Quinta, 25 Abril 2024

Prefeitura não renova licitação para Casa da Juventude de São Pedro

Casa da Juventude Sao Pedro Redes sociais
Foto: Redes sociais

A Prefeitura de Vitória não renovou o termo de colaboração com o Instituto de Desenvolvimento Social Bem Brasil, responsável pelas atividades da Casa da Juventude de São Pedro. Atendendo mais de 150 jovens, o equipamento público oferece uma série de serviços sociais para jovens da região, mas, para a gestão do prefeito Lorenzo Pazolini (Republicanos), "os termos atuais estavam desalinhados com as necessidades da juventude da Capital". Enquanto isso, o atendimento no local é realizado por servidores da Secretaria de Cidadania, Direitos Humanos e Trabalho (Semcid).

Além de não aditivar os termos de colaboração atuais, a prefeitura ainda não fez um chamamento público para que novas instituições assumam o local. Coletivos e organizações sociais temem que os serviços não sejam oferecidos da forma correta nesse período, ou até interrompidos, já que fotos dessa segunda-feira (21) mostram o local com as portas fechadas.

Nesta terça (22), a Secretaria de Cidadania alegou que o equipamento está aberto, com atendimento feito por profissionais da pasta. Questionada por Século Diário, não informou, no entanto, quais serviços estão sendo oferecidos no local e se as as atividades têm sido desenvolvidas normalmente.

"O que se pergunta é: essas pessoas são capazes de tocar políticas públicas para a juventude no município de Vitória? Se são, por que não estavam lá antes? A gente estava sem administrador da casa, que é responsabilidade da prefeitura, há muito tempo, desde quando Pazolini foi nomeado. Eles estão tentando tampar um buraco que está vazio. O serviço da juventude não está sendo prestado. Se eu for lá agora com um jovem, ele vai ser atendido por esses profissionais que estão lá? São capacitados?", enumera Crislayne Zeferina, integrante do Coletivo Beco.

As ações na Casa da Juventude eram executadas pela organização Bem Brasil, Instituto de Desenvolvimento Social localizado em Vitória que promove projetos culturais voltados para a inclusão social de jovens. Com o fim do tempo de gestão da instituição, a Prefeitura de Vitória ainda não realizou o chamamento público para inscrição de outras organizações, processo que, de acordo com os coletivos, demora de três a seis meses para ser finalizado.

A secretaria, por sua vez, promete um "boom de investimentos públicos", informando que irá realizar um edital unificado, partindo de um investimento de R$ 500 mil. Também informou que fará a reconstrução dos dois equipamentos, somando um investimento de quase R$ 3 milhões, nos moldes do Plano Municipal da Juventude

"Nós temos a honra de saber que, no município de Vitória, temos o Plano Municipal de Juventude. A questão é: esse plano está sendo executado? Não se fecha nenhum equipamento público para dizer que vai vir investimento. Se investe com ele aberto", contesta Crislayne.

Enquanto a prefeitura não chega com o prometido investimento, jovens que frequentam o local se preocupam com o futuro do equipamento público, principalmente considerando o papel importante do projeto para a região. "Eles estão achando que política da juventude é fechar o lugar da juventude? O prefeito que diz querer 'o melhor para a cidade", mas acaba enterrando a juventude e as políticas para a juventude", declarou um morador, que preferiu não se identificar.

Helen Barcelos, de 27 anos, é uma das jovens que participa das programações na Casa da Juventude. Ela destaca a importância do projeto na vida dela e das pessoas que passam por lá.

"Tem pessoas que não têm acesso à internet, não tem um computador em casa, e lá eles oferecem para pessoa fazer trabalhos escolares, ajudam a encaminhar para vagas de estágio. É um projeto bem bacana. Fora as oficinas de música, penteado afro, dentre outras coisas. Muitos jovens estão se perdendo, se acabar um projeto desse, vão se perder mais e mais", aponta.

Os coletivos e movimentos sociais que atuam na região também se preocupam com outros equipamentos públicos que estão em risco, como o Centro de Referência da Juventude (CRJ) e o Núcleo Afro Odomodê, que promove atividades socioeducativas em prol da igualdade racial. No caso do CRJ, a prefeitura também já informou que não irá renovar o termo de colaboração atual.

"Em abril vence o aditivo do Núcleo Afro Odomodê, então nós vamos esperar até abril para que feche e só depois abrir licitação? É isso que essa gestão está se propondo dentro da paz e da igualdade que tanto foi apregoada nas campanhas eleitorais? A gente vive um desmonte da política pública de juventude muito grande dentro do município e é preciso falar sobre isso", alerta Crislayne.

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