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Documento vai reunir orientações de acolhimento a casos de violência na Ufes

Comunicado foi feito ao Projeto Fordan, que sugeriu medida em casos contra a mulher, comunidade LGBTQIA+ e racismo

A Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) comunicou ao Projeto Fordan, da instituição de ensino, que irá produzir um documento para normatizar e orientar o acolhimento a pessoas que sofrem violência. O comunicado foi feito após o projeto solicitar uma ação deste tipo com foco em casos de violência contra a mulher, comunidade LGBTQIA+ e racismo, garantindo a integridade de estudantes, professores e gestores. O assunto foi tratado no ofício 001/2022, encaminhado pelo gabinete da Reitoria.

O Fordan foi convidado para contribuir na elaboração do documento. Conforme consta no ofício, a universidade, por meio da comissão Universidade Promotora da Saúde (UPS), já deu início ao estudo para a redação sobre a atuação institucional nos casos de adoecimentos mentais.

Criado em 2005, o Fordan faz acolhimento a mulheres e famílias em vulnerabilidade social. A proposta de criação do documento foi feita após o projeto acompanhar o caso de uma aluna que o procurou para solicitar ajuda. Ela narrou um episódio de ideação suicida durante a aula e não houve acolhimento por parte do professor e dos colegas, que, inclusive, passaram a hostilizá-la.
A hostilização dos colegas, segundo a aluna, foi depois de ela ter questionado a atitude do docente. O questionamento foi assunto em grupo de WhatsApp, no qual houve comentários agressivos contra a universitária. Um deles diz que “se não aguenta estudar, porque está com o psicológico abalado, vai para a terapia, não projeta suas frustrações e desamores anteriores em uma pessoa que não tem nada a ver. Para com essa carência de falar um monte de coisa que ninguém quer saber na aula. Fala depois, gente! No particular! Nossos professores são super abertos a conversar no off”.
A estudante, então, procurou a coordenação do curso, a Pró-Reitoria de Assuntos Estudantis e Cidadania (Proaeci), e a Ouvidoria, mas não foi atendida de imediato. Também passou nas salas de aula para relatar o que estava vivendo. Fora da Ufes, contatou o Ministério Público do Espírito Santo (MPES). Ao ser procurado pela aluna, o Fordan enviou documento para a Reitoria, Comissão Permanente de Direitos Humanos e Pró-Proaeci, conversando com esses dois últimos organismos.
A coordenadora do Fordan, Rosely Pires, afirma que na ocasião foram feitos alguns questionamentos. “O que a Ufes tem de orientação para lidar com o processo de violência? Quando não há enfrentamento imediato, há violência sobreposta. Ela sofre violência na forma inadequada de lidar quando relata o ocorrido e a partir daí sofre mais violência com a estigmatização e passa a se colocar como denunciadora”, diz.
A Proaeci, aponta Rosely, diz ter feito o acolhimento, tendo a estudante ido uma vez e não voltado mais. “Ao que parece, ela busca o acolhimento, não é feito de imediato, a Ufes percebe a dimensão, tenta fazer o acolhimento, mas a estudante entra num processo que ela quer caminhar pelo caminho da denúncia formal que ela mesma está produzindo”, ressalta.
Rosely destaca que este não é o único caso. “Há mais casos que exigem orientação para gestores e professores. Exige formação para que, diante do sofrimento do outro, aquele que está no processo possa ter empatia e saber como encaminhar, resolver ou minimizar o processo”, afirma, destacando que não há culpabilização dos profissionais da universidade, dos professores e gestores. “Diretrizes não existem em praticamente lugar nenhum. E num espaço igual à Ufes, que tem um número grade de profissionais e estudantes, essas diretrizes são fundamentais”, salienta.

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