Quarta, 24 Abril 2024

Mudança na Sedu: 'ruim com ele, pior sem ele'?

Mudança na Sedu: 'ruim com ele, pior sem ele'?
A comunidade capixaba de educadores recebe com preocupação a notícia da substituição do economista Haroldo Rocha pelo doutor em Controladoria e Contabilidade, Aridelmo Teixeira à frente da Secretaria de Estado de Educação (Sedu). Haroldo deixa o cargo para assumir secretaria-executiva no Ministério da Educação (MEC).


Diretor-presidente do Movimento Espírito Santo Em Ação e cofundador da Fucape Business School, Aridelmo deve acirrar a aliança da Educação com o setor empresarial e reduzir ainda mais o diálogo com a sociedade, na visão da Universidade e dos movimentos sociais de Educação.



“É muito grave”, afirma Gilda Cardoso Araújo, professora do Programa Pós-Graduação em Educação da Universidade Federal do Espírito Santo (PPGE/Ufes) e pesquisadora do Centro de Estudos de Educação e Sociedade da Universidade Estadual de Campinas (Cedes/Unicamp).



“Essa mudança das peças do jogo de xadrez nos preocupa porque potencializa um modelo já desgastado, que não teve rendimento positivos para a Educação capixaba”, declara a educadora, lembrando que o Espírito Santo tem mantido, nos últimos três anos, os piores índices em desempenho e de abandono de estudo no ensino médio. “Trinta por cento dos alunos do primeiro ano do ensino médio abandonam os estudos”, exemplifica.



O quadro piorou muito desde o início do governo Paulo Hartung, explica Gilda, devido à implantação de programas apoiados pelo Movimento Espírito Santo Em Ação, presidido pelo novo secretário Aridelmo. Entre eles, o Escola Viva, e outros estabelecidos em parcerias com entidades empresariais, como Instituto Unibanco e o Instituto de Corresponsabilidade Educacional (ICE).



Os péssimos índices chegaram a tal gravidade, que, este ano, o Espírito Santo recebeu um empréstimo do Ministério da Educação (MEC) para fazer o enfrentamento dessa questão da evasão.



Gilda chama atenção também para o esvaziamento do Fórum Estadual de Educação, pois desde que Hartung assumiu o Palácio Anchieta, o coletivo foi convocado apenas uma única vez, ainda em 2015, sendo totalmente desmobilizado logo em seguida. “Não temos uma única instância de acompanhamento da avaliação dessas políticas”, critica, reclamando ainda da falta de acesso aos dados institucionais.



Os últimos dados disponíveis no site da Sedu são de 2012 e para acessar dados mais recentes, é preciso pedir uma autorização, por meio da Lei de Acesso à Informação. “Como uma política que é estratégica pro Estado, como a Educação, não tem qualquer transparência da disponibilização dos dados?”, questiona. 



O diálogo ainda é aguardado, apesar da previsão de acirramento do isolamento da academia e da sociedade e das “diretrizes gerencialistas emanadas por essas organizações [Movimento ES EM Ação e entidades parceiras]”, afirma Gilda.



“Da parte dos movimentos sociais e da universidade, estamos sempre abertos ao diálogo, porque nós temos um projeto. Esse projeto para educação capixaba e brasileira, vem sendo gestado desde a constituição de 1988. Basta que essas instâncias voltem a funcionar dentro do que se esfera num contexto democrático”, provoca a professora.


Dados

 
O governo Paulo Hartung fechou  42 escolas entre 2015 e 2018. Já as vagas disponíveis na rede estadual passaram de 497,4 mil em 2014, último ano do governo anterior, para 282,9 mil em 2018, último ano do atual mandato de Hartung, uma redução de 43,12% no período. O quadro é caótico também em relação à Educação de Jovens e Adultos (EJA), ao ensino noturno e às escolas do campo.

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