Quarta, 15 Mai 2024

Guerra volta a acusar Camilo Cola de ter encomendado morte de jornalista

Guerra volta a acusar Camilo Cola de ter encomendado morte de jornalista

O ex-delegado de Polícia Civil, Cláudio Guerra, prestou depoimento para a Comissão da Verdade do Sindicato dos Jornalistas do Estado (Sindijornalistas-ES) em que garantiu que o empresário e deputado federal, Camilo Cola (PMDB), foi financiador de inúmeras ações clandestinas contra inimigos do regime militar e também contra desafetos pessoais. A Comissão apura casos de violações de direitos humanos e crimes cometidos por agentes da ditadura militar contra profissionais de comunicação. As declarações de Guerra à comissão foram feitas na última sexta-feira (10). 

 
No depoimento, Guerra contou como se deu a execução e desaparecimento do corpo do dono do jornal Povão, com sede em Vitória, José Roberto Jeveaux. Ele disse que o crime fora encomendado por Camilo Cola, que estaria sendo extorquido pelo dono do jornal. 
 
Cláudio Guerra contou que tinha reuniões periódicas com os chefes do Serviço Nacional de Informações (SNI) e outros órgãos de repressão que combatiam os adversários do regime militar e recebia encomendas de mortes e desaparecimentos de pessoas, tanto no Estado quanto no resto do País. Essas reuniões ocorriam no edifício IAPI, em Vitória, onde funcionava o gabinete do procurador geral da República no Estado, Geraldo Abreu. 
 
Em uma dessas reuniões, na qual também estava presente o coronel do Destacamento de Operações de Informações - Centro de Operações de Defesa Interna (DOI-CODI), Freddie Perdigão, e o comandante Vieira, Cláudio Guerra foi comunicado de que eles queriam atender ao pedido de Camilo Cola, que pretendia se livrar das extorsões de Jeveaux. 
 
O ex-delegado, na ocasião dos fatos, teria ponderado que era amigo do dono do jornal e conseguiu ficar fora do desaparecimento de Jeveaux. Cláudio Guerra acrescentou à comissão que o desaparecimento do dono do “Povão” aconteceu 10 dias depois de ele ter recusado a oferta. O crime teria sido feito por uma equipe de fora, com homens de Minas Gerais e Rio de Janeiro, com a cobertura dos policiais locais Moacir e Levi Sarmento. 
 
No depoimento, Guerra disse ainda lamentar ter se omitido, já que poderia ter alertado o dono do jornal, que era seu amigo
 
 
Ele acrescentou, ainda, que não há dúvida que a morte de Jeveaux foi um crime de mando do SNI para atender ao pedido de um dos principais financiadores da repressão militar contra a esquerda brasileira durante a ditadura militar.
 
Além do desaparecimento do jornalista, uma bomba foi colocada na sede do jornal “Povão”, em Vitória. O vigilante do jornal teria reconhecido as pessoas que colocaram a bomba e também foi eliminado por causa disso. 
 
O ex-delegado também contou sobre a reunião ocorrida no Hotel Glória, no Rio de Janeiro, para a articulação da Operação Condor, com fins de eliminação de adversários das ditaduras do Cone Sul. Ele também assumiu a responsabilidade pela bomba colocada no jornal A Tribuna, em Vitória, que foi atribuída, na ocasião, a militantes de esquerda, pelo fato de o jornal pertencer ao Grupo João Santos, que tinha entre seus dirigentes o marechal Cordeiro de Farias, um dos idealizadores do golpe militar de 1964.       

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