Primeira audiência do crime na Rua da Lama está marcada para o próximo dia 16

A Justiça começa a ouvir no próximo dia 16 de junho, as testemunhas do crime que assassinou o jovem Breno Rezende de Carvalho, de 25 anos, na Rua da Lama, em Jardim da Penha, Vitória, em março passado. A audiência deve ouvir dez pessoas: cinco indicadas pela acusação e outras cinco pela defesa de Vilson Luiz Ballan, dono do bar Sofá da Hebe. O réu, que confessou o crime e está preso preventivamente desde o dia 18 de março, também deve prestar depoimento na ocasião.
O momento é de apreensão para a família da vítima, destacou o tio de Breno, Max Célio de Carvalho. “A dor continua latente, tem sido difícil. Aquela questão de ainda ficarmos nessa incerteza se a justiça vai ser feita ou não. Mas, pelo menos para mim, nada traz de volta. Essa questão de fazer justiça é mais por uma questão de não deixar nada impune”, afirmou.
O crime aconteceu após uma discussão no bar, onde Breno estava com amigos, quando foi abordado por Vilson, que o acusou de não ter pago uma conta no valor de R$ 16,00. Teria, então, começado uma discussão, já que, de acordo com os presentes, a vítima tinha pago. Posteriormente, Breno foi para a distribuidora Caldeirão, do outro lado da rua, mas Vilson, já armado com uma faca, foi até ele e o assassinou.
O criminoso, que tem passagem pela Polícia por posse de armas e drogas e por desacato, teria fugido do local em um carro branco, no banco do carona, portanto, com outra pessoa dirigindo. O carro usado na fuga foi localizado posteriormente na casa do irmão dele, Adilton Ballan, proprietário do bar Caldeirão e também uma das testemunhas convocadas para a audiência.
Se condenado, a pena para Vilson poderá chegar a 40 anos por homicídio duplamente ou triplamente qualificado, como apontou a investigação da Polícia Civil, já que a motivação do crime foi fútil e não houve direito à defesa por parte da vítima.
A defesa tenta reduzir a gravidade do caso com a alegação de que Vilson estaria em “estado de alteração psíquica e tóxica” e teria sofrido um “surto”. Apesar de temer que essa tese comprometa a responsabilização pelo assassinato, a família de Breno está confiante de que a justiça será feita.
“Temos ciência que a linha de defesa vai ser tentar comprovar que ele é dependente químico, agiu como quem não sabia o que estava fazendo. Inclusive, acho que o delegado comentou que, quando ele se entregou, estava com dois pinos de cocaína vazios no bolso”, contou. “Uma pessoa em surto não tenta se esconder da maneira que ele tentou”, contesta.
Os familiares se sentem confiantes, porém, com a investigação conduzida pela Polícia Civil. Max descreveu o inquérito como “bem minucioso e cuidadoso”, sobretudo por conta da repercussão que o crime teve. Apesar disso, seguem em alerta. “Sabemos que movimentações jurídicas podem acontecer. Esperamos que o processo se encaminhe para que o assassino pegue a pena máxima”, reforçou.

Ele também contou que o desejo da família é que o caso seja analisado por um júri popular. “Esse é o próximo passo. Sabemos que há possibilidade de redução de pena, mas agora o mais importante é que ele seja julgado pelo que fez”, acrescenta. A família estuda, inclusive, contratar um advogado assistente. “Estamos sentindo falta de receber alguns dados sobre o andamento. Queremos entender mais, acompanhar mais de perto”, afirmou.
Breno era conhecido pelo jeito tranquilo, companheiro e carismático, descreve o tio. “Era um menino muito singelo, muito querido. O que gostaríamos é que as pessoas guardassem a lembrança do sorriso sincero que ele tinha e de como cuidava dos amigos”, recorda.
Amigos do jovem chegaram a planejar uma homenagem logo após o crime, mas a família pediu um tempo.
Agora, existe a intenção de retomar essa ideia. “Não sei se vai ser antes ou depois da sentença, mas a intenção é não deixar a memória dele ser esquecida”, completa. Amigos e apoiadores de Breno se organizam para retomar a mobilização nas redes sociais. “Estamos ansiosos para passar por isso. É muito doloroso, mas é preciso”.
O crime causou comoção social e provocou um protesto em frente ao Sofá da Hebe, realizado após a missa de sétimo dia da vítima. O ato teve concentração na Praça do Carone e depois seguiu para o local onde o crime ocorreu. Com cartazes com dizeres como “pena máxima para o assassino”, “que Vilson Luiz Ballan apodreça na cadeia”, os manifestantes também gritavam “justiça para Breno” e “Breno, presente!”, lembrando que ele era “filho, irmão, sobrinho, amigo, primo e namorado”. Durante o trajeto, um sofá rasgado com a placa “Breno vive!” foi levado até o Sofá da Hebe, o qual foi apelidado de “Sofá Assassino”.