Categorias querem reajustes retroativos e cobram reunião com Renato Casagrande

O funcionalismo público estadual fixou um prazo final até o próximo dia 31 para que a Secretaria de Gestão e Recursos Humanos (Seger) encaminhe à Secretaria de Estado do Governo (SEG) a proposta de reestruturação de carreiras. A definição ocorreu em assembleia nesta quarta-feira (10), que definiu as próximas ações em defesa da Campanha Salarial de 2025. O grupo também pede para negociar diretamento com o governador Renato Casagrande (PSB).
As categorias, representados pelo Sindicato dos Trabalhadores e Servidores Públicos (Sindipúblicos), terão mais duas assembleias – no próximo dia 16 e em 21 de janeiro – e também enviarão, em conjunto com o Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras da Saúde no Espírito Santo (SindSaúde-ES), um documento cobrando que a Seger e Secretaria de Estado da Saúde (Sesa) entreguem ao governador a proposta de reestruturação de carreiras ainda neste mês de dezembro, com pagamento retroativo dos reajustes a partir de abril de 2025.
A principal preocupação é garantir que todas as informações necessárias para análise de Casagrande sejam encaminhadas dentro de um prazo que permita negociações ainda no primeiro trimestre de 2026. Para o Sindipúblicos, o governo já teve tempo suficiente para consolidar sua posição e agora precisa cumprir os compromissos assumidos.
“Chegou a hora do Executivo cumprir com suas funções, assim como nós cumprimos, respeitando os prazos e garantindo que o governador possa ter em mãos as demandas dos servidores públicos. Além dos nossos reajustes, que nós vamos conseguir junto com a reestruturação das carreiras, nós também vamos ganhar com a união de nossa categoria. O movimento que fizemos para a Campanha Salarial nos garantiu força, união e confiança. Nossa luta continua forte”, enfatizou a presidente do Sindipúblicos, Renata Setúbal.
Ela avalia que as assembleias têm reafirmado a crescente preocupação da categoria com a lentidão das tratativas dentro do Executivo. Segundo o sindicato, a base está cada vez mais frustrada com a falta de respostas conclusivas sobre o processo de reestruturação de carreiras, considerado central para corrigir distorções acumuladas ao longo de anos no serviço público estadual.
Na última semana, após a assembleia realizada em frente à Seger no dia 3 de dezembro, a diretoria sindical se reuniu com o secretário de Gestão e Recursos Humanos, Marcelo Calmon, e estabeleceu um prazo de sete dias corridos para a apresentação de um calendário de negociação, e que uma reunião com o governador Renato Casagrande (PSB) fosse marcada para discutir pessoalmente as demandas da categoria. Calmon se comprometeu a encaminhar a solicitação, mas até agora sem respostas.
A mobilização atual é consequência de um longo período de tentativas frustradas de avançar nas negociações com o governo. No início de novembro, após semanas aguardando definições e sem avanços concretos, o Sindipúblicos anunciou novas etapas de mobilização e estabeleceu o dia 8 de dezembro como prazo final para que o Executivo apresentasse o calendário de negociação sobre a reestruturação das carreiras no Espírito Santo. A expectativa era que, a partir disso, fosse possível organizar a agenda das mesas setoriais e iniciar efetivamente a discussão técnica.
No entanto, o prazo expirou sem que o governo estadual apresentasse qualquer documento formal ou previsão de agenda, o que intensificou a insatisfação da categoria. Diante disso, o Sindipúblicos e SindSaúde passaram a atuar em parceria para fortalecer o movimento, ampliar a representatividade e pressionar o governo a reconhecer a urgência das demandas.
Segundo os sindicatos, é essencial que o governo apresente uma proposta capaz de corrigir defasagens acumuladas, garantir valorização profissional e estruturar carreiras de forma coerente com as responsabilidades desempenhadas pelos servidores estaduais. O pagamento retroativo a abril de 2025 é considerado um elemento indispensável para evitar novas perdas salariais.
Renata Setúbal lembra que desde a primeira reunião com representantes do governo, após a suspensão da greve, não houve entrega de nenhum documento com datas, metas ou compromisso formal de avanço. O movimento paredista foi interrompido após o governo estadual ter garantido o retorno imediato da mesa de negociação salarial, o abono de todos os dias parados, e a não interrupção da contagem do período como tempo de serviço para fins de férias, progressão, promoção e licença-prêmio. Ainda em estado de greve, os servidores continuam em alerta.
O Sindipúblicos defende a reestruturação das carreiras como essencial para garantir a valorização dos servidores e mitigar a evasão de profissionais do serviço público estadual, situação que vem comprometendo a qualidade e a continuidade de políticas públicas essenciais. A pauta encaminhada ao Palácio Anchieta se baseia em três eixos: recomposição salarial real, reorganização das tabelas de remuneração, e desenho de progressões que valorizem a permanência no serviço público.
A proposta apresentada à Casa Civil prevê equiparação proporcional entre os salários dos servidores do Executivo e do Judiciário. No Judiciário, a remuneração básica para 30 horas semanais é de cerca de R$ 7 mil, enquanto no Executivo, servidores com a mesma formação ganham R$ 6,9 mil para 40 horas. Para corrigir essa desigualdade, a equiparação proporcional em negociação prevê que os vencimentos do nível superior no Executivo passem para R$ 9,3 mil, um reajuste de aproximadamente 35%. Para o nível técnico, a proposta é de 70% desse valor, e para o nível médio, 50%, seguindo parâmmetros semelhantes aos adotados na lei do piso da enfermagem.

