“Não estamos pedindo nenhum privilégio”, afirma Valnisio Hoffmann, do Sindipetro-ES
Trabalhadores dos navios-plataforma FPSO Petrobras 57 (P-57) e Petrobras 58 (P-58), que atuam na extração de petróleo no litoral do Espírito Santo, aderiram à greve nacional dos funcionários da estatal, iniciada às 0h desta segunda-feira (15), por tempo indeterminado. De acordo com a Federação Única dos Petroleiros (FUP), os médicos e dentistas que atendem aos trabalhadores capixabas também aderiam em 100% à paralisação.
O P-57 e o P-58 estão localizados no campo de Jubarte, a cerca de 80 quilômetros da costa capixaba, no litoral do município de Anchieta, no sul do Estado. Segundo a FUP, os petroleiros já desembarcaram em terra, e a orientação era para que a operação das plataformas fosse entregue às equipes de contingência. A paralisação não inlui a sede administrativa estadual da Petrobras, em Vitória – nesta semana, a maioria dos funcionários está em teletrabalho.
De acordo o presidente do Sindicato dos Petroleiros do Espírito Santo (Sindipetro-ES), Valnisio Hoffmann, a adesão dos trabalhadores das plataformas offshore foi “surpreendente”, e até mesmo funcionários de setores que não costumam entrar na mobilização se somaram desta vez. “Não estamos pedindo nenhum privilégio, queremos justiça social. Não tem cabimento a empresa distribuir bilhões em dividendos aos acionistas e do outro lado falar em austeridade, querer reduzir custos às custas do trabalhador”, comenta.

A Federação Única dos Petroleiros informou também que trabalhadores de unidades da Petrobras em nove estados, incluindo o Espírito Santo, aderiram à greve, em sedes administrativas ou bases de produção terrestre e marítima: Amazonas, Rio Grande do Norte, Bahia, Minas Gerais, Rio de Janeiro, São Paulo, Paraná e Santa Catarina.
No total, a FUP inclui 14 sindicatos filiados, representando cerca de 25 mil empregados. Há também a Federação Nacional dos Petroleiros (FNP), que representa mais de 50 mil trabalhadores da área. A greve foi aprovada após 103 dias de negociações.
A campanha reivindicatória é centrada em três eixos principais aprovados nas assembleias sindicais: distribuição justa da riqueza gerada; fim dos descontos extras dos Planos de Equacionamento de Déficits (PEDs) para equilibrar o fundo de pensão Petros; e reconhecimento da Pauta pelo Brasil Soberano, com suspensão dos desimplantes e das demissões, em defesa do caráter estatal da empresa.
Segundo a FUP, a Petrobras ofereceu apenas 0,5% de ganho real de reajuste de salário, dentro de um cenário em que a empresa destinou R$ 37,3 bilhões para pagamento de dividendos de acionistas nos nove primeiros meses deste ano.
“A categoria quer respeito, dignidade e uma justa distribuição da riqueza gerada. A greve aprovada nas assembleias é por um ACT forte, que resgate direitos perdidos nos governos Temer e Bolsonaro, e que garanta qualidade de vida e condições decentes de trabalho para todos os trabalhadores, inclusive os prestadores de serviço”, afirmou a FUP, em comunicado logo após a aprovação da greve.

