O ato faz parte de movimento nacional contra o aumento da violência de gênero

Uma manifestação pelo fim do feminicídio será realizada em Vitória neste domingo (7), a partir das 15h, tendo como ponto de encontro o Memorial Araceli, no final da Praia de Camburi. O ato compõe o movimento nacional Levante Mulheres Vivas, com mobilização simultânea em dezenas de cidades do Brasil, em resposta ao crescimento da violência de gênero no país.
Durante a manifestação, haverá espaço de fala para representantes dos movimentos sociais que compõem o ato, e também para parlamentares, como a deputada federal Jack Rocha (PT), a deputada estadual Camila Valadão e a vereadora de Vitória Ana Paula Rocha (ambas do Psol). Está prevista, ainda, a declamação de uma poesia pela atriz e escritora Suely Bispo.
O Levante Mulheres Vivas elaborou uma pauta nacional com propostas em oito eixos: Delegacias da Mulher 24h e atendimento especializado, instalação das Casas da Mulher Brasileira; Casas-Abrigo, acolhimento imediato e rede de proteção; resposta rápida e efetiva no Sistema de Justiça; autonomia imediata para mulheres em risco; proteção dos filhos e filhas de mulheres em violência; paridade feminina obrigatória no poder público e no judiciário; regulação das plataformas digitais, discursos de ódio e violência online; orçamento obrigatório e cumprimento integral da lei orçamentária.
Em Vitória, também deverão ser abordadas pautas locais. De acordo com Flávia Moutinho, integrante do Cine Por Elas e da Frente pela Legalização e Descriminalização do Aborto no Espírito Santo (Flaes), os pontos a serem destacados incluem um alerta sobre o aumento dos feminicídios no Estado e críticas ao funcionamento das “Salas Marias” nas delegacias de Polícia Civil capixabas.
O objetivo das Salas Marias, criadas no ano passado, é promover atendimento humanizado a vítimas de violência de gênero, de acordo com o Governo do Estado. Entretanto, segundo Flávia, as equipes dentro das delegacias, em sua grande maioria, não têm preparo adequado para acolher as mulheres. Há, inclusive, denúncias de abusos dentro das próprias salas, tendo em vista que muitas vezes as mulheres ficam sozinhas.
“Existe um teleatendimento, mas não existe uma equipe multidisciplinar presente e preparada pra receber essas mulheres, que muitas vezes acabam revitimizadas”, comenta Flávia, acrescentando ainda a necessidade de que as delegacias funcionem 24 horas.
No Espírito Santo, segundo informações do Governo do Estado, há uma tendência de queda do número de feminicídios em 2025. Entretanto, no passado, os feminicídios aumentaram 11,5%: de 35 casos em 2023 para 39 em 2024. Isso aconteceu na contramão da redução dos homicídios em geral no Espírito Santo, que foi de 10% em igual período.
Repercussão
Nas últimas semanas, casos de grande repercussão fizeram crescer a indignação contra a violência de gênero no Brasil. Um deles foi o assassinato de uma estudante de pós-graduação de Florianópolis (SC), Katarina Karsten, atacada por um homem quando fazia trilha pela praia. Houve também o caso das servidoras públicas Allane Pedrotti e Layse Costa Pinheiro, no Rio de Janeiro, assassinadas por outro homem que havia trabalhado com elas.
Houve ainda o atropelamento de Tainara Souza Santos, arrastada por um carro por cerca de 1 quilômetro, em São Paulo, levando à amputação das duas pernas. E outro caso envolveu o influenciador digital Thiago Schutz, o “Calvo do Campari”, conhecido pela propagação de conteúdo misógino, e que foi acusado de agressão e tentativa de estupro contra a própria namorada.

