'Política de combate à violência contra mulher tem que considerar raça e cor'
Dados do Mapa de Mortes Violentas de Mulheres no Espírito Santo: de A a Z, do Ministério Público do Espírito Santo (MPES), mostram que, este ano, 25,84% das mulheres vítimas de homicídios eram pardas. As brancas correspondem a 5,62%; as negras, 2,25%; e as pretas, 1,12%. Diante disso, a integrante do Núcleo Estadual de Mulheres Negras e coordenadora estadual do Círculo Palmarino, Ana Paula Rocha, defende que "qualquer política de combate à violência à mulher tem que considerar raça e cor".
Outro dado que chamou atenção de Ana Paula foi o de que, em 65,17% dos casos, a cor da vítima não foi informada, o que, aponta, é reflexo do racismo institucional, uma vez que não há preocupação de "dar cor às vítimas". Ana Paula acredita que a maior parte das mulheres cuja cor não foi informada é negra, portanto, a não identificação acaba invisibilizando esse grupo, o que impede a formulação de políticas públicas para esse segmento.A coordenadora estadual do Círculo Palmarino recorda que, em 2018, um grupo de mais de 100 mulheres negras construiu coletivamente uma série de reivindicações, entregues a Renato Casagrande (PSB), que tomaria posse no governo do Estado no ano seguinte, e para a futura vice-governadora, Jacqueline Moraes (PSB). Contudo, afirma, a política para as mulheres "caiu no empreendedorismo, sem ser pensada de forma transversal".
Com a criação da Secretaria Estadual da Mulher, a ser comandada por Jacqueline, Ana Paula defende que haja de fato diálogo com as mulheres negras e que as políticas voltadas para elas não sejam tratadas como um "acessório". "A gente quer estar no centro da pauta", reivindica, defendendo a necessidade de iniciativas intersetoriais, como investimento em transporte público, educação e geração de emprego formal.
Redução de homicídios
O Espírito Santo registrou 89 homicídios de mulheres em 2022, de acordo com dados do Mapa. Foram 18 mortes a menos que em 2021, quando foram registradas 107. Vale destacar que faltam apenas seis dias para o fim do ano, ou seja, dificilmente o Estado irá superar o índice de 2021.
Os dados estão divididos em seis subnúcleos. O de maior número de vítimas é Vitória, com 44. O subnúcleo Linhares aparece em segundo lugar, com 10. Colatina, Guarapari e São Mateus estão empatados com nove. Cachoeiro de Itapemirim, aparece em último lugar, com oito.
O maior número de vítimas era da faixa etária entre 19 a 29 anos, totalizando 26 mortes. Outras 22 tinham 30 a 39. Treze tinham menos de 18. Esse mesmo quantitativo tinha de 40 a 49. Quatro tinham de 50 a 59, três tinham a partir de 60 anos. Oito não tiveram idade informada.
O maior número de vítimas era da faixa etária entre 19 a 29 anos, totalizando 26 mortes. Outras 22 tinham 30 a 39. Treze tinham menos de 18. Esse mesmo quantitativo tinha de 40 a 49. Quatro tinham de 50 a 59, três tinham a partir de 60 anos. Oito não tiveram idade informada.
Vila Velha liderou o ranking de homicídio de mulheres. Foram registradas 17 mortes. Assim, o município repete a classificação de 2021, quando registrou 14 homicídios. O mês com maior número de crimes foi janeiro, com cinco. Os menores índices foram maio, junho, julho, setembro e outubro, com um crime em cada mês. Quanto à faixa etária, a maioria das vítimas, um total de quatro, tinha menos de 18 anos. Essa mesma quantidade corresponde ao de mulheres cuja faixa etária não foi informada. O restante das vítimas se encontrava nas faixas etárias de 19 a 29, 30 a 39, e 40 a 49, sendo três em cada uma.
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