Terça, 07 Mai 2024

Interventor diz que ociosidade motivava conflitos na unidade de Linhares

Interventor diz que ociosidade motivava conflitos na unidade de Linhares
O interventor do Instituto de Atendimento Socioeducativo do Espírito Santo (Iases), Bruno Pereira do Nascimento, pediu o fastamento dos agentes socioeducativos das atividades pedagógicas das unidades de internação de Linhares, no norte do Estado. 
 
O pedido do interventor foi acatado pela direção do Iases, que determinou que os agentes passassem  a ter suas funções restritas ao entorno da unidade, na área apelidada pelos servidores de brita. Para a função que era feita pelos agentes, a Acadis contratou socioeducadores, que passaram a assumir as atividades pedagógicas das duas unidades de Linhares que, juntas, abrigam hoje cerca de 165 adolescentes (a capacidade das unidades é de 150 vagas), que cumprem medida de privação de liberdade.
 
Nascimento afirma que decidiu fazer o pedido ao Iases a partir de informações de um extenso relatório feito pela Defensoria Pública de Linhares. Durante todo o ano 2013, os defensores teriam coletado informações que comprovam desvios na conduta dos agentes. 
 
O relatório, sustenta o interventor, aponta que os agentes praticavam atos de violência física e torturas contra os adolescentes. Ele acrescenta que os agentes não davam o suporte de segurança e vigilância para os educadores desenvolverem as atividades pedagógicas, preferiando deixar os adolescentes trancados em suas celas. "A ausência de atividade aumentava a tensão entre agentes e reeducandos, motivando os conflitos”, explica Nascimento. 
 
Agentes ouvidos pela reportagem de Século Diário, que não quiseram se identificar, rebateram as acusações do interventor. Eles alegam que a situação vem piorando na unidade em função das péssimas condições de trabalho. Os agentes afirmam que com a entrada dos novos socioeducadores, há cerca de duas semanas, a situação se agravou. 
 
“Eles fizeram um pacto. Os adolescentes não fazem rebelião e eles deixam os internos fazerem o que bem entenderem. Agora, ninguém está fazendo atividade pedagógica. Faz quem quer. Como não é mais obrigatório, quase ninguém faz. Nem na escola eles vão”, denuncia um agente. 
 
O interventor diz rigorosamente o contrário. Ele afirma que os agentes praticamente deixavam o adolescentes na “tranca” (trancado na cela) 24 horas por dia.
 
Com base em um documento de mais de duas mil páginas feito pela Defensoria de Linhares, Nascimento afirma ter plena convicção das irregularidades cometidas pelos agentes. Ele diz que, em breve, o documento será finalizado e entregue às autoridades. 
 
Além das unidades de Linhares, Bruno Pereira do Nascimento é interventor das unidades de Cachoeiro de Itapemirim e Cariacica. A gestão das unidades de Linhares e Cariacica pertence à Associação Capixaba de Desenvolvimento Social (Acadis), a de Cachoeiro é de responsabilidade do Instituto Capixaba de Integração Socioeconômica dos Cidadãos (Icisec).
 
A intervenção foi decretada pelo governo do Estado em agosto de 2012, após a deflagração da Operação Pixote, que desmontou um grande esquema de corrupção envolvendo o Iases e a Acadis.
 
A intervenção, que já foi prorrogada, se encerra em março deste ano. A juíza Marianne Júdice de Mattos definiu como prazo final o dia 18 de março para que o Iases finalize o processo de licitação para a escolha das entidades que vão realizar a gestão das unidades de Cariacica, Cachoeiro e Linhares. 

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