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Estudantes da Ufes voltam a cobrar melhorias no Restaurante Universitário

Em protesto realizado nesta sexta, foram listados escassez de comida e demora na fila

Leonardo Sá

Os estudantes da Universidade Federal (Ufes) realizaram manifestação no prédio da Reitoria na tarde desta sexta-feira (3). Eles reforçam as queixas em relação a problemas no Restaurante Universitário (RU), como quantidade insuficiente de comida diante da demanda e aumento do tempo nas filas.

O diretor de Assistência Estudantil do Diretório Central dos Estudantes (DCE), Fernando Souza, diz que o aumento do tempo na fila foi causado pela falta de orientação da empresa contratada para o RU em relação aos funcionários no que diz respeito ao funcionamento do sistema de biometria. Com a demora, os alunos acabam chegando atrasos aos compromissos do dia.

Além disso, aponta, o RU serve um cardápio principal, “mas não consegue calcular a demanda necessária”. Assim, explica Fernando, alguns alimentos acabam e são substituídos por outros. “Ontem [quinta, 2] substituíram por nugget, outro dia por almôndega. É o que a empresa chama de cardápio simplificado”, diz o diretor do DCE.

Leonardo Sá

Nessa quinta-feira (2), o Diretório se reuniu com a Pró-Reitoria de Políticas Afirmativas e Assistência Estudantil (Propaes) e foram apontadas algumas saídas para o problema, anunciadas durante o ato na Reitoria pelo diretor de Gestão de Restaurantes, Iury da Silva. De acordo com ele, os problemas vêm sendo causados principalmente por falta de pessoas e equipamentos.

O servidor relata que a empresa assumiu o serviço há cerca de um mês. Nesse período, houve mudanças no RU, como oferta de suco, sobremesa, jantar em Maruípe, cardápio mais elaborado, mas mantendo o mesmo número de pessoas e com equipamentos em manutenção, como a máquina de lavar pratos. Portanto, esses utensílios estão sendo lavados a mão.

A manutenção dessa máquina, informa, será feita neste final de semana. A contratação de pessoal já estava sendo feita, pois, segundo o diretor, era um problema que já havia sido constatado e dialogado com a empresa. Iury relata que já haviam sido contratados dois profissionais. Hoje, mais 10 deram início ao trabalho. Na próxima semana, mais 10 começarão a atuar no RU.

Leonardo Sá

Quanto à biometria, afirma que houve falta de orientação da empresa com os funcionários, fazendo com que eles dessem informações equivocadas aos alunos, como que a biometria é obrigatória para a entrada no RU. Além disso, o sistema está lento nos campi de São Mateus e Goiabeiras. O servidor relata que um profissional de Tecnologia da Informação (TI) resolveu o problema nesta sexta-feira no campus do norte e até sexta da semana que vem fará o mesmo em Goiabeiras.

Iury destacou, ainda, que o restaurante é da Ufes, “que é dona da política e das diretrizes”. A empresa, portanto, é a prestadora do serviço, estando seu contrato em fase de carência, que termina em 9 de outubro. A partir dessa data será possível aplicar punições financeiras. Até o momento, foram feitas advertências, como diante do fato de o RUzinho, como é conhecido um espaço anexo ao RU, ainda não ter sido reaberto. A previsão era de que a reabertura fosse até 22 de setembro.

Neste semestre começaram a ser implementadas no RU reivindicações históricas dos estudantes, como a oferta de janta em Maruípe e Jerônimo Monteiro. Outra conquista estudantil foi o retorno do suco e da sobremesa, além da oferta de café da manhã. Iury informou que a previsão é que haja oferta de café da manhã em Goiabeiras a partir de dezembro. A ideia, de acordo com ele, é fazer estudos para possibilitar climatização nesse campus e em Maruípe.

As mudanças já implementadas, inclusive, foram discutidas em uma audiência pública “Novo Restaurante Universitário: alimentação e permanência estudantil”, realizada pelo Fórum de Assistência Estudantil da Ufes em agosto último. Contudo, algumas reivindicações faltam ser implementadas. A estudante Kael Miguel Lopes, do Coletivo Neurodivergentes, que atua em defesa dos direitos de neuroatípicos e Pessoas com Deficiência (PCDs) na Ufes, informou, na ocasião, que em reunião com a Administração da universidade foi informado que outras reivindicações dos estudantes seriam atendidas, como distribuição de abafadores de ouvidos para neurodivergentes, mas isso ainda não aconteceu.

As mobilizações por melhorias no RU já são de longa data. Em novembro do ano passado, foi feita uma plenária estudantil para construir mobilizações por demandas como oferta de café da manhã no restaurante. Isso culminou na realização de uma audiência pública realizada em janeiro pela Pró-Reitoria de Políticas de Assistência Estudantil (Propaes) para debater o tema.

Em maio de 2023, os estudantes chegaram a fazer uma ocupação na Reitoria após a Ufes anunciar a suspensão das atividades do RU no jantar e durante todo o dia no dia seguinte. A decisão foi tomada após estudantes, no horário do almoço, terem bloqueado a roleta e liberado a entrada como forma de protestar contra as ameaças da universidade de abrir processos administrativos contra estudantes que pulam roleta. Para o movimento estudantil, os chamados “roletaços” estão atrelados à luta pela permanência dos alunos na universidade, uma vez que muitos não têm condições de pagar pela refeição, que custa R$ 5,00.

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