Sexta, 29 Março 2024

Instituto vai promover saúde mental para mulheres vítimas de violência

casa_lilas_CreditosDivulgacao Divulgação

O mês de dezembro será marcado pelo lançamento do Instituto Casa Lilás Myriam Junger Mafra, em Vitória, uma organização da sociedade civil que tem como objetivo oferecer saúde mental gratuita para mulheres que sofrem violências como a doméstica, física, sexual, verbal, simbólica, patrimonial, de racismo estrutural, racismo religioso e de LGBTQIA+ fobias.

A sede será no Barro Vermelho, entretanto, o atendimento, com foco em comunidades tradicionais, como quilombolas, indígenas e ciganas, além de grupos socioculturais mais vulneráveis, a exemplo de mulheres do campo, negras, da comunidade LGBTQIA+, operárias, de terreiro, da comunidade do congo e evangélicas, será feito nas próprias localidades.

"O público são as comunidades tradicionais. Elas não têm como vir até nós, nós temos que ir até elas", diz a pesquisadora de gênero e etnia Déborah Sathler, que faz parte da equipe da Casa Lilás. A iniciativa contará com um grupo interdisciplinar, formado por seis ativistas profissionais das áreas de saúde mental, dos setores cultural criativo, da comunicação e educação, que são, além de Déborah, a psicóloga e presidente da Casa, Nice Nicchio; o graduando em Arquitetura e Urbanismo, Rômulo Corrêa; a psicóloga Claudia Sales; a conselheira do Conselho Estadual de Defesa dos Direitos da Mulher do Estado do Espírito Santo (Cedimes), Edna Martins; e a educadora social Eusabeth das Mercês. 

"Acreditamos que as violências afetam diretamente a saúde mental das mulheres em suas capacidades cognitivas, sociais e produtivas e, que ao receberem tratamento psicoterapêutico individualizado e adaptado as suas condições comunitárias, elas recuperam sua autonomia com abertura de novas possibilidades sociais e para o mundo do trabalho", ressalta Nice Nicchio. 

Segundo Déborah, o grupo entende que não adianta levar o empreendedorismo para as mulheres vítimas de violência, como normalmente é feito. "Essa mulher está com o cognitivo muito afetado. Não adianta levar o empreendedorismo, pois ela não vai captar. A gente tem que trabalhar a saúde mental, e o Estado não oferece, por achar que saúde mental não é prioridade. As pessoas dizem 'essa mulher tem que estudar, tem que trabalhar'. Mas com a saúde mental afetada, vai produzir como? Estudar como?", questiona.

De acordo com Nice Nicchio, os atendimentos levarão em conta aspectos identitários e de pertencimento coletivo de cada mulher. "Precisamos, para além das questões jurídicas e de medidas de segurança, compreender e formular junto com a sociedade que construiu esse processo social, saídas para o fenômeno complexo das violências contra as diversas feminilidades", afirma.

Nice salienta que o grupo irá lançar um manifesto "do machismo que mata e adoece mentalmente as mulheres", além de um curso com o objetivo de ensinar pessoas, empresas e instituições a se posicionarem e agirem de forma concreta em prol da equidade de gênero.

"Por aquelas que infelizmente foram caladas, nos resta ouvi-las mesmo que no silêncio, para lutar por uma nova história para as diversas mulheres e trabalharmos para termos empresas antimachistas no Espírito Santo, polícias antimachistas. Conscientizar sobre os males do machismo não beneficia só as mulheres, e sim toda a sociedade", defende Nice. 

A metodologia de trabalho da Casa Lilás para atendimentos terapêuticos será baseada nos estudos da terapeuta Nise da Silveira, que inclui a arte no tratamento. As ações são baseadas em pesquisas de gênero. 

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