Sacerdote faz desabafo nas redes sociais após ser discriminado em supermercado
O padre Manoel David fez um desabafo nas redes sociais sobre a discriminação que sofreu dentro do supermercado Casagrande, no bairro Aeroporto, em Guarapari, nessa quarta-feira (20). Ele relatou perceber que estava sendo seguido por um segurança dentro do estabelecimento. Para confirmar sua suspeita, mesmo depois de ter escolhido os produtos dos quais precisava continuou a andar pela loja, sendo seguido durante todo o tempo.
O segurança, segundo ele, o seguiu até o caixa. O sacerdote relata que nesse momento, irritado, ele tirou o boné, jogou no caixa, falou com o segurança que ia pagar as compras, mostrou sua carteira sacerdotal e declarou sua percepção sobre o comportamento anormal do funcionário. Ainda de acordo com o padre, um outro segurança, ao ver a cena, se aproximou e disse que ele havia celebrado o casamento de sua mãe, apaziguando a situação.Manoel David acredita ter passado por essa situação por causa da maneira como estava vestido, além de estar com a barba por fazer. "Me vejo vivendo essa situação somente pelo fato de estar de bermuda, camiseta e boné de uma loja de material de construção de Guarapari. Ou será porque não tenho porte de turista branco? Preconceito? Racismo? Supermercado Casagrande de Guarapari segue o caminho do Carrefour", afirma, indignado, referindo ao assassinato de um homem negro, João Alberto Silveira Freitas, espancado por seguranças de uma loja do Carrefour em Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, em novembro passado.
O padre afirma que se colocou no lugar de muitos que não ocupam a mesma posição social que ele e não são conhecidos. "O outro segurança me reconheceu, mas quem não é conhecido, como fica? Será que se fosse outra pessoa, mostrando o RG, conseguiria se defender? Um RG não ia significar nada para eles, já a carteira sacerdotal dá respaldo", diz Manoel David.
O sacerdote viveu em Guarapari por cerca de 15 anos, onde atuou em todas as paróquias, como vigário e pároco, menos na São José, no bairro de mesmo nome. Em 2020 saiu do município para atuar na paróquia São Pedro, na Vila Rubim, em Vitória.
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Comentários: 9
Racistas não passarão.
Absurdo !!! Ter que se identificar para guarda de supermercado... Que orientação é dada a esse guarda ? Quem é o supermercado pra punir alguém de ser cliente ?
Eu me solidarizo com o Padre Manoel e com todos os negros e negras que neste país são vítimas do racismo estrutural e são sempre tratados como "elementos suspeitos!
Padre Manoel tem razão sobre o racismo e o tratamento desigual, ferindo a dignidade da pessoa humana.
É preciso mudar essa cultura de discriminação racial.
*Racistas não passarão*
Caçando encrenca... Já fui seguido por segurança. É o trabalho dele, deixei-o trabalhar, não tenho o que temer.
Nosso país está se tornando campo minado para negr@s e pobres. A qualquer passo que se dá pode ser morto pelo simples fato de estar ali. Toda solidariedade ao Pe. Manoel. Racistas não passarão!
As ovelhas seguem o bom pastor! O padre que não entendeu a mensagem.
Verdadeiramente verdade o racismo é muito grande onde pessoas de cor ou com situação financeira difícil é considerado bandido. Fico revoltada com uma situação dessas as vezes os seguranças são de cor e nem assim usam da inteligência para saber decifrar um bandido de um cidadão de bem. enquanto isso Brasília está lotada de bandidos.
Muito triste o que anda acontecendo neste nosso Brasil. Foi disseminado um ódio em todos os sentidos. Apesar de ser branca, me aconteceu semelhante situação em uma Drogaria. Já morei em Guarapari, conheci o padre Manoel por quem guardo um grande respeito. A sua luta pelos mais desprezados e necessitados. Fica meu repúdio veemente. Não podemos nos calar.