Terça, 30 Abril 2024

Ação civil pública exige que Vale indenize os índios por uso de terras indígenas em Aracruz

Ação civil pública exige que Vale indenize os índios por uso de terras indígenas em Aracruz

Uma ação civil pública em favor dos direitos dos índios das aldeias de Comboios e Córrego do Ouro, em Linhares (norte do Estado), foi protocolada no Ministério Público Federal (MPF), por meio da Procuradoria de Linhares, nessa terça-feira (25). A ação exige que a Vale pague a indenização às aldeias, referente ao uso das terras indígenas por sua estrada de ferro há 30 anos, no valor de R$ 19 milhões, conforme já foi acordado em uma reunião entre o MPF, a Fundação Nacional do Índio (Funai), em suas instâncias nacional e estadual, a Vale e as lideranças e povo indígena.



O pagamento da indenização deveria ter sido acordado com os índios em uma reunião marcado para o último dia 18 quando, ao invés disso, a Vale cancelou sua participação por um telefonema e enviou, por mensagem SMS, uma contraproposta de R$ 400 mil, valor irrelevante para o desenvolvimento do Plantar, projeto de agricultura tradicional desenvolvido pelos índios. Por conta disso, os índios optaram por fechar, em forma de protesto, a estrada de ferro da Vale que corta as aldeias. Nessa quarta-feira (26), a ocupação completa oito dias. 



Na manhã desta quarta-feira (26), a superintendência regional da Polícia Federal esteve na aldeia e levou aos índios um pedido de vistoria feito pela Vale à instância federal do órgão. A Vale quer realizar uma vistoria na estrada de ferro, já que parte dos trilhos foi desmontada pelos manifestantes. As aldeias enviaram uma contraproposta, autorizando a vistoria desde que os técnicos da Vale estivessem acompanhados da Funai e da Polícia Federal, e que se comprometesse a discutir com os índios o pagamento da indenização, logo após a vistoria.



Além do cancelamento da primeira reunião, a Vale também desmarcou um encontro agendado para esse domingo (23), em contato feito por seus advogados ao procurador da República responsável pelo caso, Almir Sanches. Essa reunião atendia à proposta de diálogo e de desocupação da ferrovia da própria mineradora. Diante de mais uma ação desrespeitosa, os índios, que haviam desocupado a ferrovia, retomaram a ocupação. A decisão é uma resposta dos índios à Vale por protelar a situação e ainda ameaçar usar força policial para retirá-los dos trilhos da ferrovia. Os índios afirmam que têm sido ameaçados, também, com sobrevoo de helicópteros nas terras demarcadas.



A ocupação conta com o apoio dos índios de todas as demais aldeias das terras demarcadas de Aracruz. Os índios reiteram que o protesto é pacífico. 



Sem apoio do poder público e com os impactos gerados por décadas pelos plantios de eucalipto da Aracruz Celulose (Fibria), o desenvolvimento de projetos de agricultura é a única alternativa deixada aos índios para que garantam a subsistência das aldeias.

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