Quarta, 24 Abril 2024

População protesta contra fechamento de cursos noturnos em Afonso Cláudio

Os moradores de Afonso Cláudio, região serrana, realizaram ato de protesto contra a decisão da Secretaria de Estado da Educação (Sedu) que fechou os cursos noturnos de cinco comunidades do interior. A manifestação nesta quinta-feira (25) começou às 14 horas, e foi realizada próximo à Escola Viva da sede do município. Contou com cerca de 200 pessoas, segundo os organizadores.
 
O fechamento dos cursos nas localidades onde moram os estudantes foi exclusivamente para obrigá-los a se matricular na Escola Viva, localizada na sede do município, denunciaram os manifestantes. Eles exigem que a Sedu reabra imediatamente os cursos fechados.
 
Participaram ex-estudantes que foram obrigados a deixar a escola depois que a Sedu fechou seus cursos, pais de alunos - em sua maioria agricultores - professores, entre outros. 
 
Denunciaram os prejuízos que têm com o fechamento dos cursos noturnos, o que na prática, os impede de ajudar as famílias nas lavouras, e estudar normalmente à noite.
 
Nas falas, os manifestantes condenaram a medida, assinalando que a Sedu ignorou as condições culturais, econômicas e das estradas da região, só para atingir o seu fim de ocupar todas as vagas na Escola Viva em Afonso Cláudio.
 
Denunciaram que o secretário de Estado da Educação, Haroldo Rocha, ignorou a cultura local, onde os adolescentes ajudam a família no campo durante o dia e estudam à noite. Mas só conseguem estudar porque as escolas estão próximas de suas casas.
 
A Escola Viva fica distante das comunidades. De Piracema à sede de Afonso Claudio, são  36 quilômetros, 72 quilômetros considerando a volta; 48  quilômetros de ida e volta de Vila Pontões à sede municipal.  
 
Como as estradas são péssimas, a duração e o risco das viagens, em estradas de chão, muitas passando à beira de precipícios, têm de ser consideradas. Quando chove, é praticamente impossível transitar nestas localidades, como para a Mata Fria, por exemplo.  
 
O fechamento dos cursos noturnos é uma  armação da Sedu contra os alunos que já vem de bastante tempo. O ensino médio da escola de Mata Fria, a 24 quilômetros da sede em estrada de chão, em região de morros,  foi encerrado em 2015. A medida da Sedu  excluiu da escola quase 100 adolescentes.
 
O mesmo ocorreu na comunidade de São Francisco, que perdeu o ensino médio. Há determinação judicial, não cumprida pela Sedu, para abertura dos cursos nestas comunidades.
 
Mas há situação pior. As comunidades de Piracema, Vila Pontões e Fazenda Guandu também perderam o ensino médio noturno, mas o juiz Luciano Fiorot negou determinar a reabertura das matrículas para o ensino médio nas comunidades. A Promotoria do Ministério Público (MPES) de Afonso Cláudio, em ação do promotor Valtair Lemos Loureiro,  fez recurso contra a decisão, que está no Tribunal de Justiça (TJES).
 
As comunidades aguardam uma nova posição judicial que atenda aos seus interesses, e não os da Sedu. 
 
Emoção
 
Demitida injustamente pela Sedu por denunciar o crime do fechamento das escolas, a professora Solange Maria Moizes, que ensinava Português, relatou parte das atividades no ato de protesto.  
 
Primeiro foi o ato público próximo da Escola Viva. Depois, fizeram passeata até a porta da Superintendência da Educação, onde sequer foram recebidos. Então, se encaminharam para a sede da Justiça no município. O juiz Luciano Fiorot recebeu uma comissão de três manifestantes, entre eles, a própria professora Solange.
 
Os manifestantes perguntaram ao juiz por que não atendeu as comunidades que buscaram Justiça para reabrir os cursos noturnos fechados. Ele informou aos presentes que sua decisão em não atender as comunidades de Piracema, Vila Pontões e Fazenda Guandu decorreu de informações que recebeu da Sedu de que havia transporte para os estudantes destes lugares até a sede do município.
 
Também disse que recebeu um abaixo-assinado de pessoas destes lugares dando conta de que o problema estava resolvido.  Ao juiz foi dito que o documento foi forjado e que no caso da Mata Fria, a Sedu mentiu à Justiça, pois não mandou representantes realizar a matricula na comunidade, conforme sua determinação.
 
O juiz sugeriu que matriculassem as crianças na Escola Viva até que a situação se resolvesse, o que a comissão rejeitou, argumentando que a Sedu não aceita transferir os alunos desta escola, e a decisão da comunidade é de reabrir os cursos fechados, pois a educação é direito constitucional.
 
O juiz disse então que é preciso aguardar o julgamento do recurso feito ao Tribunal de Justiça. Mas os representantes da comunidade disseram que esperavam uma outra decisão do magistrado, que conhece os problemas da localidade. E informaram ainda que têm esperança de que sejam atendidos e os cursos reabertos imediatamente, para que os adolescentes matriculadas possam recomeçar seus cursos em 2018.

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