Quinta, 25 Abril 2024

Projeto comunitário realiza formação cidadã para 50 mulheres

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Com foco em cidadania, direitos humanos e inclusão profissional e social, o projeto Conectando Mulheres trabalha na formação de cinquenta mulheres moradoras de morros de Vitória. A nova etapa de atividades começou no dia 1 de fevereiro, com uma palestra da historiadora e pesquisadora de relações étnico-raciais Ana Paula Rocha, que coordena o Círculo Palmarino.

O projeto surgiu a partir do mapeamento feito pelo Coletivo Beco no Território do Bem, que reúne nove comunidades da Capital, que juntas somam mais de 30 mil habitantes. No início da pandemia do novo coronavírus, o coletivo localizou pessoas e famílias em situação de vulnerabilidade para buscar atender com as necessidades mínimas por meio da doação de cestas básicas.

Porém, logo o grupo percebeu que muitas pessoas, especialmente as mulheres, necessitavam para além da alimentação outros tipos de apoios, como formação cidadã, apoio psicológico e informações sobre como enfrentar a violência doméstica e o abuso policial.

"Muitas sofrem com depressão e estamos tentando articular uma rede de psicólogas para atender essas mulheres, muitas chegaram em crise até já tentaram se matar", conta Crislayne Zeferina, uma das articuladoras da iniciativa, que tem como base o espaço Conexão Perifa, no Bairro da Penha.

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O projeto começou no início do período de isolamento social por conta da Covid-19, mas acabou sendo paralisado por falta de recursos. Retornou este ano com mais força, graças a um apoio do Fundo ELAS, focado no protagonismo feminino e direitos das mulheres.

A doação de cestas básicas deu lugar a uma bolsa com valor equivalente em dinheiro, para que as mulheres tenham maior autonomia. Ao mesmo tempo, elas têm atividades semanais para formação cidadã e profissional durante quatro meses.

Devido à pandemia, as mulheres foram divididas em grupos de 10, incluindo moradoras dos vários bairros da região. Cada grupo comparece em um dia da semana, quando se realizam oficinas, palestras e outras atividades, além de ações externas como visitas a locais importantes em termos históricos, culturais ou de lazer.

"Todo aprendizado tem sido muito grande para mim. Tive várias informações sobre violência doméstica, que já sofri, sobre direitos humanos e a truculência policial que também já sofri por morar em comunidade. Está me dando mais força para seguir em frente no cotidiano", diz Alexandra Rodrigues Cardoso, dona de casa moradora de Consolação que participa do projeto.

Ela conta que sofre de depressão e entrou no projeto desacreditada, mas que hoje encontra um local de acolhimento. "Podemos nos expressar, ter com quem nos expressar sem ser criticada ou julgada".

Alexandra também destaca que as visitas externas têm ajudado no aprendizado e formação das mulheres. Ela considera marcante a visita às ruínas da Igreja de Queimado, na Serra, marco da maior rebelião de negros escravizados no Espírito Santo.

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Outra que vem participando do Conectando Mulheres é Maria José Barreto, moradora do Jaburu. Cuidadora escolar e auxiliar de creche, ela trabalhava na área há 10 anos, mas ficou sem emprego com a paralisação das atividades no início da pandemia. Apesar das dificuldades, aproveitou para buscar mais conhecimentos por meio do projeto. "O que mais me chamou atenção foi a proposta de unir as comunidades, que muitas vezes estão em guerra. Mesmo quando conhecemos pessoas que pensam completamente diferente, conseguimos lidar muito bem", relata.

Além de destacar a relação com outras moradoras do entorno e qualidade das palestras, que "vão servir para a vida inteira", ela também tem tido oportunidades para tentar superar um de seus principais desafios no momento, o desemprego. "Me ajudou muito uma palestra sobre como se comportar em entrevistas de emprego. Foi essencial para mim e algumas mulheres, com dicas simples que ajudam bastante. Muitas vezes ficamos nervosas e não sabemos como nos comportar", conta Maria José.

Crislayne Zeferina destaca que o projeto também recebe doações de máscaras, álcool gel e outros itens e está aberto à parceria com organizações feministas ou outras entidades que queiram apoiar o trabalho. O contato pode ser feito pela página no Instagram ou pelos e-mails ou .

"Acho que projetos como esse precisam ser mais divulgados. Quem mora na baixada não conhece a verdadeira realidade das comunidades. Outros bairros de periferia precisam adotar esse tipo de atividade", considera Alexandra.

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