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Rodoviários aceitam acordo e suspendem greve desta quinta-feira

Assembleia da categoria aprovou proposta de reajuste e redução de jornada

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Ceturb

Os trabalhadores do transporte coletivo da Grande Vitória aprovaram, nesta quarta-feira (10), a proposta final apresentada pelas empresas após meses de negociação. A decisão foi tomada em Assembleia Geral Extraordinária, que decidiu por suspender a greve prevista para começar nesta quinta-feira (11).

A proposta patronal contempla reajuste salarial de 6%, aumento de 7% no tíquete-alimentação, e redução da jornada diária para 7 horas, o que significa 20 minutos a menos de trabalho por dia. Os rodoviários argumentavam que essa diminuição era essencial para enfrentar os esgotamentos físico e mental que se agravaram nos últimos anos.

O movimento paredista envolveria a paralisação total do Sistema Transcol, administrado pela Companhia Estadual de Transportes Coletivos de Passageiros do Espírito Santo (Ceturb-ES), e operado por empresas privadas, que atuam sob contrato, com regras e supervisão do Estado – Expresso Santa Paula, Serramar, Vereda, Viação Praia Sol, Viação Serrana, Viação Grande Vitória, Nova Transportes, Santa Zita, Unimar e Viação Satélite.

Diante da aprovação, a greve está suspensa “por enquanto”, afirma a diretoria do Sindicato dos Rodoviários do Espírito Santo (Sindirodoviários) em nota divulgada após a assembleia, reforçando que a categoria seguirá acompanhando o cumprimento do acordo.

O encontro ocorreu depois de dias de forte mobilização e de uma primeira deliberação, na semana passada, em que a categoria havia autorizado o início da paralisação caso não houvesse avanço nas negociações. Durante a reunião desta quarta-feira, trabalhadores discutiram os pontos do acordo e, segundo o sindicato, aprovaram o pacote com “avanços consideráveis” em relação às rodadas anteriores.

O presidente da entidade, Marquinhos Jiló, afirmou que o acordo representa, além dos ganhos financeiros, resgatar parte da dignidade retirada pela rotina exaustiva do sistema de transporte. “É um dia de vitória para cada rodoviário e rodoviária que acreditou na sua própria força. Cada minuto a menos na jornada e cada centavo a mais no salário representam um pouco mais de dignidade, saúde e qualidade de vida para quem move a cidade”, declarou. Segundo ele, o acordo “não foi dado”, mas “arrancado com muita luta, organização e coragem da nossa base”.

O sindicalista reforçou que a mobilização dos trabalhadores foi decisiva para alterar uma postura que ele classificou como “histórica de descaso” por parte do sistema. “Mostramos que, unidos, somos capazes de reverter o descaso. O sindicato cumpriu seu papel, mas os verdadeiros heróis são os trabalhadores e trabalhadoras que não se curvaram”, afirmou.

A pauta foi formalmente apresentada às empresas em setembro. Desde então, os rodoviários denunciaram cargas de trabalho consideradas abusivas, além de riscos permanentes ligados à violência urbana e à pressão psicológica. A categoria já vinha alertando sobre a fuga de profissionais do setor, o que poderia provocar um “colapso iminente” no transporte público, na avaliação da entidade.

O sindicato afirma que, nos últimos anos, motoristas e cobradores enfrentaram perdas salariais acumuladas e deterioração das condições de trabalho. A direção ressalta que o acordo representa “um alívio imediato” e um “passo fundamental” para frear os desgastes. “Rodoviários valorizados e com condições dignas de trabalho são a base indispensável para um transporte público eficiente e humano”, prossegue no comunicado oficial.

Apesar das conquistas celebradas, o Sindirodoviários informou que seguirá “vigilante” quanto ao cumprimento integral dos pontos acordados e com articulações de novas frentes de valorização para a categoria. “A luta segue, sempre! Pela valorização contínua da categoria e em defesa do transporte público”, concluiu o comunicado.

Em assembleias na última quinta-feira (4) e nessa terça (9), motoristas e cobradores relataram uma rotina marcada por adoecimento, violência urbana e jornadas consideradas insustentáveis. Antes de aceitar a proposta final, os rodoviários haviam rejeitado sucessivas contrapropostas das empresas e consideraram “vergonhosas” as ofertas apresentadas pelo patronal, que se limitavam à reposição inflacionária de 4,49% e ignoravam pontos centrais da pauta, como redução da carga horária, recomposição salarial real e melhorias mínimas nas condições de trabalho.

A rejeição gerou forte mobilização da categoria, que passou a cobrar publicamente a mediação do governo Renato Casagrande (PSB), que entrou diretamente na negociação, pedindo que o sindicato avaliasse uma nova rodada de diálogo antes de deflagrar a greve prevista para esta semana. Com a sinalização de avanço nas conversas, os rodoviários decidiram esperar até esta quarta-feira (10) pela proposta final, que atendeu de fato às reivindicações históricas da categoria, avalia a organização.

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