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Indígenas exigem soluções para falhas no fornecimento de energia

Comunidade bloqueou caminhão da empresa em protesto, aponta cacica Marcela Rocha

A comunidade Tupinikim da aldeia Irajá, localizada no município de Aracruz, no norte do Espírito Santo, está mobilizada desde a tarde dessa quinta-feira (12) para exigir uma solução concreta da distribuidora de energia EDP Espírito Santo para os recorrentes problemas no fornecimento de energia elétrica no território. De acordo com a cacica Marcela Rocha, há mais de um ano e meio as famílias sofrem com oscilações, apagões e prejuízos materiais causados pela falha no serviço, sem que haja uma resposta efetiva por parte da concessionária de energia.

Na manhã desta sexta-feira (13), lideranças e moradores se reuniram na cabana comunitária da aldeia, aguardando a chegada de representantes da EDP. O estopim da mobilização aconteceu após a chegada de um caminhão da concessionária à aldeia no dia anterior. Os trabalhadores foram abordados pela comunidade, que impediu a saída do veículo até que um representante da empresa compareça pessoalmente para dialogar com os moradores e assuma formalmente, com prazo definido, o compromisso de regularizar a situação.

“Estamos há mais de um ano e meio convivendo com problema de energia. Tivemos diversas reuniões com representantes da prefeitura e da empresa. Só na escola foram duas geladeiras perdidas. As pessoas estão ficando no prejuízo com televisores, microondas e ar-condicionado queimado. Eu, como cacique, não tenho como arcar com esses custos. A comunidade cobra que o engenheiro venha falar com a gente”, afirma a liderança.

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Um representante da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai), Bruno Curtis Weber, esteve no local para acompanhar a situação, mas a tentativa de mediação esbarrou em uma exigência da EDP de que as lideranças saíssem do território indígena para se encontrar com os técnicos da empresa em um local externo. A proposta foi prontamente rejeitada.

“É uma decisão que já foi tomada pelas pessoas da comunidade, de que os líderes não vão sair daqui, porque agora não é a voz das lideranças, agora é a voz da comunidade, que aguarda a EDP vir aqui para ouvi-la”, disse Marcela.

“A comunidade já deixou bem claro que isso não vai acontecer. Eles têm que vir até aqui, onde estamos reunidos, ouvir diretamente a comunidade. Eles já sabiam dos problemas e nós estamos cobrando uma reunião com um engenheiro para explicar o que vão fazer para dar uma solução, queremos um compromisso, formal, documentado e com prazos definidos”, reforçou.

Segundo os moradores, as falhas no fornecimento elétrico são constantes e ocorrem em horários variados, com picos de energia que queimam aparelhos e afetam a rotina da aldeia. Famílias relatam perdas que incluem ventiladores, aparelhos de TV, geladeiras, e até equipamentos de uso coletivo, como os da escola indígena. A cacique destaca que a paciência da comunidade já se esgotou e a permanência do caminhão da empresa dentro do território é uma forma de pressionar a EDP a não adiar mais a resolução.

O vereador Vilson Jaguareté (PT), que também acompanha a situação, disse que tem mediado reuniões com a EDP para discutir tanto os problemas na aldeia quanto em outras regiões de Aracruz. “Há uma insatisfação não só nas aldeias indígenas, outros moradores do município também estão reclamando”, destacou.

“Não é só ouvir, é assumir responsabilidade. Já fomos muitas vezes até eles, já ouvimos desculpas, já esperamos. Agora a gente quer que eles venham aqui, escutem a comunidade e apresentem uma solução definitiva”, explica Marcela.

A principal exigência da comunidade é que a EDP envie um engenheiro responsável, apresente diagnóstico técnico sobre os problemas identificados no sistema elétrico que atende a aldeia, e assuma, por escrito, o compromisso de regularização com um prazo definido.

A cacica também informou que o prefeito de Aracruz, Dr. Coutinho (PP), confirmou presença na aldeia às 13h30 para dialogar com os moradores. Ela solicitou que ele compareça acompanhado de representantes da EDP para que haja um encaminhamento conjunto e resolutivo.

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