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Servidores estaduais decidem manter greve por mais 30 dias

Assembleia geral unificada foi realizada após caminhada nesta quinta-feira

Os servidores públicos estaduais decidiram nesta quinta-feira (29) pela manutenção da greve por mais 30 dias, caso o governo Renato Casagrande (PSB) não sinalize abertura de negociação. Uma Assembleia Geral Unificada foi realizada para deliberar os próximos passos do movimento após caminhada que atravessou três cidades da Grande Vitória até o Palácio Anchieta, sede do governo do Estado, no Centro de Vitória.

Sindipúblicos

A mobilização, organizada pelo Sindicato dos Trabalhadores e Servidores Públicos do Estado (Sindipúblicos), marca o 24º dia de paralisação do funcionalismo, que reforça a exigência por abertura de diálogo e proposta de recomposição salarial que, segundo o sindicato, não representaria impacto significativo nas contas públicas. A presidente da entidade, Renata Setúbal, afirma que a categoria não pretende recuar. “A estratégia é continuar na luta, não sair das ruas até que o governo nos ouça”, resumiu.

“O governo não deu nenhuma resposta, não chamou para conversar. Parece que quer esgotar a categoria em vez de dialogar”, criticou a presidente do Sindipúblicos, Renata Setúbal, durante o início do ato desta quinta. A concentração começou em frente ao Instituto Estadual de Meio Ambiente (Iema), no bairro Jardim América, em Cariacica. De lá, os manifestantes seguiram pela Segunda Ponte, atravessando Vila Velha e chegando a Vitória pelas Cinco Pontes. O grupo encerrou a caminhada em frente ao Palácio Anchieta, para chamar a atenção do governo para a falta de resposta às reivindicações.

“As movimentações estão positivas, a categoria está unida, mas revoltada com a falta de interesse do governo”, acrescentou Renata. Ela destaca que desde o início da greve, o Executivo estadual não apresentou qualquer contraproposta nem convocou o sindicato para uma reunião.

O projeto apresentado pelo sindicato em abril prevê uma reposição inflacionária média de 30% para 3,8 mil servidores ativos, com impacto estimado em 1,1% da folha de pagamento estadual. O cálculo foi elaborado a partir de um estudo interno, que aponta perdas salariais acumuladas ao longo de vários anos. “Não conseguimos entender por que o governo ainda não atendeu essa demanda. O impacto é mínimo. Continuaremos nas ruas e nas redes até sermos ouvidos. Não queremos nada além do que é justo”, reitera Renata.

Ela destaca que a paralisação tem afetado diretamente áreas estratégicas da administração pública, o que evidencia o papel essencial dos servidores na execução das políticas do Estado. “A fiscalização agropecuária, os licenciamentos ambientais e até a agricultura estão sendo prejudicados. Muitos produtores ficam impossibilitados de acessar créditos, porque dependem de documentos do Incaper [Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural]”, explicou.

Para a liderança sindical, a greve mostra à sociedade que os servidores são a ponta de onde as políticas públicas chegam à população. “Esses trabalhadores estão na gestão do Estado e são responsáveis por garantir que o serviço público chegue até as pessoas, seja na saúde, na educação, na agricultura ou no meio ambiente. Quando o governo não valoriza seus servidores, ele também não valoriza o cidadão que depende desses serviços”.

Sindipúblicos

Ao avaliar o cenário político do Espírito Santo, ela considera que o momento é desfavorável tanto para os servidores quanto para o Estado e, principalmente, para a população. “Um governo que não valoriza seus servidores e não busca mediação durante uma greve também não está valorizando o serviço público e, consequentemente, a sociedade”, argumenta. “Até agora, não tivemos nenhuma conversa com representantes do governo. Seguimos sozinhos, com apoio da base, mas sem retorno institucional”, aponta.

O sindicato também reforça que a mobilização tem sido acompanhada com apoio crescente da população e de outras entidades. “Nossas dores estão sendo ecoadas pela sociedade. O servidor está nas ruas e nas redes, mostrando que o Estado só funciona porque há gente comprometida por trás de cada serviço”, declarou Renata..

Primeira mulher a presidir o Sindipúblicos, ela encara o momento como um teste de resistência e de construção coletiva. “É um desafio enorme conduzir uma greve dessa dimensão, mas também um marco importante. Temos buscado ampliar o diálogo com a base, descentralizar decisões e dar visibilidade à importância de cada carreira”, disse.

A proposta apresentada pelo Sindipúblicos à Casa Civil prevê equiparação proporcional entre os salários entre poderes. No Judiciário, a remuneração básica para 30 horas semanais é de cerca de R$ 7 mil, enquanto no Executivo, servidores com a mesma formação ganham R$ 6,9 mil para 40 horas. Para corrigir essa desigualdade, a equiparação proporcional em negociação prevê que os vencimentos do nível superior no Executivo passem para R$ 9,3 mil, um reajuste de aproximadamente 35%. Para o nível técnico, a proposta é de 70% desse valor, e para o nível médio, 50%, seguindo parâmetros semelhantes aos adotados na lei do piso da enfermagem.

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