A defesa de Ana Maria Cola, filha do deputado federal Camilo Cola (PMDB), ofereceu duas notícias-crime na Receita Federal e Ministério Público Estadual (MPES) sobre eventuais fraudes em transações entre empresas do grupo do peemedebista. Na denúncia, o caixa dois seria abastecido pela sonegação de tributos na reforma de pneus. Essa não é a primeira vez que a disputa familiar pela herança da família Cola acaba chegando à Justiça.
Nos documentos – protocolados entre o final de março e início de abril deste ano –, o advogado Wesley Louzada Barcelos, que patrocina os interesses da filha do congressista, leva ao conhecimento das autoridades as suposta irregularidades que envolveriam as empresas Cola Comercial e Distribuidora Ltda. (Cola Pneus) e a Viação Itapemirim.
As fraudes aconteceriam na operação de reforma de pneus velhos. A borracha seria adquirida pela Cola Pneus de uma empresa sediada no estado do Rio Grande do Sul e com filial no estado da Bahia. De acordo com a notícia-crime, os tributos seriam recolhidos na origem dos produtos, porém, o diferencial do ICMS da borracha no Espírito Santo não seria recolhido.
Nos dois estados, a alíquota do tributo é menor do que a recolhida pela Fazenda capixaba (17%). No Rio Grande do Sul é cobrado 7%, enquanto na Bahia a alíquota é de 10%. “A empresa denunciada simplesmente realiza as reformas e não recolhe os tributos devidos, sendo que tal esquema estaria em funcionamento desde o ano de 2005, gerando assim um caixa dois […], bem como pela venda de carcaças de pneus oriundas da Itapemirim”, assinala um dos trechos do documento.
Ao final da peça, o advogado pede que os fatos sejam apurados pela Receita Federal e Ministério Público. Na peça endereçada à promotoria de Cachoeiro de Itapemirim, o representante de Ana Maria Cola admite que os fatos também prejudicam a herdeira do deputado federal. “Não deseja a noticiante ser conivente ou participar de atos ilícitos e criminosos”, alega.
Essa não é a primeira notícia-crime apresentada pela filha de Camilo Cola contra o pai. Em setembro de 2010, a defesa de Ana Maria Cola denunciou um suposto esquema de remessas de dinheiro ao exterior através de empresas “laranjas”. Um pouco depois, a filha entrou com uma ação judicial para solicitar uma auditoria para apurar o real valor das empresas do grupo.
Na época, a defesa do parlamentar informou que a filha que o testamento de Maria Ignez Cola, ex-esposa falecida do parlamentar, reconhece a divisão igualitária da parcela legítima que caberia a cada um dos filhos. A defesa da Ana Maria também denunciou a suposta participação do irmão, Camilo Cola Filho, nas irregularidades.