Sábado, 27 Abril 2024

​Campanha eleitoral para Reitoria da Ufes entra na reta final

castro_rosa_divulgacao_ana_luz Divulgação/Ana Luz
Divulgação/Ana Luz
O período de campanha do processo eleitoral para escolha de reitor e vice-reitor da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) para o quadriênio 2024-2028 está em seus últimos dias. A pesquisa informal ocorrerá nesta quarta-feira (8), das 7h às 22h, em todos os campi universitários. Poderão votar quase 30 mil pessoas, dentre professores, técnicos administrativos e estudantes regularmente matriculados na graduação (presencial e a distância), pós-graduação (doutorado e mestrado), e residências médica e multiprofissional.

Nesta eleição, duas chapas do campo progressista disputam a preferência. A "Chapa 10 – Nossa Ufes: Incluir, Construir, Transformar" tem como candidato a reitor Eustáquio de Castro, professor do Departamento de Química e vice-diretor do Centro de Ciências Exatas (CCE), e como vice, a professora Sonia Lopes Victor, do Departamento de Teorias do Ensino e Práticas Educacionais. O bloco representa uma continuidade do grupo ligado ao atual reitor, Paulo Vargas.

Posicionando-se como oposição à Reitoria atual, a "Chapa 20 - Ufes+" é encabeçada por Edinete Maria Rosa, professora do Departamento de Psicologia Social e do Desenvolvimento e diretora do Centro de Ciências Humanas e Naturais (CCHN), e tem como vice Maria Lúcia Teixeira Garcia, docente do Departamento de Serviço Social.

Durante a campanha, a "Chapa 10" buscou abarcar mais apoiadores dentro da própria comunidade acadêmica. Já a "Chapa 20" evidenciou que possui entusiastas entre representantes de movimentos sociais e figuras que ocupam cargos políticos. Uma delas a professora Ethel Maciel, secretária nacional de Vigilância em Saúde e Ambiente (SVSA) - candidata mais votada na pesquisa informal de 2019, mas preterida pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

O resultado oficial da pesquisa será divulgado em 6 de dezembro, e a definição da lista tríplice de nomes para a escolha do presidente Lula ocorrerá em 11 de dezembro.

Debates e clima quente

Nas últimas semanas, o clima esquentou entre os candidatos após a realização dos quatro debates nos campi universitários e postagens nas mídias sociais. Uma das controvérsias foi a divulgação de um vídeo no perfil de Instagram da "Chapa 20", na qual um integrante da coordenação do Movimento dos Atnigidos por Barragens (MAB), Heider Boza, declara apoio a Edinete e alfineta o bloco concorrente.

"Não tem como nós, atingidos pelo maior crime ambiental da história do nosso país, apoiarmos uma reitoria chefiada pela Fundação Renova, fundação privada criada para ser uma laranja, uma testa de ferro das criminosas Vale e BHP", disparou Heider.

Houve reclamação da "Chapa 10" e solicitação da Comissão Coordenadora da Pesquisa Eleitoral (CCPE) para remoção do vídeo, mas a "Chapa 20" recorreu. O vídeo chegou a ser retirado, mas voltou ao ar após conversa e esclarecimentos junto à CCPE.

Na própria postagem, há reações à fala de Heider. "Absurdo este depoimento dado por este rapaz! Quem não trabalha arduamente no PMBA e não conhece a verdade do histórico deste projeto fala estas inverdades. Jamais fomos coniventes com nada, nem com reitoria, nem com Renova e nem com presidente algum. Fico estarrecida com este depoimento absurdo e irreal. Acordem, eleitores. Temos muito orgulho por fazermos parte deste projeto que tem tido excelentes resultados ambientais e sociais. Lamentável!", criticou uma professora da Ufes.

Pesquisa informal

O processo eleitoral para os cargos de reitor e vice-reitor universitários é baseado em uma pesquisa informal com a comunidade acadêmica. Entretanto, o resultado final é definido pelo Colégio Eleitoral, composto por integrantes dos três Conselhos Superiores da Universidade, que indicam uma lista de três candidaturas. Uma delas é sancionada pelo presidente da República, que não é obrigado a nomear a chapa mais votada na pesquisa.

Nas últimas décadas, tradicionalmente, o presidente vinha acatando a decisão da maioria da comunidade acadêmica, mas isso não se repetiu a partir do governo de Jair Bolsonaro. No Espírito Santo, a chapa formada pela professora Ethel Maciel foi a mais votada em 2019, mas não sancionada por Bolsonaro. Situação semelhante se deu em diversas universidades e institutos federais do Brasil.

A expectativa agora é para saber se o presidente Lula retomará a tradição de acatar a escolha da comunidade acadêmica. Em reunião com reitores de universidades e institutos federais realizada em janeiro, conforme noticiado na imprensa nacional, Lula prometeu que respeitaria a autonomia das instituições.

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Comentários: 1

ALEXANDRE CAETANO em Quinta, 16 Novembro 2023 09:15

È preciso fazer um reparo histórico quanto à matéria, o ministro da Educação do governo do ex-presidente Fernando Collor de Mello (1989-1992), José Goldenberg foi o primeiro a contestar a eleição pela comunidade universitária dos nomes que compõem a lista - que na época era sêxtupla - enviada para que o chefe do Poder Executivo escolhesse que seria nomeado para reitor das instituições federais de ensino superior. Na época, Goldenberg, que chegou a ser presidente da SBPC (Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência) defendia que o critério de escolha fosse maior para os professores (70%), em detrimento dos estudantes e técnicos administrativos (15% para cada), além de levar em conta a titulação dos candidatos. Assim, o governo da época chegou a escolher outros nomes na listas indicadas pelas universidades e quase fez o mesmo com a Ufes, onde a lista tríplice era encabeçada pelo professor do Departamento de Economia, Roberto da Cunha Penedo, que inclusive foi eleito numa votação que usou como critério o voto universal. Goldenberg chegou a ensaiar a nomeação de um outro nome da lista sêxtupla, que havia sido seu orientando no doutorado, alegando que Penedo possuía apenas o título de mestrado, mas acabou recuando diante da recusa do indicado - a lista sêxtupla havia sido formada somente com representantes do mesmo grupo político de Penedo -, que ainda o convenceu a seguir o resultado da consulta feita pela comunidade acadêmica da Ufes. Eram outros tempos. O governo Fernando Collor de Mello era conservador, mas não tinha as tendências fascistas que eram latentes no governo do ex-capitão Jair Bolsonaro.

È preciso fazer um reparo histórico quanto à matéria, o ministro da Educação do governo do ex-presidente Fernando Collor de Mello (1989-1992), José Goldenberg foi o primeiro a contestar a eleição pela comunidade universitária dos nomes que compõem a lista - que na época era sêxtupla - enviada para que o chefe do Poder Executivo escolhesse que seria nomeado para reitor das instituições federais de ensino superior. Na época, Goldenberg, que chegou a ser presidente da SBPC (Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência) defendia que o critério de escolha fosse maior para os professores (70%), em detrimento dos estudantes e técnicos administrativos (15% para cada), além de levar em conta a titulação dos candidatos. Assim, o governo da época chegou a escolher outros nomes na listas indicadas pelas universidades e quase fez o mesmo com a Ufes, onde a lista tríplice era encabeçada pelo professor do Departamento de Economia, Roberto da Cunha Penedo, que inclusive foi eleito numa votação que usou como critério o voto universal. Goldenberg chegou a ensaiar a nomeação de um outro nome da lista sêxtupla, que havia sido seu orientando no doutorado, alegando que Penedo possuía apenas o título de mestrado, mas acabou recuando diante da recusa do indicado - a lista sêxtupla havia sido formada somente com representantes do mesmo grupo político de Penedo -, que ainda o convenceu a seguir o resultado da consulta feita pela comunidade acadêmica da Ufes. Eram outros tempos. O governo Fernando Collor de Mello era conservador, mas não tinha as tendências fascistas que eram latentes no governo do ex-capitão Jair Bolsonaro.
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