Sexta, 19 Abril 2024

Sindicatos e poder público adotam medidas para a colheita do café

cafe_seag Divulgação/Seag
Maio é o mês no qual começa a chamada "panha do café", ou seja, a colheita. A atividade tem até um dia, instituído por lei, em homenagem a ela. Trata-se do 14 de maio, data oficial do início da colheita de conilon. Entretanto, em contexto de pandemia do coronavírus, a "panha do café" vem acompanhada de apreensão, pois costuma atrair trabalhadores de várias cidades e de outros estados, como Bahia, Rio de Janeiro e Minas Gerais para os municípios produtores. Isso pode aumentar o contágio de Covid-19 e requer medidas de prevenção por parte dos trabalhadores rurais e do poder público.

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Segundo o presidente da Federação dos Trabalhadores em Agricultura no Estado do Espírito Santo (Fetaes), Júlio César Mendel, a colheita do conilon está em alta nesta época do ano principalmente em municípios como Montanha, Ponto Belo, Barra de São Francisco, Nova Venécia, São Mateus e Santa Teresa, além de cidades do sul, a exemplo de São José do Calçado, Iúna e Brejetuba. Ele explica que a colheita, que dura de dois a três meses, inicia em maio por ser nesse período que cerca de 80% dos frutos estão maduros, fazendo com que a perda da safra seja menor. 
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Neste contexto de pandemia, Júlio destaca que uma das ações realizadas para prevenção à Covid-19 foi a elaboração de uma cartilha em parceria com o poder público estadual. Nela, há orientações como realização de triagem, por parte dos municípios, para identificar sintomas de Covid-19 em trabalhadores vindos de fora; disponibilização de água limpa e sabão no campo, não contratação de pessoas que fazem parte do grupo de risco, além de colocar refeitórios, escritórios, estoques, armazéns e alojamentos em locais abertos e arejados. 

"A agricultura não pode parar, se parar, não haverá produção de alimento. E a colheita não pode esperar, já que se não forem colhidos os grãos podem estragar. A alternativa é se prevenir, tomar as precauções para que não haja disseminação do vírus e a produção do alimento seja feita de maneira segura, com proteção à vida humana", diz o presidente da Fetaes. A confecção de uma cartilha de orientação também foi uma das alternativas de prevenção criadas pela Prefeitura Municipal de Santa Teresa, na gestão do prefeito Gilson Amaro (DEM), por meio de uma parceria com Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Santa Teresa.

Segundo Gilson Amaro, também estão sendo feitas barreiras sanitárias no interior do município, com atuação dos bombeiros e da vigilância sanitária, além de distribuição de equipamentos de segurança. Outra alternativa de prevenção à Covid-19, segundo a presidente do sindicato, Adriana Rúbia Raffele, é a contratação de mão de obra local para evitar o deslocamento de pessoas de outras cidades e estados para Santa Teresa no período da "panha do café". 

De acordo com Adriana, a pandemia aumentou o desemprego na região e quem perdeu seus postos de trabalho está sendo aproveitado na colheita. "Não estão vindo pessoas de outros estados, até porque elas estão com medo de se deslocar por causa da pandemia. Estamos recebendo pessoas de municípios próximos, como Itarana e Santa Maria de Jetibá, mas percebemos que em relação a outros anos esse número reduziu cerca de 50% pela prioridade à mão de obra local", diz. 

Uma das alternativas encontradas pela Prefeitura Municipal de São Mateus, na gestão do prefeito Daniel Santana Barbosa (PSDB), foi a redução da contratação de mão de obra para evitar deslocamento de pessoas de outras localidades para o município. Segundo o secretário de Agricultura, Renilto Quimquim Correa, a quantidade de trabalhadores na colheita do café já vinha sendo reduzida há algum tempo, independentemente da pandemia, por causa da mecanização. Ele afirma que também está sendo feita distribuição de equipamentos de proteção não somente para a colheita do café, mas também para a de outros produtos que estão em alta no momento, como pimenta Jamaica, coco e aroeira. 

No sul, a presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Iúna e Irupi, Mônica Castro de Oliveira, afirma que a região costuma receber trabalhadores de Laginha, em Minas Gerais, para a "panha do café". Por isso, relata Mônica, a entidade, junto às prefeituras de Iúna e Irupi, está elaborando cartilhas com orientações para prevenção com foco nos patrões e nos trabalhadores. Segundo a presidente, o ponto considerado mais crítico é em relação ao transporte, pois a região é fria e normalmente os ônibus vêm com janela fechada, o que aumenta risco de contaminação. 

Mônica afirma que a entidade também está dialogando com lideranças locais para que sejam multiplicadoras em seus grupos no que diz respeito às medidas de prevenção. Já o presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de São José do Calçado, Carlos Roberto de Souza Silva, afirma que não há grande perigo de contágio no município durante a colheita do café, pois grande parte dos produtores são meeiros ou pequenos agricultores, sendo eles mesmos responsáveis pela colheita. 


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O Espírito Santo é o segundo produtor de café do Brasil, com mais de 27% da produção nacional, e primeiro produtor de conilon, responsável por cerca de 20% do café robusta do mundo. A produção de café no Espírito Santo em 2020 deve chegar a 14,1 milhões de sacas, segundo estimativa da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). Deste total, espera-se colher cerca de 9,8 milhões de sacas de conilon e, aproximadamente, 4,3 milhões de sacas de arábica. 

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