Palestra de Viviane Mosé marca abertura nesta quinta-feira, em Vitória
O Sindicato dos Trabalhadores em Educação Pública do Espírito Santo (Sindiupes) realiza nestas quinta e sexta-feiras (27 e 28), no Centro de Convenções de Vitória, o 37º Congresso Estadual de Educação Myrthes Bevilacqua, com o tema “Brasil Democrático, Sustentável e Soberano”. O evento deve reunir mais de 5 mil profissionais da educação, entre trabalhadores da ativa e aposentados, e tem como um dos destaques a palestra magna da filósofa, psicanalista e poeta Viviane Mosé.

A dirigente Noêmia Simonassi explica que o eixo central do encontro nasce de uma preocupação crescente com o cenário nacional e internacional. Para ela, discutir soberania e democracia é fundamental em um contexto de “ameaças globais em curso contra a classe trabalhadora”, marcado também pela crise climática e pelo aumento dos ataques aos direitos sociais.
“Soberania tem a ver com direitos e com o poder do país sobre seus próprios recursos, inclusive educacionais”, destacou. Noêmia aponta que esse poder também depende do fortalecimento dos trabalhadores, especialmente da educação, categoria que enfrenta desvalorização profissional. “Tudo o que é do Brasil é nosso, a educação e os recursos naturais e educacionais. Nós é que temos que nos apropriar disso!”, convocou.
Para Noemia, a democracia se manifesta diretamente na escola, na participação de estudantes, professores e famílias na construção das decisões coletivas. Essa importância, porém, vem sendo enfraquecida nos últimos anos. “Se eu luto por democracia, luto por gestão democrática e pela participação popular nos conselhos. Começa na escola, mas no Espírito Santo não temos gestão democrática, e muitos municípios também perderam esse direito”, pontua. A ausência de processos participativos, segundo ela, está ligada à fragilização das políticas públicas e ao retrocesso de direitos que afetam diretamente o trabalho docente.
A diretora reforça que os problemas enfrentados pela educação capixaba também abarcam o excesso de trabalho; adoecimento físico e mental relacionado à atividade laboral; e impactos da reforma administrativa e de outras políticas que ameaçam direitos.
No congresso, enfatiza, a democracia e as questões envolvendo os educadores serão temas que perpassarão todas as mesas, debates e atividades da programação. A partir das discussões, será elaborado o Plano de Lutas de 2026, debatido pelas delegações e votado na plenária final do congresso.
Também será aberto espaço para apresentação de artigos científicos, previamente avaliados por uma banca técnica e publicados posteriormente em livro, como “uma forma de registrar a produção dos trabalhadores e qualificar os debates”, afirmou Noemia. Outra iniciativa consistirá em entregar a Medalha de Honra Capixaba Paulo Freire a educadores que se destacaram na defesa da escola pública e dos direitos da categoria.
O coordenador do congresso, Marcelo Chagas, explica que a programação foi construída para dialogar diretamente com o tema central. A palestra de Viviane Mosé será no dia 27, às 16h30. “Também teremos duas mesas simultâneas de grande relevância, que vão discutir o Plano Nacional de Educação e a reforma administrativa”, adianta.
Ele ressalta ainda mesas sobre educação ambiental, inteligência artificial, saúde mental dos trabalhadores da educação, violência nas escolas, inclusão e educação especial. “São temas distribuídos simultaneamente no espaço, atendendo diferentes áreas de interesse”, afirma. O congresso será encerrado no dia 28, com o stand-up do humorista Diogo Almeida, que aborda o cotidiano dos professores, e uma confraternização.

