, e na ArcelorMittal, onde é paga a PLR. Contudo, tanto os trabalhadores dessas empresas quanto os da Samarco e Portocel queriam igualar os benefícios em relação aos da Vale.
Repressão policial
No dia 23 de julho, os trabalhadores, incluindo diretores do Sindilimpe, foram vítimas de uma ação violenta da Polícia Militar (PM) durante um protesto na portaria da ArcelorMittal. Pelo menos quatro trabalhadores, entre eles um diretor sindical, ficaram feridos, alguns por balas de borracha, e tiveram que ser encaminhados para atendimento na Unidade de Pronto-Atendimento (UPA), Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) e Hospital Dório Silva, em Laranjeiras, na Serra. Inclusive, uma diretora do sindicato foi arrastada no asfalto por PMs.

A Central Única dos Trabalhadores (CUT) protocolou, no dia 25 de julho, um ofício endereçado ao governador Renato Casagrande (PSB), solicitando “providências no sentido de que se apure e puna os responsáveis pela ação agressiva e truculenta, com uso de bala de borracha, spray de pimenta, bomba de gás lacrimogênio e uso de força excessiva contra trabalhadores da limpeza urbana e do asseio e conservação, que se manifestavam em frente à ArcellorMittal, em Carapina, no dia 23/7, liderados e representados pelo Sindilimpe-ES”. A CUT pediu, ainda, uma audiência com Casagrande para tratar do assunto. Contudo, conforme informa a presidente da Central, Clemilde Cortes, o Governo do Estado ainda não deu retorno.
Quando a repressão policial aconteceu, o sindicato também se pronunciou por meio de nota de repúdio, destacando a violência contra os trabalhadores e a necessidade de apuração, assim como a violação do artigo 5º da Constituição Federal, que garante a livre manifestação do pensamento, lembrando que a greve é um instrumento legítimo de reivindicação, e a repressão violenta é inaceitável.
Durante a assembleia desta quinta-feira, na qual os trabalhadores decidiram por fim à greve, Evani enfatizou que caso haja alguma retaliação das empresas ou encarregados com quem participou da greve, o sindicato deve ser imediatamente comunicado, para que tome as providências e impeça qualquer perseguição. “Eu quero dizer que, apesar de toda a violência, de termos levado tiro, porrada e bomba, nós conseguimos a vitória. Saímos daqui com a garantia do tíquete-alimentação de R$ 1.200,00 e mais o reajuste que tiver”, avaliou.