Sábado, 27 Abril 2024

Turmas parciais serão mantidas no CMEI de Tabuazeiro no turno matutino

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Em um vídeo que circula nas redes sociais, o vereador Anderson Goggi (PP) e a secretária de Educação de Vitória, Juliana Roshner, anunciaram que os estudantes do Centro Municipal de Educação Infantil (CMEI) Jacy Alves Fraga, em Tabuazeiro, terão a opção de se matricular no modelo parcial, em horário matutino. A iniciativa, embora não atenda plenamente o pleito da comunidade, é considerada uma conquista, já que a gestão de Lorenzo Pazolini (Republicanos) estava decidida a deixar como opção somente o integral.

Conforme anunciado no vídeo, tanto o integral quanto o parcial funcionarão no novo prédio construído para abrigar a unidade de ensino. Será adotada uma transição, ou seja, novos alunos não poderão se matricular no parcial, somente os que já estudam no CMEI. Assim, com o passar do tempo, as turmas irão diminuindo, restando somente a opção pelo período integral, conforme explica José Carlos Durans, pai de aluno e uma das lideranças que mobilizaram a comunidade pela manutenção do parcial.

Ele destaca que a reivindicação era de que houvesse a opção pelo parcial também no vespertino e que não precisasse passar por uma transição, mantendo permanente os dois modelos. A explicação dada para a comunidade sobre o porquê de não haver turma parcial à tarde foi de que as aulas do integral terminam às 16h, portanto, a escola fechará nesse horário. Ainda assim, ele classifica o anúncio feito pela secretária de Educação e pelo vereador como uma "vitória importante".

Diante da mobilização, Anderson Goggi se reuniu em meados de outubro com a comunidade e se comprometeu a defender junto à gestão de Pazolini a disponibilização de turmas de período integral e parcial em Tabuazeiro. O compromisso foi considerado um avanço pela comunidade pelo fato de o vereador ser da base do prefeito. Até aquele momento, o apoio à demanda vinha somente de Karla Coser (PT), André Moreira (Psol) e Vinícius Simões (Cidadania), da oposição. 

José Carlos destaca, no entanto, que trata-se de um vitória da comunidade, uma vez que Anderson Goggi "chegou de última hora para dar uma segurada porque a mobilização poderia ganhar força em outros bairros", já que há outras comunidades questionando a implantação do tempo integral e apontando que está sendo feita sem diálogo.

O anúncio da permanência do parcial foi feito na véspera do início da rematrícula, que começa nesta terça-feira (7). Para o diretor executivo do grupo Professores Associados pela Democracia de Vitória (Pad-Vix), Aguinaldo Rocha de Souza, foi uma tentativa de impedir que, vendo que Tabuazeiro conseguiu manter o parcial, outras comunidades intensificassem suas mobilizações para ter o mesmo êxito. "A manutenção do parcial mostra que os trabalhadores e a comunidade tinham razão quanto à possibilidade de os dois modelos serem ofertados", diz.

Aguinaldo destaca, ainda, que o anúncio veiculado no vídeo que circula nas redes sociais foi feito de maneira "equivocada". Para ele, a forma como a informação foi dita é como se a oferta do parcial tivesse sido uma iniciativa da gestão, e não fruto da mobilização da comunidade, além de parecer algo para beneficiar o vereador da base que se propôs a intermediar com a gestão. "É lamentável, mas é essa a análise que podemos fazer. É uma luta que não começou ontem, recorremos à Defensoria Pública; ao Ministério Público; à imprensa, em especial ao Século Diário; fizemos manifestações, tentando dialogar com o prefeito", recorda.

O diretor executivo da Pad-Vix afirma ainda que a manutenção do parcial "não diz respeito somente ao Jacy, mas também a muitas outras escolas que serão transformadas em de tempo integral ou já se transformaram, como a José Lemos de Miranda [em São Pedro]". Contudo, Tabuazeiro foi a comunidade que mais se mobilizou. "Comprovou que a luta é sempre importante, deu exemplo de luta efetivamente. Outras comunidades têm que aproveitar o momento e fazer suas reivindicações", defende.

O Jacy Alves Fraga é o único CMEI do bairro. A defesa pela permanência do modelo parcial se deu porque, na impossibilidade de matricular as crianças no tempo integral, a única saída seria procurar unidades de ensino de bairros vizinhos. No entanto, a violência acaba sendo um impeditivo, pois a locomoção dos moradores entre as comunidades não é bem vista pelo tráfico. Os responsáveis pelos estudantes também questionavam que, no período integral, as aulas terminarão às 16h, o que os impossibilitaria de buscar as crianças, por ser horário de trabalho.

Outro problema é a imposição aos docentes da atuação em tempo integral, portanto, quem tem cadeira em outros municípios ou na rede estadual de ensino, teria que optar por uma delas. A tendência, neste caso, é que os profissionais saiam de Vitória, já que a cidade com menor salário para o magistério na região metropolitana.

Consulta pública

Outra comunidade que se mobilizou e teve seu pleito atendido foi a de Caratoíra, onde está situado o Centro Municipal de Educação Infantil (CMEI) Sinclair Philips. Após mobilização, foi realizada consulta pública em que a comunidade optou pela manutenção da jornada ampliada na unidade de ensino. Essa opção contou com 124 votos. Havia, ainda, outras duas. Uma era um processo de transição de dois anos para que se tornasse um CMEI de tempo integral, que obteve sete votos. A outra, a implantação do integral de forma imediata, com 15 votos. Um voto foi anulado por não ter marcado nenhuma das três opções.
Redes Sociais

A consulta pública foi resultado do anúncio feito pela gestão de Lorenzo Pazolini, sem diálogo, de que a unidade de ensino passaria a ser de tempo integral a partir de 2024. A jornada ampliada vai de 7h às 17h, mas sem a obrigatoriedade dos alunos permanecerem todo o período na escola.

A comunidade escolar questionou o fato de a decisão de transformar o CMEI em unidade de ensino de tempo integral ter sido tomada sem que fosse procurada para dialogar sobre o tema e apontou uma série de problemas que impossibilitam a mudança, como precariedade na infraestrutura; horário de término das aulas, que seria às 16h, quando os responsáveis pelas crianças estão no trabalho; a redução do número de vagas em cerca de 50%; e a extinção de turmas para estudantes de seis meses a um ano. 
Outro argumento foi a violência, já que os responsáveis teriam que matricular os estudantes em CMEIs de bairros vizinhos, como Santo Antônio e Morro do Quadro, o que, aponta a comunidade, é temeroso;

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