Segunda, 06 Mai 2024

Comitiva capixaba busca inspiração em modelo prisional de sucesso adotado em MG

Uma comitiva formada pelo presidente do Tribunal de Justiça do Estado (TJES), desembargador Pedro Valls Feu Rosa; pelo presidente da Comissão de Enfrentamento e Combate à Tortura, desembargador Willian Silva; pelo supervisor das Varas de Execuções Penais, desembargador João Paulo Calmon Nogueira da Gama; juiz Marcelo Loureiro, coordenador das Varas de Execuções Penais; pelo secretário de Estado de Justiça, André Albuquerque Garcia; além de representantes dos agentes penitenciários do Estado, visitou a unidade da Associação de Proteção e Assistência aos Condenados (Apac), localizada no município de Itaúna, em Minas Gerais. 

 
O modelo mineiro, implementado há 15 anos, é exemplo em ressocialização de presos dentro e fora do País. Só em Minas Gerais são 35 unidades geridas pela Apac, em uma rede que está prestes a ser ampliada naquele Estado. A taxa de reincidência dos apenados da Apac é de 8,2%, enquanto a do País é de 80%. 
 
 
Pedro Valls produziu artigo, publicado no site do TJES, em que detalha a visita do grupo à unidade de Minas Gerais e faz o desafio para que o modelo – ou algo inspirado nele – seja implantado no Estado. 
 
A Apac tem o objetivo de promover a humanização das prisões. Enquanto no sistema convencional o custo por detento é de quatro a cinco salários mínimos, na Apac o custo cai para 1,5 salários.
 
O modelo adotado pela Apac preza pela ressocialização do apenado e para a profissionalização dele através da realização de trabalhos e capacitação. No método da Apac, o próprio reeducando é responsável pela recuperação e recebe assistência médica, psicológica, espiritual e jurídica. 
 
Os detentos em regime fechado da unidade de Itaúna que não terminaram o ensino médio são obrigados a estudar, além de participar de cursos profissionalizantes. Ao serem beneficiados pelo regime semi-aberto, eles colocam em prática o que aprenderam, seja dentro do sistema ou em empresas parceiras. 
 
Nas unidades que utilizam o método há mais regras de disciplina do que qualquer outro presídio – com horários para trabalho e estudo – mas os próprios detentos ficam em poder das chaves das celas e são eles que escoltam os outros até o Fórum para audiências. 
 
São também eles que preparam a própria alimentação, e fazem as refeições com talheres normais. 
 
Os detentos também executam trabalhos nas unidades da Apac. Eles produzem peças para carros – que são vendidas para montadoras e artigos de vestuário como sandálias e roupas. 
 
Os custos das unidades da Apac também impressionam por serem menores do que uma prisão comum. Enquanto para a construção de um presídio regular com vaga para 320 presos o governo gasta, em média, R$ 32 milhões, uma unidade da Apac com 200 vagas custa R$ 2,2 milhões. 
 
No artigo, o desembargador propõe uma reflexão. “Não seria a hora de pensarmos em soluções locais para nossos problemas? Até aqui temos importado a ideia de prisões imensas, desumanizadas, caríssimas - nosso sonho é ver chegar ao Brasil a primeira ‘Supermax’, símbolo do sistema penitenciário norte-americano”.
 
Pedro Valls continua dizendo que a ideia das prisões “Supermax” não tem dado certo no Brasil, nos Estados Unidos ou na Europa. “Quer se fale em custos ou índices de reincidência, a ideia brasileira [da prisão humanizada] é claramente superior. Há que ser estimulada, refinada e reproduzida pelo Brasil afora – talvez pelo mundo, pois desconheço uma única prisão de qualquer outro país que possa apresentar números tão vistosos após 15 anos de funcionamento”.
 
Os números aos quais o desembargador se refere no artigo são os de evasão, fuga, custo por preso, de construção de unidades e de reincidência. Nos 15 anos de funcionamento do modelo da Apac houve 37.881 saídas sem escolta policial, sendo apenas oito evasões. Em 10 anos não há fuga da unidade de Itaúna – que não tem muro nos fundos do terreno.

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