Categoria voltou a trabalhar nesta terça após compromissos firmados por Arnaldinho
A paralisação dos guarda-vidas de Vila Velha, iniciada nessa segunda-feira (9), chegou ao fim nesta terça (10), após reunião entre uma comissão de trabalhadores e representantes do sindicato representativo com o prefeito, Arnaldinho Borgo (sem partido). Durante o encontro, o chefe do executivo municipal recuou da decisão de cortar o pagamento da intrajornada – um dos principais motivos da greve – e assumiu compromissos para melhorar as condições de trabalho da categoria.
Segundo a presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Empresas de Asseio, Conservação, Limpeza Pública e Serviços Similares (Sindilimpe), Evani Virgínia Reis, a prefeitura prometeu atender a três reivindicações imediatas: a instalação de banheiros até o dia 27 de julho, a melhoria no fornecimento de água potável, e a substituição das tendas por postos elevados, com a construção do primeiro deles também prevista para o final do mês.
“Nós entendemos que teve um avanço, que abriu-se um diálogo para poder discutir. E precisa ter uma valorização desses profissionais, que são muito importantes para o município de Vila Velha, para a sociedade. Eles são vidas e cuidam de vidas”, afirmou.
Ela destacou ainda que a reabertura do diálogo com o governo municipal só aconteceu graças à mobilização dos trabalhadores. “Se não fosse a paralisação, não teriam sido ouvidos. Eles se comprometeram a continuar na luta por melhores condições, por melhores salários e pela participação nas negociações salariais do sindicato. Em setembro começa a abertura da campanha salarial da categoria”, pontuou.
Os guarda-vidas que atuam nas praias do município haviam anunciado a greve por tempo indeterminado no dia anterior, em protesto contra a suspensão do pagamento da intrajornada – um valor de R$ 240,00 destinado a compensar o fato de os trabalhadores não poderem deixar seus postos durante o horário de almoço –, além da precariedade nas condições enfrentadas diariamente pelos profissionais responsáveis pela segurança dos banhistas.
A mobilização foi marcada por um ato público em frente à sede da prefeitura pela manhã, para reivindicar melhorias e cobrar respostas. Uma comissão formada por trabalhadores e diretores do sindicato foi recebida para reunião com a prefeitura e a empresa terceirizada Líder Limpe, responsável pela contratação dos guarda-vidas.
Além de reforçar a necessidade de garantia de melhores condições para os trabalhadores, Evani reiterou na primeira reunião com a prefeitura que o pagamento da intrajornada era um direito já consolidado, suspenso de “forma abrupta”. A gestão municipal justificou a medida como redução de custos, o que gerou indignação entre os trabalhadores. A presidente do sindicato também criticou a desativação de postos, que tem resultado na demissão de dezenas de trabalhadores.
Ela alerta que a precarização do trabalho dos guarda-vidas também compromete a segurança e aumenta o risco de acidentes nas praias do município, que é o único do Estado a terceirizar esse serviço. Antes disso, quando eram trabalhadores em regime de Designação Temporária (DTs), Evani recorda que já denunciavam as más condições.
Depois de duas empresas assumirem o contrato – primeiro o Grupo Flex, agora a Líder Limpe –, nenhuma teria garantido condições mínimas de saúde e segurança aos guarda-vidas, que relatam o sentimento de descaso por parte da administração do município.
Mesmo com a suspensão da paralisação e retorno ao trabalho, os guarda-vidas ressaltam que a situação nas praias segue precária. “As condições de trabalho continuam as mesmas. Talvez mês que vem irão começar a construir um posto que vai da Praia da Sereia para cá e banheiros também. Por enquanto, continua a mesma situação: sem banheiro, sem lugar para se alimentar, sem lugar para trocar de roupa”, contou o guarda-vidas Fabrício Cerqueira Jorge, que integra a comissão de negociação.
Fabrício defende que a categoria seja reconhecida como parte fundamental da segurança pública. “Esperamos ser reconhecidos porque somos importantes tanto quanto qualquer outra entidade da prefeitura, como a Guarda Municipal, por exemplo. A nossa importância faz parte da segurança do Estado. A luta continua por valorização”, ressalta.
