Sábado, 20 Abril 2024

Licenciatura em Educação do Campo tem inscrições abertas até dia seis de outubro

Licenciatura em Educação do Campo tem inscrições abertas até dia seis de outubro

O primeiro curso de graduação do Espírito Santo voltado para alunos de comunidades rurais, Licenciatura em Educação do Campo (Procampo/Ufes), está com inscrições abertas até o próximo dia seis de outubro, para o ano letivo de 2020, quando ele completa seis anos de criação.



O curso é considerado uma grande conquista das comunidades e movimentos sociais do campo, pois atende às principais necessidades desse público, como a realização das aulas na forma da Pedagogia da Alternância – os alunos vão à universidade uma vez por mês, durante três dias, sendo o restante do tempo dedicado a atividades na comunidade – a oferta de transporte, alojamento e alimentação para os alunos do interior, a participação efetiva dos estudantes na organicidade do curso, entre outros diferenciais.



“Encontrei diversidade dentro da universidade com esse curso. E vi que, em meio a tantas diferenças e particularidades, existe muito o que aprendermos juntos”, declara o estudante do oitavo período de Ciências Humanas e Sociais do Procampo Leomar Honorato Lirio, militante do Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA) na região serrana do Estado.



O professor Walter Giovedi, do Procampo em Vitória, afirma que o curso “faz uma aproximação entre a comunidade e os estudantes e entre a comunidade e a universidade”. “Forma sujeitos, futuros professores e professoras que, ao fazerem imersão nas comunidades, ao trazerem as informações para a universidade, começam a entender qual é o papel que têm que desempenhar com os estudantes de determinada comunidade”.



A também professora em Vitória Débora Amaral ressalta a alta demanda pela formação específica em educação do campo para os professores que atuam nas escolas do interior. “Setenta e sete municípios têm escolas rurais, a única exceção é Vitória”, salienta, mostrando a grande oportunidade que o curso proporciona, qualificando os profissionais para um mercado amplo.



Sujeito coletivo







A coordenadora do curso, Silvanete Pereira, enfatiza a importância da participação dos alunos na organização do curso. “É imprescindível o envolvimento e comprometimento do estudante com a sua comunidade. E uma participação enquanto sujeito coletivo. Na equipe de mística, de animação, de comunicação, nas assembleias, nos elementos de organicidade, nos espaços de construção dos sujeitos coletivos”, elenca. “Nós não vamos mudar a realidade do campo sozinhos, nem a realidade da escola. Precisamos de sujeitos coletivos, que possam envolver os demais professores no projeto político pedagógico da escola do campo”, propõe.



A formação abrange duas ares do conhecimento: Ciências Humanas e Sociais, abordando Filosofia, Sociologia, História e Geografia; e Linguagem, com licenciaturas para Língua Portuguesa, Literatura, Educação Física e Artes.



“As áreas de formação, pesquisa e extensão deverão enfatizar e aprofundar questões relativas à educação do campo, entendida na sua relação com a emancipação dos trabalhadores rurais com a humanização das relações sociais, com o cooperativismo, a preservação do meio ambiente e a cultura, com o pensar o campo na sua complexidade. O que implica considerar a trajetória dos movimentos sociais na luta pela educação do campo como direito, contrapondo-se ao uso da educação atrelada a uma lógica simplesmente mercadológica”, explicita a descrição oficial do curso, no portal da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes).



Reservas de vagas



São 169 vagas para os campi de Vitória e São Mateus. Atendendo à premissa de que o curso “destina-se à formação de professores com postura profissional ética pautada na responsabilidade social para com a construção de uma sociedade includente, justa e solidária”, metade das vagas é destinada a alunos egressos de escolas púbicas durante todo o ensino médio – em cursos regulares ou de Educação de Jovens e Adultos (EJA) – ou que tenham obtido certificado de conclusão com base no resultado do Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM), do Exame Nacional para Certificação de Competências de Jovens e Adultos (ENCCEJA) ou similares.



Dessa metade de vagas, 50% serão reservadas aos candidatos com renda familiar bruta igual ou inferior a 1,5 salário-mínimo per capita, havendo ainda reserva de percentuais específicos para candidatos autodeclarados pretos, pardos ou indígenas (PPI) e candidatos com deficiência, a partir de dados do último censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A reserva de vagas PPI se aplica também às demais vagas, para candidatos com renda superior a 1,5 salário mínimo per capita.



A prova será aplicada no dia 20 de outubro e consiste em uma dissertação sobre algum tema ligado ao contexto da realidade do campo. As expectativas sobre o processo seletivo são grandes entre as comunidades rurais de várias regiões do Estado, onde somente um formato como este, disponibilizado pelo Ledoc, permitem que moradores, muitos deles agricultores ou filhos de agricultores, possam ingressar na universidade e se graduarem.



Aulão



Na vila de Patrimônio da Penha, em Divino de São Lourenço, no Caparaó, até aulões serão ministrados por membros da comunidade, para os candidatos interessados no processo seletivo do Procampo.



“Muito se pensou em democratizara a educação, desde algumas décadas, o que aconteceu no fundamental e médio. Mas quando se fala na universidade, esse é o primeiro curso que eu tenho conhecimento que é voltado realmente para a realidade do homem do campo, incluindo o próprio tema da redação”, comenta o professor de Língua Portuguesa Jorge Ribeiro, um dos voluntários que irá ministrar aulão para os alunos de sua comunidade.



Silvanete salienta ainda a luta dos professores e alunos para manter o funcionamento regular do Procampo, em função dos cortes anunciados pelo governo federal. “Os cortes vão impactar diretamente e de forma particular a licenciatura em educação do campo, porque o Ledoc tem investimento diferente dos outros. Nosso aluno requer alojamento, transporte, faz com que precisemos de mais investimentos. Cortes são preocupantes. Precisamos nos somar aos outros sujeitos da universidade pra reverter essa medida”, anuncia.

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