Assembleia vai definir próximos passos da mobilização contra a gestão de Marcus da Cozivip

Após quatro dias de greve, que só terminou com uma decisão do Tribunal de Justiça do Espírito Santo (TJES), os servidores municipais de São Mateus, no norte do Estado, vão definir em assembleia nesta terça-feira (2), os próximos passos da mobilização. Apesar da notificação judicial, as categorias mantiveram o ato político marcado para o mesmo dia e deliberaram pelo retorno ao trabalho, mas mantêm a agenda de pressão política. Desde então, o sindicato representativo cobra avanços concretos da gestão de Marcus da Cozivip (Podemos) e critica o silêncio da prefeitura.
Os servidores relatam que conseguiram apoio de vereadores que se comprometeram a levar as demandas para a gestão municipal. Na semana passada, representantes da categoria ocuparam a tribuna da Câmara Municipal para falar da luta das categorias. Em assembleia realizada dois dias depois, o sindicato recebeu cinco vereadores – Professora Valdirene (PT), Wan Borges (PSB), Rafael (PDT), Branco (PL) e Isamara (União) – e apresentou sua contraproposta, protocolada na prefeitura no último dia 21. O documento reivindica reajuste de 5,56% para os servidores administrativos e de 6,27% para os profissionais da educação, ambos retroativos a janeiro, em conformidade com os pisos nacionais do magistério e da enfermagem.
Para os servidores, a suspensão da greve não representou recuo, mas uma estratégia diante da decisão judicial, como reforça a presidente do Sindicato dos Servidores Públicos Municipais (Sindserv), Fabiane Santiago. Ela avalia que o ato realizado mesmo após a liminar reforçou a disposição da categoria de manter a luta em diferentes frentes, enquanto aguarda um posicionamento do Executivo.
Segundo a dirigente, a entidade foi surpreendida com um novo pedido da prefeitura: a majoração da multa diária de R$ 50 mil, fixada para descumprimento da decisão, para R$ 100 mil. Não foi atendido de imediato e a Justiça decidiu aguardar a manifestação do sindicato. “Nós protocolamos nossa defesa, reafirmando a legalidade do movimento e apontando a tentativa do município de apenas enfraquecer a mobilização”, relatou.

O sindicato também protocolou um ofício na última semana solicitando reunião com a prefeitura para dar andamento às negociações. Até o momento, no entanto, não houve resposta. “O que nos perguntamos é: esse silêncio do município significa o quê? Um encerramento das negociações? O município de fato quer dialogar ou apenas queria encerrar a manifestação nas ruas?”, questionou Fabiane.
Ela lembra que a ilegalidade da greve foi reconhecida apenas de forma liminar, e que o mérito ainda será analisado pelo TJES. O principal impasse segue sendo a falta de um plano de recomposição gradual das perdas salariais acumuladas, aponta. Mesmo reconhecendo que não seria possível aplicar todo o reajuste de imediato, a categoria defende que a prefeitura apresente um cronograma de adequações.
Durante os quatro dias de greve, o sindicato calcula que cerca de 700 servidores participaram diariamente das manifestações e avalia que o engajamento não diminuiu após a suspensão da paralisação. “Tivemos adesão significativa nas assembleias e seguimos contando com o apoio da população, que compreende que nossa luta não é apenas por salário, mas pela valorização do serviço público”, afirmou.
Desde o ano passado, o Sindserv tem cobrado o cumprimento do pisos nacionais do magistério e da enfermagem, além do pagamento do salário mínimo aos servidores administrativos. O salário inicial pago aos professores é de R$ 2.403,52 para uma jornada de 25 horas semanais. No entanto, considerando a conversão do piso nacional de 2025 para essa carga horária, o valor deveria ser de R$ 3.042,35. Para os servidores administrativos, o salário base inicial é de R$ 1.260,73, inferior ao mínimo nacional, atualmente em R$ 1.518.
A situação era semelhante para as categorias da enfermagem, que recebiam salários-base abaixo da legislação nacional: R$ 1.260,84 para auxiliares e parteiras; R$ 1.536,96 para técnicos e R$ 4.620 para enfermeiros. Após o anúncio de greve geral, a gestão anunciou na última semana que adequaria as remunerações ao piso salarial, que define o valor mínimo em R$ 2.375, R$ 3.325 e R$ 4.750 para os níveis médio, técnico e superior, respectivamente, com pagamentos retroativos aos profissionais.
De acordo com sindicalista, a prefeitura propõe 3% de reajuste para todos os servidores, além de 1,5% adicional para os profissionais do magistério. Na prática, isso representaria 4,5% de aumento para professores e 3% para os demais trabalhadores do funcionalismo. A categoria considerou a medida insuficiente.