Sexta, 03 Mai 2024

Ocupação na Ufes: estudantes debatem pauta de reivindicações com a Reitoria

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Representantes do Diretório Central dos Estudantes da Universidade Federal do Espírito Santo (DCE-Ufes) e da Reitoria estão reunidos na noite desta terça-feira (30), após iniciado o movimento de ocupação, que já dura 24 horas, e da paralisação na Ufes. A conversa pode pôr fim ao impasse estabelecido com o fechamento do Restaurante Universitário (RU), desde essa segunda (29).

O DCE divulgou, na tarde desta terça, uma carta com as reivindicações levadas à direção da universidade. Entre elas, a gratuidade do RU para todos estudantes e oferta de café da manhã, almoço e jantar em todos os campi; aumento da faixa de renda necessária para os auxílios, que hoje é de um salário e meio; qualificação e diversificação da comida; e instalação de ventiladores ou ar-condicionado.

Outra demanda é ampliação do debate sobre a questão orçamentária do restaurante, deixando claro como é feito o cálculo para estabelecer o valor da refeição para os estudantes, que é de R$ 5,00. Além disso, é reivindicada realização de concurso público para trabalhadores do RU; já que os estudantes afirmam que a equipe foi reduzida, culminado na queda da qualidade da comida, com o aparecimento de larvas.

Os alunos querem, ainda, abertura do restaurante aos finais de semana e férias; abertura do RUzinho, um anexo que fica fechado e cuja abertura é vista pelos estudantes como uma forma de evitar a superlotação; retirada das grades das janelas e portas, que afirmam limitar a segurança em casos emergenciais, como de incêndios; inclusão de suco e mais uma opção de sobremesa no cardápio, já que hoje a sobremesa servida é somente uma fruta; e garantia de que os estudantes não serão criminalizados por processos administrativos ou de qualquer natureza.

A ocupação começou após a Ufes anunciar a suspensão das atividades do RU no jantar dessa segunda-feira e durante todo o dia nesta terça. A decisão foi tomada após estudantes, no horário do almoço, terem bloqueado a roleta e liberado a entrada como forma de protestar contra as ameaças da universidade de abrir processos administrativos contra estudantes que pulam roleta. Para o Movimento Estudantil, os chamados "roletaços" estão atrelados à luta pela permanência dos alunos na universidade, uma vez que muitos não têm condições de pagar pela refeição, que custa R$ 5,00.

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Na tarde dessa segunda, os estudantes chegaram a se reunir com a Administração Central, que alegou não ser possível a reabertura do RU no dia seguinte por problemas técnicos, como falta de tempo hábil para descongelar os alimentos, fazendo com que os alunos decidissem pela manutenção da ocupação. Na manhã desta terça, eles fecharam os portões, concretizando um dia de paralisação. 

Grupo de Trabalho

A Ufes se pronunciou nesta terça, por meio de mais uma nota, afirmando que a manifestação realizada nessa segunda-feira "gerou grandes dificuldades para que o atendimento fosse realizado". Disse ainda que "esse fato se somou a um conjunto de situações que vêm se acumulando e gerando descontentamento, insegurança e até mesmo adoecimento das trabalhadoras e dos trabalhadores do Restaurante Universitário de Goiabeiras".

O texto prossegue dizendo que ocorrem cerca de 500 "roletaços" por dia, o que corresponde a uma média de 15% dos usuários. "Tal fato recorrente traz prejuízos sérios às condições de trabalho no RU, desorganização do processo produtivo e impactos no orçamento do restaurante", diz o documento, que também aponta "situações de agressões e humilhações já registradas contra trabalhadoras e trabalhadores do RU, em especial em relação às mulheres, que compõem a maior parte da força de trabalho".

Além disso, a Administração Central afirma que as unidades da Ufes que respondem pelos restaurantes, "há meses, têm buscado a superação desse problema por meio do diálogo com os estudantes, mas não têm conseguido obter respostas que revertam o quadro de tensão que se instalou no RU de Goiabeiras nos últimos meses". Diante disso, informa, foi nomeado um grupo de trabalho para estudar e propor melhorias nos restaurantes universitários. "Diversas possibilidades estão sendo examinadas dos pontos de vista social, educativo, dialógico, orçamentário e técnico, e, após a conclusão dos trabalhos, as proposições sugeridas serão debatidas com os estudantes", garante.

No texto também é informado que, nessa segunda-feira, o reitor Paulo Vargas; o vice-reitor Roney Pignaton; o pró-reitor de Assuntos Estudantis e Cidadania, Gustavo Forde; e outros assessores estiveram reunidos com representantes do DCE e da União Nacional dos Estudantes (UNE). "Nessa reunião, foi afirmado que o propósito é construir uma solução que dialogue com as reivindicações dos estudantes dentro dos limites orçamentários, legais e administrativos da Ufes, e apresentar ao governo federal outras demandas que extrapolem a capacidade de financiamento por parte da universidade".

A nota prossegue destacando que a Ufes mantém um Programa de Assistência Estudantil que assegura aos estudantes participantes a isenção total do preço da refeição no RU, beneficiando cerca de 4,5 mil estudantes, o que corresponde a 25% dos discentes. Recorda que o preço vigente nos restaurantes da Ufes, fixado em 2018 pelo Conselho Universitário, corresponde a aproximadamente 40% do custo da refeição servida no RU, portanto, o subsídio é de cerca de 60%.


Apoios

Já o Sindicato dos Trabalhadores da Ufes (Sintufes) e a Associação dos Docentes da Ufes (Adufes) manifestaram solidariedade aos estudantes. Para o Sintufes, ao fechar o RU, a Reitoria tentou "colocar os estudantes contra o próprio movimento". "Estamos aqui para prestar solidariedade aos estudantes e reivindicar o direito à alimentação e permanência", disse o coordenador de Formação Política e Sindical, Felipe Skiter. 

A Adufes afirmou que a suspensão das atividades do RU foi considerada "punitivista" pela comunidade e que vê com preocupação "a reação da Reitoria frente ao protesto estudantil, e nos preocupa particularmente a postura que levou, sem diálogo com o movimento, à drástica decisão de suspensão imediata do funcionamento do RU".

A Adufes destaca que muitos alunos já estavam na Ufes quando a suspensão do funcionamento do RU foi anunciada, ficando sem jantar. "Ao invés de aguçar os anseios de estudantes famintos, entendemos que a postura da Administração Central deveria ir na direção do diálogo e da busca por soluções que realmente considerem o Restaurante Universitário como essencial à permanência".

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