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‘Somos o contínuo dessa luta’

Jéssica Felizardo ressalta ações do Dia Nacional da Visibilidade Lésbica

Para marcar o Dia Nacional da Visibilidade Lésbica, celebrado em 29 de agosto, coletivos, fóruns e ativistas promovem atividades culturais e políticas na Grande Vitória. As ações buscam dar destaque às trajetórias de mulheres que amam mulheres, fortalecer redes de apoio, e enfrentar o preconceito que ainda marca a realidade da população lésbica capixaba, como destacam as organizadoras.

A data foi instituída em razão do 1º Seminário Nacional de Lésbicas (Senale), realizado em 1996, e se consolidou como um marco da luta por direitos e reconhecimento. Além disso, agosto também lembra o Dia do Orgulho Lésbico, no dia 19, quando há 42 anos, ativistas do Grupo Ação Lésbica Feminista (Galf) ocuparam o Ferro’s Bar, em São Paulo, para denunciar a lesbofobia e reivindicar espaço para difundir suas produções políticas.

Em Vitória, o Fórum Municipal LGBTQIA+ Gabi Monteiro promove a exibição do documentário Ferro’s Bar, dirigido coletivamente pelo Cine Sapatão, seguida pela roda de conversa “Sapatão é revolução: lutas, afetos e re(existência)”. A programação ocorre nesta quarta-feira (27), às 18h30, no Campus Goiabeiras da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes).

Para a militante Jéssica Felizardo, que integra o Fórum Municipal, a escolha do documentário carrega um sentido histórico da resistência em um momento político de grande repressão e violações de direitos, no contexto da ditadura militar. Ferro’s Bar resgata memórias das sapatonices no Brasil e mostra que estamos aqui hoje porque muitas mais velhas colocaram seus corpos e bandeiras na linha de frente, mesmo em tempos de ditadura. Somos o contínuo dessa luta”, destaca.

Para ela, o evento busca afirmar que a lesbianidade vai além da orientação sexual: “É uma prática política para desconstruir a heterossexualidade compulsória e afirmar uma ética de vida”, destaca.

Arquivo pessoal

O evento também terá apresentação cultural da cantora Kátia Fialho e participação do Núcleo de Estudos e Pesquisas em Sexualidades (Neps) e do coletivo Trans Encruzilhadas, reforçando a transversalidade entre pautas de identidades cis e trans.

Na Serra, o Fórum Municipal pela Cidadania LGBTI+ e o Coletivo Santa Sapataria realizam na próxima semana, domingo (31), a quarta edição do Piquenique Delas no Parque da Cidade, em Valparaíso. Entre as participantes confirmadas, a escritora Lorraine Paixão fará recitará alguns poemas do seu livro Quando o corpo treme, que reúne textos escritos ao longo de sua juventude, retratando descobertas, afetos e dores da vivência lésbica. A autora também levará alguns exemplares para distribuir entre as participantes do evento, que reunirá ainda apresentação de slam, graffiti e prática de auriculoterapia.

De acordo com Girlandia Conceição, integrante da organização do piquenique, a atividade se consolida como espaço de fortalecimento. “Historicamente, a mulher lésbica esteve em muitos movimentos, mas nunca pôde ser protagonista. O piquenique vem para reafirmar que precisamos de políticas públicas específicas na saúde, na educação, na empregabilidade. É também uma vitrine para mostrar que estamos aqui, produzindo arte, cultura e cidadania”, destacou.

Ela lembra ainda a importância de ocupar espaços públicos, mesmo diante do preconceito. “Muitas mulheres têm medo de aparecer em fotos e serem prejudicadas no trabalho. Mas quanto mais nos reunimos, mais conseguimos reduzir esse medo e desconstruir a desinformação. É um ato de resistência e de esperança”, acrescenta.

3ª edição do Piquenique Delas, em Jacaraípe – Foto: Fórum LGBT da Serra

No Sul do Estado, o Coletodes (Coletivo de Diversidade Sexual e de Gênero de Anchieta) realizou nesse domingo (24) a Queimada da Diversidade, na Praia Central. A atividade é realizada em datas afirmativas e, desta vez, fez referência direta ao Dia da Visibilidade Lésbica.

Para a militante Vicky Nascimento, a proposta é transformar o esporte em ferramenta política. “Quando promovemos a queimada da diversidade em Anchieta, estamos afirmando o direito básico de existir e ocupar o espaço público. É um gesto de coragem e de esperança, que mostra que nossa cidade pode ser mais inclusiva e humana”, explicou. Ela ressalta ainda que a ação fortalece coletivos locais e a juventude LGBTQIA+, criando redes de apoio em um contexto de exclusão e violência simbólica ou física.

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