Sábado, 27 Abril 2024

Manifestantes da marcha contra o extermínio de negros fincam cruzes no Palácio Anchieta

Manifestantes da marcha contra o extermínio de negros fincam cruzes no Palácio Anchieta
A VI Marcha Estadual Contra o Extermínio da Juventude Negra reuniu cerca de 200 pessoas durante a manhã desta quarta-feira (20), data em que se celebra o Dia Nacional da Consciência Negra em todo o país. A marcha, promovida pelo Fórum Estadual da Juventude Negra (Fejunes), teve como tema “Acorde para essa luta você também” e objetivo de dialogar com a sociedade sobre importância de todos se mobilizarem para enfrentamento dos altos índices de homicídio que recaem sobre a juventude negra, além de cobrar medidas efetivas do governo para superação desse fenômeno.  
 
 
A caminhada teve início na antiga Capitania dos Portos, no Centro de Vitória e seguiu para o Palácio Anchieta, local em que os participantes colocaram cruzes simbolizando as mortes de jovens negros ocorridas no Estado. 
 
A intenção era que fosse entregue ao governador Renato Casagrande um documento reiterando as reivindicações do Fejunes. Dentre elas está a criação do Conselho Estadual de Segurança Pública e de uma Ouvidoria de Polícia autônoma e independente. O governador, no entanto, estava cumprindo agenda fora do Palácio Anchieta e não pode receber os representantes da entidade. Tampouco designou um dos secretários para receber os manifestantes.
 
Depois de passar pelo Palácio Anchieta a marcha seguiu para o Museu Capixaba do Negro (Mucane), onde foi finalizada. 
 
Extermínio 
 
O Mapa da Violência 2013 – Homicídios e Juventude no Brasil, elaborado pelo sociólogo Julio Jacobo Waiselfiz, e lançado pelo Centro de Estudos Latino-Americanos (Cebela) e pela Faculdade Latino-Americana de Ciências Sociais (Flacso) comprovou que o Estado vivencia o extermínio da juventude negra. 
 
As taxas de mortes de jovens negros são de países que estão em guerra civil. Em 2011, ano usado como base de pesquisa, a taxa no Estado ficou em 144,6 mortes violentas de jovens negros por grupo de 100 mil, enquanto a taxa entre jovens brancos ficou em 37,3. Nos dois casos, o Espírito Santo é o segundo do País, no caso de homicídios de jovens brancos fica apenas atrás do Paraná, e de jovens negros é o segundo. Alagoas lidera.
 
O próprio estudo caracteriza a taxa do Estado como inaceitável e deixa claro a seletividade de jovens negros como vítimas preferenciais de homicídios.
 
Já nesta terça-feira (19) foi divulgado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) o estudo Vidas Perdidas e Racismo no Brasil que corrobora com as estatísticas do Mapa da Violência 2013 e coloca o Estado em segundo do País em homicídios de negros, com taxa que passa de 80 por grupo de 100 mil. O Estado está atrás somente de Alagoas em mortes violentas de negros. Entre brancos, a taxa de homicídios não chega a 30 por 100 mil.
 
A alta taxa de mortes violentas de negros acaba por reduzir a expectativa do homem negro. O estudo mostra que assim como na taxa de homicídios, o Estado é o segundo do País em perda de expectativa de vida de negros, atrás também de Alagoas. No Espírito Santo os homens negros têm perda de 5,2 anos na expectativa de vida. Em Alagoas a redução chega a 6,2 anos. A pesquisa salienta que a perda de expectativa de vida é ocasionada, primordialmente, pelos homicídios.

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