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Guarda-vidas iniciam paralisação em Vila Velha

Movimento é por tempo indeterminado e denuncia precariedade e cortes de direitos

Os guarda-vidas que atuam nas praias de Vila Velha iniciaram uma greve por tempo indeterminado nesta segunda-feira (9), em protesto contra a suspensão do pagamento da intrajornada – um valor de R$ 240,00 destinado a compensar o fato de os trabalhadores não poderem deixar seus postos durante o horário de almoço –, além da precariedade nas condições enfrentadas diariamente pelos profissionais responsáveis pela segurança dos banhistas no município, sob gestão de Arnaldinho Borgo (sem partido).

Ascom Sindilimpe

A mobilização foi marcada por um ato público em frente à sede da prefeitura pela manhã, para reivindicar melhorias e cobrar respostas. Uma comissão formada por trabalhadores e diretores do Sindicato dos Trabalhadores em Empresas de Asseio, Conservação, Limpeza Pública e Serviços (Sindilimpe-ES), que representa a categoria, foi recebida para reunião com a prefeitura e a empresa terceirizada Líder Limpe, responsável pela contratação dos guarda-vidas.

Segundo Evani dos Santos Reis, presidente do Sindilimpe-ES, conhecida como Baiana, a situação é crítica. “Os trabalhadores reivindicam a garantia de banheiro, porque é desumano entrar nos banheiros públicos. As pessoas que menstruam também estão sofrendo mais com isso. Eles precisam de postos elevados para exercer sua profissão com segurança e dignidade”, afirmou.

Evani destacou ainda que o pagamento da intrajornada era um direito já consolidado, mas foi suspenso de “forma abrupta” pela gestão municipal. “Eles sempre receberam a intrajornada, e este mês o município pediu para suspender o pagamento como forma de reduzir custos. Também têm acontecido demissões com a desativação de postos. Só agora, mais de 16 pais de família podem ficar desempregados em Vila Velha”, criticou.

Ela relembra que as reivindicações da categoria são antigas, anteriores até mesmo à terceirização do serviço, ocorrida há cerca de seis anos. “Desde que eram DTs [regime de Designação Temporária], os trabalhadores já denunciavam as más condições. Depois, com duas empresas já tendo assumido o contrato – primeiro o Grupo Flex, agora a Líder Limpe –, nenhuma garantiu condições mínimas de saúde e segurança. Nunca houve banheiro, água potável, lugar adequado para higienização ou alimentação. É um total descaso com quem salva vidas todos os dias”, relatou.

Vila Velha é o único município do Espírito Santo que terceiriza o serviço de guarda-vidas e, segundo relatos dos próprios profissionais que já atuaram em diferentes cidades, é também onde há a pior remuneração e o menor reconhecimento, aponta a presidente do sindicato. “O salário é o pior. Isso inclui o vale-alimentação e outros benefícios”, reforçou.

Em reunião realizada nesta segunda, o secretário de Governo, Samuel Paiva, confirmou que a suspensão do pagamento da intrajornada foi uma solicitação da própria prefeitura, em meio a uma política de contenção de gastos. Ele pediu que os trabalhadores suspendessem o movimento grevista até uma nova reunião, marcada para esta quinta-feira (12), às 9h.

Luciano Coelho/Ascom Sindilimpe-ES

A proposta, no entanto, foi rejeitada em assembleia. “A categoria decidiu manter a paralisação. Eles já foram invisibilizados por tempo demais. São profissionais que cuidam de vidas e merecem ter suas próprias vidas cuidadas. Não dá mais para aceitar promessas sem prazo definido. Se não houver avanços até quinta, vamos acionar os órgãos competentes”, afirmou.

Além das pautas centrais relacionadas à intrajornada e à estrutura de trabalho, o movimento também denuncia a crescente precarização da função. Com a desativação de postos, a segurança nas praias fica comprometida, alerta a dirigente: “Essa greve não é só pelos trabalhadores, é também pela segurança dos banhistas. Se não há guarda-vida suficiente, o risco de acidentes aumenta”. Os trabalhadores exigem que a gestão municipal reveja sua postura diante da categoria e restabeleça imediatamente os direitos cortados.

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