terça-feira, junho 17, 2025
17.2 C
Vitória
terça-feira, junho 17, 2025
terça-feira, junho 17, 2025

Leia Também:

Governo recebe investidores e sinaliza apoio à instalação de porto em Presidente Kennedy

Mesmo com as polêmicas em torno da aquisição das áreas previstas no projeto do Porto Central, no município de Presidente Kennedy (litoral sul do Estado), o governo do Estado formalizou a parceria com os investidores holandeses, que devem ser responsáveis pela gestão do terminal. Na manhã desta quarta-feira (20), o governador Renato Casagrande recebeu uma comitiva do Porto de Roterdã, que oficializou o interesse na instalação do porto. Também participaram do encontro, os representantes da TPK Logística, empresa responsável pelo projeto e está no centro do imbróglio jurídico em torno do empreendimento.

Atualmente, as ações judiciais relacionadas à propriedade das áreas do novo porto já chegaram ao Tribunal de Justiça do Estado (TJES). A empresa mineira Predial Itabirana, dona do loteamento Cidade Balneária Solimar – que detém a maior parte da área sinalizada para a instalação do porto -, tenta impedir a divulgação de novas informações sobre o empreendimento até a efetiva conclusão da operação de compra e venda das áreas. O governo do Estado já adiantou que vai promover as desapropriações necessárias para a construção do novo terminal portuário.

De acordo com fontes ligadas à empresa, os advogados da Predial Itabirana vão pedir ao juiz de Presidente Kennedy que reconsidere uma decisão sobre o pedido de antecipação de tutela em ação ordinária movida contra a TPK e o Estado do Espírito Santo. Eles alegam que, na época da primeira decisão, o juiz negou o pedido ao não vislumbrar qualquer tipo de relação entre as áreas da Predial e o projeto do porto, cenário que teria sido alterado com a publicação do decreto de desapropriação das áreas no final de agosto e, agora, com a audiência dos investidores com o governador.

No encontro desta quarta-feira, o investidor holandês Allard Castelein, CEO do Porto de Roterdã, anunciou que será criada, no próximo mês, uma “joint venture” (parceria) entre a empresa holandesa e a TPK – que é ancorada pelo grupo Polimix, do empresário Ronaldo Moreira Vieira. Segundo informações divulgadas pelo governo do Estado, o empreendimento deve demandar investimentos na ordem de R$ 1,5 bilhão na sua primeira fase. A expectativa é de que as obras comecem no segundo semestre de 2014 – no início das discussões, o empreendimento chegou a ser estimado para o próximo ano.

Essa não é a primeira vez que um projeto para o município de Presidente Kennedy é anunciado com pompa no palácio Anchieta. Em 2008, os executivos da mineradora Ferrous Resources se reuniram com o então governador Paulo Hartung (PMDB) para anunciar um projeto siderúrgico e portuário para a região. Na época, um protocolo de intenções chegou a ser assinado.

Coincidentemente, os personagens envolvidos no projeto eram os mesmo que estão atuando no Porto Central, como o diretor-presidente da TPK, José Maria Novaes, que é sócio da ZMM Empreendimentos que atuou junto com pessoas ligadas ao ex-governador na compra e venda de áreas para a Ferrous.

Apesar do projeto da mineradora não ter saído do papel, José Maria e seus parceiros – entre eles, o ex-secretário da Fazenda, José Teófilo de Oliveira, atual sócio de Hartung em um escritório de consultoria – auferiram um lucro extraordinário no espaço de poucos meses. Em 90 dias, foram negociados 379,44 alqueires de terra em Kennedy, totalizando uma movimentação de R$ 121,16 milhões. Os terrenos foram adquiridos pela ZMM e repassados à mineradora por até três mil vezes o valor pago, sendo que o empreendimento recebeu todos os incentivos fiscais do governo estadual como contrapartida.

Existem diferenças claras entre os dois empreendimentos, sobretudo, pelo envolvimento de recursos públicos na compra dos terrenos para o Porto Central. Entretanto, os moradores da região continuam desconfiados sobre a efetiva instalação do terminal portuário. Essa questão foi levantada durante a audiência pública sobre a concessão das licenças ambientais para o empreendimento, realizada na semana passada em Kennedy. Um dos moradores que participou da reunião afirmou que “a Ferrous fez a mesma coisa”, há três anos, quando reunindo os moradores para discutir os impactos do projeto no mesmo espaço, o Ginásio do município. “Mas nada saiu do papel e não sabemos se vai acontecer o mesmo com o porto”, declarou à reportagem, sem querer se identificar.

Além dos questionamentos sobre a implantação do projeto, uma outra preocupação dos moradores da região é com a manutenção da atividade pesqueira no entorno do porto, que deve ser instalado nas proximidades da Praia das Neves. A preocupação é tamanha que uma nova audiência pública deverá ser marcada, desta vez, no município fluminense de São Francisco de Itabapoana. 

Mais Lidas