Governador também apontou impactos ao “ânimo dos empreendedores capixabas”
O governador Renato Casagrande (PSB) se posicionou nesta quinta-feira (10) sobre a ameaça do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de impor tarifa de 50% aos produtos brasileiros a partir de 1º de agosto. O governador criticou que a medida tem base política e ideológica, e afirmou que pode “afetar o ânimo dos empreendedores capixabas”.

De acordo com Casagrande, um dos impactos, neste momento, pode ser frear o investimento, diante do cenário de instabilidade, que “tem se mantido desde o início do segundo mandato de Trump, diante de guerras bélicas e tarifárias”. Entre os produtos mais exportados para os Estados Unidos pelo Espírito Santo, segundo o governador, estão as pedras ornamentais, aço, petróleo, café e outros produtos ligados à agricultura.
Caso a ameaça de Trump se concretize, empresas capixabas e de outros estados terão dificuldade para exportar para os Estados Unidos, tendo que buscar outros mercados, o que pode ocasionar redução da atividade econômica, afetar a renda das pessoas, a receita do Espírito Santo e causar desemprego, prevê o gestor. Casagrande, no entanto, acredita que é preciso haver cautela, devendo ser um momento de tentar reverter a situação.
O governador defendeu que, “se for a melhor medida uma reciprocidade tarifária, que seja, mas ela não pode ser um duelo em que um saca uma tarifa de lá e outro de cá”. Afirmou, ainda, acreditar que a ameaça de Trump pode não se concretizar, pois “não há argumento econômico para ficar de pé, não tem como sustentar um argumento político-ideológico por muito tempo”.
Um dos argumentos utilizados por Trump em carta enviada ao presidente Lula (PT), é de que “a forma como o Brasil tratou o ex-presidente Bolsonaro, um líder altamente respeitado em todo o mundo durante seu mandato, inclusive pelos Estados Unidos, é uma vergonha internacional. Este julgamento não deveria estar acontecendo. É uma caça às bruxas que deve acabar imediatamente!”.
Além disso, o presidente dos Estados Unidos menciona o que chama de “centenas de ordens de censura secretas e ilegais às plataformas de mídia social dos EUA, ameaçando-as com milhões de dólares em multas e despejo do mercado de mídia social brasileiro” por parte da Suprema Corte Brasileira.
Casagrande aponta que a iniciativa “é uma discussão inaceitável, não tem nenhuma base, qualquer bom senso, em qualquer debate e relação diplomática”. “Se é prejuízo para nós, é também para os Estados Unidos, pois importam produtos que podem encarecer a vida dos americanos em alguns setores e o funcionamento de algumas empresas”, ressalta.
As declarações do governador foram dadas em coletiva de imprensa, com a participação, também, do secretário de Desenvolvimento, Sergio Vidigal (PDT), e do vice-governador, Ricardo Ferraço (MDB).