Grupo Pad-Vix volta a criticar falta de diálogo da gestão de Pazolini na adoção do modelo

A gestão de Lorenzo Pazolini (Republicanos) anunciou que mais três escolas municipais passarão a funcionar em tempo integral: Otacílio Lomba, em Maruípe; Vercenílio da Silva Pascoal, em Joana Darc; e João Bandeira, em Gurigica. O anúncio foi feito em reunião com diretores de escola nessa segunda-feira (29). Contudo, conforme afirma o grupo Professores Associados pela Democracia de Vitória (Pad-Vix), mais uma vez o processo de integralização não foi dialogado com a comunidade.
O diretor-executivo da Pad-Vix, Aguinaldo Rocha de Souza, afirma que a entidade não é contra o modelo integral, mas sim contra a forma como a gestão implanta, “empurrando goela abaixo algo que modifica a vida das famílias, dos professores, dos estudantes”.
De acordo com Aguinaldo, os diretores foram apenas informados da mudança, “como se não tivessem direito de dialogar, conversar, opinar” sobre o tema. O professor relata que a gestão ainda não conversou, também, com as três comunidades afetadas, apesar da iniciativa impactar em seus cotidianos.
Aguinaldo destaca que um dos problemas que a situação pode causar é referente a famílias que, mesmo tendo uma unidade de ensino próxima de suas casas, têm que colocar os filhos para estudar em outros bairros, pois eles fazem parte do programa Menor Aprendiz e não podem estar em escola e tempo integral. Para ele, a integralização deveria ser feita de maneira gradativa, mantendo turmas parciais, e não as extinguindo de vez.
Além disso, aponta, há escolas sem infraestrutura, como a João Bandeira, que “é muito verticalizada, com pouco espaço para possibilitar atividades diferentes, como demanda o modelo integral”. Aguinaldo afirma que, em cinco anos de gestão do prefeito Pazolini, a administração nunca se reuniu com os diretores de escola para discutir políticas públicas de educação. “É o primeiro prefeito desde 1989 que não faz isso”, diz.
A gestão, nos últimos anos, tem sido questionada por adotar modelo integral sem diálogo com as comunidades. Em 2023, a Câmara Municipal aprovou o Projeto de Lei (PL) 223/2023, de autoria do Executivo, que transformava em colégios de tempo integral duas Escolas Municipais de Ensino Fundamental (EMEFs) e cinco Centros Municipais de Educação Infantil (CMEIs).
Os CMEIs abarcados no projeto eram o Valdivia da Penha Antunes Rodrigues, em Santos Dumont; Prof. Carlos Alberto Martinelli de Souza, em Gurigica; Rubens Vervloet Gomes, em Jardim Camburi; Jacy Alves Fraga, em Tabuazeiro; e Denizart Santos, na Ilha do Príncipe. As EMEFs são Edna de Mattos Siqueira Gaudio, em Bento Ferreira; e José Áureo Monjardim, em Fradinhos. Dessas, as unidades de ensino de Santos Dumont, Tabuazeiro e Fradinhos já vinham se mobilizando contra a imposição do tempo integral.
Na ocasião, a comunidade de Fradinhos afirmou ter sido pega de surpresa com a integralização da escola e apontou que a unidade de ensino não tem infraestrutura para isso. Inclusive, que para as crianças continuarem no colégio, os pais teriam que retirá-las de projetos sociais como os do Serviço de Convivência para Crianças e Adolescentes Caminhando Juntos (Cajuns), da própria Prefeitura de Vitória, que, segundo os responsáveis pelas crianças, tem mais opções de atividades do que a proposta de tempo integral.
Em Tabuazeiro, a comunidade escolar do Cmei Jacy Alves Fraga chegou a coletar 482 assinaturas no abaixo-assinado feito para reivindicar a criação de uma unidade de tempo parcial ou com horário misto, que contemple também, portanto, o modelo integral. O documento foi protocolado na Secretaria Municipal de Educação (Seme), Câmara de Vereadores, Conselho de Educação de Vitória (Comev), Defensoria Pública do Espírito Santo (DPES), Ministério Público Estadual (MPES), Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente (Concav), Conselho Tutelar, Sindicato dos Trabalhadores em Educação Pública do Espírito Santo (Sindiupes) e na PAD-Vix.
No abaixo-assinado, constava que não há impedimento legal ou pedagógico para a reivindicação, uma vez que a meta 06 – Educação Integral do Plano Nacional de Educação, que estabelece a oferta de ensino integral em, no mínimo, 50% das escolas públicas, atendendo a pelo menos 25% dos alunos da educação básica, prevê a possibilidade de adoção das escolas com carga horária mista.