Sábado, 20 Abril 2024

Discurso de vereador pode motivar agressões a professores, alerta Sindiupes

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O Sindicato dos Trabalhadores da Educação Pública do Estado (Sindiupes) reagiu ao pronunciamento do vereador de Vitória, Gilvan da Federal (Patriota), que na sessão dessa terça-feira (2) exibiu um vídeo no qual uma professora da rede municipal de ensino aborda em sua aula a temática do chamado pronome neutro. A atitude, de acordo com o vereador, que solicitou aos pais que denunciem casos semelhantes, parte de "militantes que se dizem professores". O Sindiupes ressalta que a medida pode estimular casos de agressão a docentes. 

O pronome neutro tem sido utilizado para se referir às pessoas, independentemente do gênero, a exemplo de todes, em vez de todas ou todos. Gilvan da Federal protestou, tratando como uma "pauta feminista e LGBT, com o objetivo de fazer com que as pessoas tenham que se curvar diante de uma minoria da população, que não se sente homem nem mulher". E prosseguiu: "Respeito o que o adulto quer ser, se quer se apaixonar por uma árvore, problema é dele. Agora, doutrinar criança e os pais permitirem, aí não dá", disse. 

Outros vereadores também se pronunciaram sobre o assunto. Luiz Emanuel Zouain (Cidadania) afirmou que a aula apresentada por Gilvan da Federal é uma "aberração". "O pilar da nossa cultura, de qualquer cultura, é o idioma. No nosso caso, o português", afirmou, destacando também que nenhum professor "tem direito de modificar a língua". O comentário recebeu o apoio do vereador Duda Brasil (PSL), que defendeu que é preciso valorizar o português e as crianças.

O presidente da Câmara, Davi Esmael (PSD), apontou que é preciso se preocupar com o que é ensinado nas escolas. "É papel desta Casa, a não ser que apaguemos a função de fiscalizar", corroborou. A fala dele foi uma resposta à vereadora Camila Valadão (Psol), que disse que o retorno às aulas em meio à pandemia e a vacinação imediata é que deveriam ser "objeto de debate mais intenso na casa". Para ela, "o que se afirma ser ideologia, é uma tentativa de silenciar determinados avanços e pautas".

Karla Coser (PT) também contestou a afirmação de que há um ataque às famílias por parte de professores, conforme afirma Gilvan da Federal. Ela defende que a iniciativa da professora que deu aula sobre pronome neutro protege crianças e adolescentes que são discriminadas por causa de sua orientação sexual.

Ainda sobre o debate a respeito da família, Camila Valadão questionou de qual família se está falando. "Há várias famílias na composição brasileira. Há famílias chefiadas por mulheres, há famílias homossexuais. A ideia de família é idealizada, de que só existe no modelo homem e mulher. Isso é um equívoco. Colocar a pecha de família desestruturada nas que não seguem esse modelo é não garantir apoio, acolhimento. Que possamos defender todas as famílias!", destacou.

O pesquisador de diversidade sexual, professor de português e diretor do Sindiupes e da Confederação Nacional dos Trabalhadores da Educação (CNTE), Christovan Mendonça, reforça que a atitude do vereador pode culminar em agressões contra os professores. "Isso é criminoso, incita o ódio e a desordem social. A escola está aberta ao diálogo. Se os pais querem entender o porquê de determinado conteúdo, podem perguntar para o professor. Mas incitar o ódio pode fazer com que haja ameaças, agressões físicas, que se chegue às vias de fato", pontua.

Christovan defende, ainda, que embora os pronomes neutros não existam na forma culta da língua portuguesa, é preciso levar em consideração que a língua está em constante movimento. "O que é padrão hoje passou por uma construção na sociedade". Ele aponta também que é "descabido" utilizar a norma culta em determinadas ocasiões. "Eu jamais entraria em um auditório com 99 mulheres e um homem e usaria o padrão, que seria utilizar o masculino", exemplifica.

O professor acredita que os pronomes neutros promovem o respeito e a inclusão. "Acolhe, não doutrina ninguém, apenas acolhe homens, mulheres e uma parcela que, sim, realmente é pequena, que não se identifica como homem ou mulher, mas que luta por espaço e merece respeito, compreensão e acolhimento", defende. Christovan considera que esse acolhimento vale, inclusive, para o exemplo do auditório, no qual, afirma, poderia ser utilizado todes como forma de incluir o único homem naquele espaço.

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Comentários: 11

Éfrem em Sexta, 05 Março 2021 13:25

Parabéns vereador, continue denunciando esses militantes travestidos de professor. Nenhum pai/mãe de aluno que se preze, quer ver ser filho(a) sendo doutrinado por essa turma, por isso, quando surge vaga nas escolas cívico-militares são tão disputadas.

Parabéns vereador, continue denunciando esses militantes travestidos de professor. Nenhum pai/mãe de aluno que se preze, quer ver ser filho(a) sendo doutrinado por essa turma, por isso, quando surge vaga nas escolas cívico-militares são tão disputadas.
Cipriano em Sexta, 05 Março 2021 14:42

É lamentável a postura de legisladores que ao invés de usar a casa de leis em benefício da sociedade a utilizam para perseguir professores, implantarem de forma antagônica suas ideologias doutrinadoras. Escola não é partido político, escola não é igreja, escola não é parlamento e nem palco de opressão, escola é lugar de autonomia do pensamento, desenvolvimento do conhecimento e liberdade de cátedra dos professores que estudam e se dedicam no pluralismo cultural, democrático e científico.

É lamentável a postura de legisladores que ao invés de usar a casa de leis em benefício da sociedade a utilizam para perseguir professores, implantarem de forma antagônica suas ideologias doutrinadoras. Escola não é partido político, escola não é igreja, escola não é parlamento e nem palco de opressão, escola é lugar de autonomia do pensamento, desenvolvimento do conhecimento e liberdade de cátedra dos professores que estudam e se dedicam no pluralismo cultural, democrático e científico.
CHRISTIANO em Domingo, 07 Março 2021 07:33

PARA mim, escola eh lugar onde se aprendem disciplinas como Lingua Portuguesa, MATEMATICA, fisica, quimica, historia do BRASIL, historia geral, biologia, educaçao fisica, ingles, espanhol, etc..... o resto eh pura bobagem e perda de tempo.

PARA mim, escola eh lugar onde se aprendem disciplinas como Lingua Portuguesa, MATEMATICA, fisica, quimica, historia do BRASIL, historia geral, biologia, educaçao fisica, ingles, espanhol, etc..... o resto eh pura bobagem e perda de tempo.
Antônio em Sexta, 05 Março 2021 21:49

Parabéns vereador, continue denunciando esses militantes travestidos de professor, aliás bandidos travestidos de professor!!!

Parabéns vereador, continue denunciando esses militantes travestidos de professor, aliás bandidos travestidos de professor!!!
Thiago Rodrigues em Sexta, 05 Março 2021 22:09

Pelos comentários de algumas pessoas percebemos que o objetivo não é o pronome, nem a defesa de um padrão de língua portuguesa, mas apenas agredir e anular quem pensa diferente. Escola é o berço do respeito que muitas crianças e adolescentes não aprendem ou não encontram em casa.
Infelizmente, alguns adultos estão incapacitados para respeitar e dialogar de forma verdadeiramente cidadã - e patriótica como repetem alguns papagaios.

Pelos comentários de algumas pessoas percebemos que o objetivo não é o pronome, nem a defesa de um padrão de língua portuguesa, mas apenas agredir e anular quem pensa diferente. Escola é o berço do respeito que muitas crianças e adolescentes não aprendem ou não encontram em casa. Infelizmente, alguns adultos estão incapacitados para respeitar e dialogar de forma verdadeiramente cidadã - e patriótica como repetem alguns papagaios.
CHRISTIANO em Domingo, 07 Março 2021 07:34

Eu sou patriota e nunca me senti um papagaio!!! voce eh um papagaio vermelho????

Eu sou patriota e nunca me senti um papagaio!!! voce eh um papagaio vermelho????
CHRISTIANO SUNDERHUS FILHO em Domingo, 07 Março 2021 07:36

Ao inves de protestarem segunda-feira, os professores de Vitoria devem continuar trabalhando nas escolas e sem bobagem de ideologia de genero para atrapalhar as ideias e o raciocinio logico das indefesas crianças. A esquerda manipula muito facil as mentes de crianças, afinal de contas, ainda sao um livro em branco!!!

Ao inves de protestarem segunda-feira, os professores de Vitoria devem continuar trabalhando nas escolas e sem bobagem de ideologia de genero para atrapalhar as ideias e o raciocinio logico das indefesas crianças. A esquerda manipula muito facil as mentes de crianças, afinal de contas, ainda sao um livro em branco!!!
Tiago em Domingo, 07 Março 2021 13:46

Gostei muito da opinião do professor, Christovam. Apóio seu pensamento de que os pais devem conversar com os professores se tiverem alguma dúvida e não irem atrás da opinião de um vereador que até agora não mostrou um trabalho relevante na Câmara.
Para quem estuda sabe que a língua é um "organismo vivo" e muita coisa está em transição e mudança quando se trata de linguagem.
Parabéns ao sindicato que se posiciona em defesa da sua categoria e de uma Educação sem preconceitos.

Gostei muito da opinião do professor, Christovam. Apóio seu pensamento de que os pais devem conversar com os professores se tiverem alguma dúvida e não irem atrás da opinião de um vereador que até agora não mostrou um trabalho relevante na Câmara. Para quem estuda sabe que a língua é um "organismo vivo" e muita coisa está em transição e mudança quando se trata de linguagem. Parabéns ao sindicato que se posiciona em defesa da sua categoria e de uma Educação sem preconceitos.
Adriano Albertino em Domingo, 07 Março 2021 14:36

Quando legisladores fundamentalistas se colocam na condicao de censores toda sociedade perde com isso. Educar nao e escolher um modelo unico a ser imitado por todos. Educar e reconhecer, respeitar e valorizar a diversidade dos modos de vida e expressoes humanas. Uma sociedade evoluida e realmente desenvolvida garante as diversas formas de expressao e nao exclui ninguem. Parabens Trabalhadores em Educacao e SINDIUPES pelo posicionamento e luta constante na defesa da Educacao e da Vida.

Quando legisladores fundamentalistas se colocam na condicao de censores toda sociedade perde com isso. Educar nao e escolher um modelo unico a ser imitado por todos. Educar e reconhecer, respeitar e valorizar a diversidade dos modos de vida e expressoes humanas. Uma sociedade evoluida e realmente desenvolvida garante as diversas formas de expressao e nao exclui ninguem. Parabens Trabalhadores em Educacao e SINDIUPES pelo posicionamento e luta constante na defesa da Educacao e da Vida.
José Paulo em Quarta, 10 Março 2021 10:55

O diretor do Sindiupes disse bem certo: "Eu jamais entraria em um auditório com 99 mulheres e um homem e usaria o padrão, que seria utilizar o masculino"; Agora, digo eu, a questão é que em meio a população, uma minoria é gay, e querem fazer da exceção a regra. Não concordo e vou lutar contra essa palhaçada. O que os gays devem exigir é respeito, e só. Não venham querer doutrinar nossas crianças. Esse tipo de discurso só invoca o ódio na maioria dos pais. Parabéns ao vereador que trouxe esse tema em pauta.

O diretor do Sindiupes disse bem certo: "Eu jamais entraria em um auditório com 99 mulheres e um homem e usaria o padrão, que seria utilizar o masculino"; Agora, digo eu, a questão é que em meio a população, uma minoria é gay, e querem fazer da exceção a regra. Não concordo e vou lutar contra essa palhaçada. O que os gays devem exigir é respeito, e só. Não venham querer doutrinar nossas crianças. Esse tipo de discurso só invoca o ódio na maioria dos pais. Parabéns ao vereador que trouxe esse tema em pauta.
Valeska em Segunda, 21 Junho 2021 14:42

Independente da linha de pensamento. Nenhum legislador deve ameaçar..tirar o emprego de ninguém ..ate mesmo porque nao foi ele que a pôs no cargo..Isso é abuso de um poder que ele NÃO tem. Sobre a discussão é a liberdade de gênero...isso deve ser feito no lugar certo..junto a secretaria de educação..Sem fazer ou promover ódio à trabalhadora ..que diga-se de passagem, segundo a constituição tem direito a ampla defesa

Independente da linha de pensamento. Nenhum legislador deve ameaçar..tirar o emprego de ninguém ..ate mesmo porque nao foi ele que a pôs no cargo..Isso é abuso de um poder que ele NÃO tem. Sobre a discussão é a liberdade de gênero...isso deve ser feito no lugar certo..junto a secretaria de educação..Sem fazer ou promover ódio à trabalhadora ..que diga-se de passagem, segundo a constituição tem direito a ampla defesa
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